Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Tudo sobre Used – última parte da trilogia by Ju Medina e Geisa Camalionte

E lá se foram 5 meses desde que começamos a escrever para a COLUNA SOBRE BENEFICIAMENTO aqui no PORTAL DO GJ… Como passou rápido! E nesse piscar de olhos, adentramos 2024. Feliz novo ano para todos nós sangues azuis!!! Que possamos estar juntos em mais um ano, compartilhando experiências e conhecimentos!

Bem, encerrando a TRILOGIA SOBRE USED que propomos como último tema para 2023, finalmente, vamos a terceira e última parte.

Relembrando rapidamente:

Na primeira parte falamos sobre o permanganato de potássio e, também sobre o metabissulfito de sódio.

Já na segunda parte, falamos sobre como ele age sobre o índigo.

Agora, finalmente, vamos a terceira e última parte: CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O USED.

Primeiramente, vamos esclarecer uma confusão muito comum que alguns fazem: dizer que o PP (Permanganato de Potássio) é um ÁCIDO, o que NÃO É VERDADE. Quimicamente falando, ELE É UM SAL inorgânico neutro, o que não descaracteriza sua periculosidade. Entretanto, o PP não é perigoso quanto a sua acidez ou basicidade ou alcalinidade. Sendo seu maior perigo, sua poderosa ação oxidativa e sua fácil degradação em outros compostos.

O Permanganato é esse produto enquanto está no estado sólido e, desde esse estado, já promove riscos à saúde do ser humano, principalmente para o fracionador/ pessoa que irá manipulá-lo. Sua inalação é perigosa pelo poder que ele tem de oxidar nosso sistema respiratório. Agressiva para quem tem problemas de pele, considerando sua característica sólida “afiada” pelos seus micros cristais que podem fazer microperfurações na pele. Já no estado líquido, o PP dissocia-se em água em dois íons diferentes: o cátion potássio e o ânion permanganato.

Vale lembrar que o Permanganato de Potássio é composto por Manganês (Mn) que no estado líquido, sem sofrer nenhuma mutação, continua sendo altamente oxidante. E com essa informação, vamos a mais uma observação importante: se a água que ele for dissolvido possuir características diferentes de neutra, por exemplo, ele pode ser tonar outros produtos. Ex: o PP em meio ácido se dissocia e gera o Ácido Permangânico; pode se dissociar apenas em Manganês (que também é perigoso), porém, com baixo índice de desenvolver câncer, por exemplo.

Uma das características mais pertinentes do USED é sua breve sensação asfixiante que acontece quando o Permanganato se dissocia em Manganês. Isso acontece uma vez que ele facilmente sequestra o oxigênio, pelo fato de formar o Manganato. O Manganês sequestrando o Oxigênio presente para formar o Manganato (KMnO4), associando o permanganato ao metabissulfito de sódio no estado sólido, sem contato com a água.

Já em contato com a água, ele se torna Hidrossulfito. Liberando gases a base de Enxofre, como Sulfeto (Sulfito). Esse gás quando inalado e entrando em contato com a umidade da boca ou das narinas SO2 ou SO3 em contato com o H2O (se fizermos quimicamente a ligação) cria-se o Ácido Sulfúrico.

Logo, a sensação de breve asfixia do Metabissulfito é pior que a do PP porque criamos tais gases dentro do nosso próprio organismo. Para isso, EPI’s EFICIENTES para os colaboradores que têm contato com tais produtos, são mais do que imprescindíveis.

Já no tratamento de efluente, o PP quando NÃO NEUTRALIZADO, mantem sua coloração violeta. E quando MAL NEUTRALIZADO, apresenta uma coloração amarronzada que é a característica do Manganês precipitado.

O Permanganato de Potássio se dissocia em Potássio e Permanganato, e essa neutralização incompleta, precipita o Manganato. Em testes de bancada quando se neutraliza pouco a pouco existe um ponto entre o violeta e o marrom.

EM OCASIÕES QUE ELE FICA VERDE, É QUE O PERMANGANATO JÁ SE TRANSFORMOU PELA OXIDAÇÃO OU REDUÇÃO EM APENAS MANGANATO, QUE É UM COMPOSTO TOTALMENTE DIFERENTE.

A grande dificuldade do permanganato são essas mutações que ele pode sofrer facilmente.

PERMANGANATO DE POTÁSSIO  X  E.T.E.

Já na Estação de Tratamento de Efluentes (E.T.E.) em determinado momento, o PP se torna o mocinho da história. Ex: quando o tanque de homogeneização grande que recebe a água com o azul intenso, um banho posterior de PP proveniente de algum processo em que ele foi utilizado ou até mesmo o Metabissulfito, ajuda, consideravelmente, na oxidação do azul do índigo.

Logo, o Permanganato que sobrou do processo de lavanderia, será utilizado na oxidação do índigo resultante de algum outro processo. Existem casos em que a empresa está fazendo o tratamento convencional com coagulante, polímeros etc e que no resultado final ainda sobra uma tonalidade azulada. Já quando recebe no tanque de homogeneização um efluente proveniente de PP, essa tonalidade azul, sem alterar a quantidade de produtos ou dosagem ou pH, some através da oxidação.

Contudo, há projetos onde a água de Permanganato seja separada das demais águas de efluentes, com registros e tubulações específicas, a fim de armazenar esse Permanganato em um reservatório e utilizá-lo no tratamento num momento mais oportuno onde a quantidade de índigo for maior.

Agora, SE A QUANTIDADE DE BANHOS OU DE PROCESSOS QUE ESTÃO SENDO REALIZADOS DENTRO DA LAVANDERIA NA SUA TOTALIDADE OU MAIOR PARTE FOREM PROCESSOS QUE UTILIZAM PP, AÍ É UM PROBLEMA porque ainda que se faça o tratamento com coagulante, floculante, oxidantes, ele deixará um resquício amarelo claro na água. Independente de se utilizar quantidades absurdas de coagulantes, PAC, sulfato, cloreto férrico, tanino, quantidades absurdas do coagulante que for, ainda sim sobrará essa coloração amarelada porque o processo de coagulação não é eletricamente capaz de capturar os íons de Manganês (lembrando que esse amarelado é proveniente do Manganês oxidado).

Para retirar esse “amarelinho” da água utiliza-se o processo de redução, que nada mais é que a aplicação do Metabissulfito de Sódio para retirar apenas a coloração, sem retirar o Manganês, que apesar de incolor, ainda continuará no efluente, porém, reduzido. Como o ferro, quando não está oxidado, suas pequenas partículas existentes na água, por exemplo, são imperceptíveis. Agora, se oxidados, a coloração amarronzada aparece. O mesmo vale para o Manganês quando está reduzido que se torna quase imperceptível. E quando oxidado, amarela.

Para retirar essa tonalidade amarelada, somente filtro de troca iônica, que talvez seja um dos filtros de maior poder de polir uma água. Sendo mais poderoso que um filtro de carvão ativado e carvão de areia porque rapta esses íons, geralmente utilizando resina iônica. O Manganês é captado por essa resina iônica para dentro do retículo cristalino dessa resina. E aí sim, depois disso, o efluente fica cristalino e retira-se o amarelo proveniente do íon de Manganês.

Então, nesse caso, o PP é um vilão! É um problema porque a água é tratada, gastando muitos produtos e mesmo assim, a água dificilmente ficará totalmente transparente, sem o tom amarelado. Logo, duas opções são consideradas: camuflar e esconder esse Manganês com a utilização do próprio Metabissulfito que irá REDUZIR, QUE É O PROCESSO OPOSTO DE OXIDAR. Ou então, utilizar sistemas mais avançados para retirar esse Manganês.

E assim encerramos essa TRILOGIA SOBRE USED que nos dispusemos a fazer.

Um super beijo dessas duas que lhes escrevem, amantes de química e que veem mágica em todos os processos do jeanswear. Principalmente, no beneficiamento!!!

Que tenhamos um 2024 realmente incrível, cheio de superações, com novos objetivos e muita sabedoria para o caminhar nesse ano que se inicia!

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