Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Biopolímeros feitos, por exemplo, a partir de linho oleaginoso, não-tecidos produzidos com materiais reciclados e fibras celulósicas locais e funcionais são alguns dos avanços na área das matérias-primas.

HighPerCell [©DIFT]

Na iTechStyle Summit, Lien Van der Schuren, investigadora do Centexbel, apresentou o projeto HereWear, que tem como objetivo desenhar e produzir vestuário sustentável, assegurando a circularidade dos têxteis, a produção automatizada local a pequena escala e a utilização de materiais de base bio reciclados, incluindo celulose a partir de resíduos como palha de trigo e algas, bioplásticos e revestimentos, tingimentos e estamparia também feitos com recursos de base biológica.

Um dos produtos desenvolvidos foi o Bio-plastisol, uma alternativa ao PVC, que foi um dos premiados dos Techtextil Awards no ano passado.

Anje Ota, do DITF, por seu lado, revelou uma nova tecnologia de biopolímeros que está a ser aplicada a filamentos de celulose. Batizada HighPerCell, será uma tecnologia de fiação alternativa para algodão, viscose e liocel, cujo resultado já foi usado em tecidos e malhas. Entre as vantagens está a biodegradabilidade, com estudos que mostram que a mesma foi superior a 90% após 28 dias.

Pascal Denizart, CEO do CETI – Centre Européen des Textiles Innovants, em França, trouxe números da produção de bioplásticos, que se situam nos 2,2 milhões de toneladas, sendo que a Europa é a segunda maior produtora mundial deste tipo de material.

O CETI resolveu focar-se «num recurso local, linho oleaginoso», por ser fácil de encontrar em França. De acordo com Pascal Denizart, são semeados 30 mil a 35 mil hectares de linho oleaginoso em França, cujas sementes são usadas na alimentação de pessoas e animais. Isso gera 1,2 toneladas de palha por hectare, sendo que apenas 8% desta palha é recolhida. «A inovação que desenvolvemos foi usar química “verde” [com ozono] e fiação húmida para recuperar a molécula de celulose – depois de dissolver o polímero, regeneramos o polímero», explicou o diretor do CETI. «A questão é o custo», ressalvou, nomeadamente da recolha dos resíduos de linho oleaginoso e do pagamento ao agricultor, tornando-a menos competitiva, em termos de preço, que outras fibras e processos. «O objetivo global é que a Europa não dependa da Ásia para ter fibras», sublinhou.

O CETI está ainda a trabalhar na produção de fibras a partir da caseína do leite e da queratina proveniente de resíduos como penas.

Não-tecidos sustentáveis

Virpi Rämö, da Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere, na Finlândia, mostrou o projeto Sustafit, que tem por objetivo obter não-tecidos mais sustentáveis. Desenvolvido em parceria com várias entidades, incluindo a empresa finlandesa Spinnova, o projeto apoia-se num modelo de cocriação e pretende analisar a utilização de fibras sustentáveis e recicladas em artigos de não-tecidos.


Bárbara Rocha Leite [© CITEVE]

Daniela Ferreira, do CeNTI, apresentou o Fiber4Fiber, desenvolvido com a Caima, para a produção de fibras celulósicas artificiais, assim como o Be@t, o projeto no âmbito do PRR que está a desenvolver, entre outras, uma instalação piloto para a produção de fibras de viscose e liocel e a criar fibras funcionais, com estas funcionalidades a serem atribuídas logo na pasta de celulose, podendo dar origem fibras de liocel fosforescentes, fibras com quitosano antimicrobianas e fibras resistentes à chama.

Natalie Wunder, da Kelheim Fibres, descreveu algumas das fibras funcionais para alta performance desenvolvidas pela empresa alemã, enquanto Bárbara Rocha Leite, diretora de inovação na RDD, destacou as várias soluções que a empresa do grupo Valérius tem desenvolvido, tanto na área das fibras recicladas, como nos tingimentos mais ecológicos, como o Colorifix.

Por último, Rida Jbr, da Universitá Poliecnica delle Merche, em Itália, trouxe o tema da reciclagem química para a iTechStyle Summit. «É mais cara, mas tem mais opções e para mais fibras face à reciclagem mecânica», indicou. O projeto inclui a testagem de métodos de seleção, onde os sistemas NIR, isto é, com infravermelhos, «são mais promissores, mas estão ainda em investigação».

https://portugaltextil.com/um-mundo-de-alternativas/

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 19

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço