Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os 60 anos de carreira de Pierre Cardin estão agora em exposição num renovado museu, bem no coração de Paris, com uma mostra que contempla mais de 200 peças saídas do imaginário do criador de moda que, aos 92 anos, continua a ampliar o seu império. 

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Um museu à altura

«Este casaco já percorreu o mundo. Foi quando, de facto, comecei a fazer algum dinheiro», conta Pierre Cardin, parando em frente a uma peça vermelha, uma das primeiras em exposição no seu novo museu em Paris.

Um dos últimos sobreviventes das grandes casas de moda francesas do pós-guerra, Pierre Cardin, com 92 anos, ainda dirige o seu império. «Nessa altura ainda não me tinha tornado no Pierre Cardin. Não tinha encontrado a minha voz», confessa, num tom de reflexão pouco habitual.

O designer vanguardista, conhecido pelas suas formas geométricas, vestidos decorados com motivos circulares e retangulares e capacetes de astronauta, sempre se mostrou mais disposto a olhar para a frente do que para trás.

Mas, na abertura do museu, faz uma exceção. O seu museu Passado-Presente-Futuro, até recentemente num canto obscuro dos subúrbios de Paris, reabriu no Marais, o histórico bairro judaico da capital francesa.

A exposição percorre os 60 anos de carreira de Pierre Cardin através de cerca de 200 peças de vestuário, assim como chapéus, calçado, peças de joalharia e mobiliário.

Filho de pais que chegaram a França em 1924, depois de terem escapado ao regime fascista italiano, Pierre Cardin considera que o museu mostra «o legado de um criador que veio do nada». Tão bem sucedido nos negócios como na moda, Cardin começou a trabalhar como aprendiz aos 14 anos, tendo-se mudado para Paris depois da II Guerra Mundial, onde trabalhou nas casas de moda Paquin e Schiaparelli antes de se juntar a Christian Dior.

Em 1950, não tendo conseguido um emprego na Balenciaga, decidiu criar a sua própria casa de moda. «Tive a sorte de conseguir tudo o que queria sem precisar de um banqueiro … Era um homem livre desde os 20 anos», recorda.

A sua coleção de 1964, “Space Age”, continua a ser um marco na história da moda, com vestidos com recortes, macacões justos em malha, calças em couro justas, capacetes e camisolas com mangas tipo morcego. «Só as linhas contam. Preocupo-me apenas com a simplicidade», escreveu no passado. «Para o estilo se tornar real, a proporção e as linhas são primordiais», aponta agora.

Pierre Cardin, que inaugurou o museu de 1.000 metros quadrados no passado dia 13 de novembro, foi também um dos primeiros a acreditar no pronto-a-vestir. Depois de ter lançado a primeira coleção de pronto-a-vestir em 1959, foi imediatamente expulso da Associação de Alta-Costura de Paris. Mas a nova tendência de uma moda mais acessível constituiu uma força imparável e mais tarde acabou por ser readmitido.

Hoje, apesar de estar na sua nona década, Cardin continua imparável. As suas muitas aquisições de negócio incluem hotéis, fábricas, lojas e restaurantes, incluindo o Maxim de Paris, que se tornou numa cadeia internacional com filiais em todo o mundo.

Em 2011, colocou a sua marca de moda – que conta com cerca de 300 contratos de licença – à venda, afirmando pretender mil milhões de euros. Os seus projetos imobiliários foram, por vezes, controversos. As tentativas de construir um campo de golfe num terreno que possui no sul de França foram postas de lado devido a protestos locais.

E, em 2013, teve de abandonar os planos para erigir uma torre futurista de mil milhões de euros na lagoa de Veneza por causa de advertências de que iria destruir o panorama da cidade. «Sempre tive ideias bizarras que surpreendem, mas é isso que faz a minha personalidade», advoga.

Mesmo agora, Cardin continua a desenhar para a passerelle de vez em quando. «É a juventude que faz a moda, não os velhos. Eu sou agora um dos velhos – mas mantive-me jovem», afirma.

No entanto, não menciona nenhum dos designers da geração mais nova como herdeiro, e parece lamentar o que entende como perda de individualidade. «O design de moda é tão diverso. Não tem identidades claras como antes com Balenciaga, Chanel, Cardin, Courrèges. O design tem a ver com ser reconhecido sem uma marca. Apenas a elegância não é suficiente», defende.

Ocupado com o seu próprio império, Cardin diz-se feliz por continuar em grande parte desligado do resto do mundo da moda. «Não vejo os outros designers. Tenho tanto para fazer, em termos pessoais», sustenta. «Não tenho de os julgar… eles têm o seu trabalho e eu tenho o meu», resume.
 

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   Ocupado com o seu próprio império, Cardin diz-se feliz por continuar em grande parte desligado do resto do mundo da moda. «Não vejo os outros designers.

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