Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Vítima de falsa agência de modelos relata crime que sofreu: 'Mexem com a vaidade de mulheres maduras. Foi como um sequestro de almas'

A escritora Cláudia Canto foi uma das centenas de vítimas de uma quadrilha suspeita por atrair mulheres entre 40 e 80 anos para aplicar golpes de até R$ 2 mil, prometendo campanhas em grandes marcas e carreiras de modelo. Integrantes do grupo foram presos no Rio de Janeiro nesta semana. A Marie Claire, Cláudia narra como foi atraída, as consequências em sua vida e o porquê de ter caído no golpe: ‘Vi oportunidade de mostrar minha história’.

A escritora Cláudia Canto foi vítima de golpe de falsos agenciadores de modelos, que diziam que ela faria uma campanha para a Avon — Foto: Reprodução/Acervo pessoal

A escritora Cláudia Canto foi vítima de golpe de falsos agenciadores de modelos, que diziam que ela faria uma campanha para a Avon — Foto: Reprodução/Acervo pessoal

“Precisamos de mulheres fortes, independentes e com histórias de vida interessantes.” Esses são os pré-requisitos descritos em um anúncio de Facebook que a escritora e palestrante Cláudia Canto lê para estrelar como modelo em uma campanha da Avon, que supostamente exaltaria a beleza e a naturalidade da pele de mulheres maduras.

No entanto, a possibilidade logo virou um longo pesadelo: tudo fazia parte de um golpe aplicado pela suposta agência de gerenciamento de modelos, atrizes e influenciadores Universo Pixel, situada na cidade de São Paulo.

Cláudia é uma de centenas de mulheres que também foram vítimas de uma possível quadrilha de agenciadores de modelos que cobravam de R$ 1.500 a R$ 2 mil por ensaios fotográficos. A empresa dizia trabalhar com grandes marcas do segmento de moda e beleza – além da Avon, são citadas Marisa, Natura, Boca Rosa Beauty e Calvin Klein, por exemplo.

Sob o pretexto de trabalhar "com diversidade de mulheres maduras", a agência mira em vítimas com idades entre 40 e 80 anos.

"A maioria das mulheres que estavam comigo na Pixel estavam se divorciando ou o marido arrumou uma menininha mais nova. São histórias de baixa autoestima. Elas queriam estar bonitas para elas mesmas", conta Cláudia, que tem 47 anos. “Eles estão mexendo com a parte mais sensível de uma mulher depois dos 40, que é a vaidade”.

A entrevista foi concedida na última quarta-feira (17), mesma data em que a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu quatro integrantes que estavam reunidos no Leblon. Cerca de 100 fichas foram apreendidas no momento da prisão. Entre os presos está Jaqueline Ribeiro da Silva, que Cláudia confirma ser a mulher que a enganou ao longo do processo.

No primeiro dos dois ensaios fotográficos que chegou a fazer, Cláudia lembra de ter questionado Jaqueline sobre a veracidade da campanha. “Olhei bem no olho dela e disse: ‘Você sabe da minha luta e caminhada. Todas as mulheres que estão aqui vão participar mesmo?’. Ela olhou nos meus olhos e respondeu: ‘Sim, Cláudia, todas vão’”.

A divulgação dos “recrutamentos” é feita pelo Facebook e Instagram, por meio de propagação massiva de anúncios pagos. Além de se valer de empresas do ramo de beleza e moda, também usa de forma criminosa imagens de mulheres famosas para se promover e gerar confiança.

Em um dos prints recebidos pela reportagem, a empresa usa uma imagem da empresária e influente consultora de moda Costanza Pascolato em um ensaio de fotos. Parte da legenda diz: “Esqueça agências de modelos e book! Venha para a produtora que ganha com você, e não de você”.



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