A indústria da moda movimenta quase R$ 200 bilhões no Brasil, mas pode crescer ainda mais com investimentos em supply chain (cadeia de abastecimento) e serviços.
Essa é a visão da Diagma, consultoria de origem francesa com operações locais, que está trazendo sua expertise nessa área para o Brasil. “O abastecimento da moda segue modelos próprios e específicos. Porém, mesmo com a chamada tendência do fast fashion, é possível se diferenciar com logística nesse setor”, diz Aurélien Jacomy, diretor da Diagma no país.
Aurélien explica que a principal vantagem da supply chain na moda foi permitir que as lojas se reabastecessem durante a coleção (primavera/verão ou outono/inverno), quando essa possibilidade ainda era limitada pelo fluxo tradicional de vendas, ditado muito mais pelo ritmo de produção do que pelo ritmo das vendas. “Investir em supply chain é a melhor aposta pra as redes de moda que desejam disponibilizar para o consumidor o produto que ele quer, ao longo de toda a coleção”, explica Aurélien.
A chegada do fast fashion, que se baseia em produtos com curto período de comercialização, impediu a generalização da mudança na gestão da cadeia de abastecimento, alerta o diretor da Diagma. “No modelo do fast fashion, a cadeia de abastecimento oferece ao consumidor uma única chance de comprar o produto. Ao ir até a loja, ele sempre encontrará novidades, mas não terá a certeza de encontrar o produto que ele desejava”, alerta Aurélien. É possível combinar fast fashion e qualidade de serviço.
O consultor enumera algumas medidas de supply chain que podem ser adotadas pelas redes de moda para melhorar o serviço ao lojista e, consequentemente, ao consumidor. “Mesmo no modelo fast fashion, a criação de um estoque otimiza a cadeia de abastecimento”, defende Aurélien, lembrando que algumas redes brasileiras, como Marisa e Riachuelo, começaram recentemente essa transformação.
“Nossa sugestão é que as empresas de moda pensem na criação de uma política de abastecimento a partir de um estoque, para parte de sua linha de produto, com uma logística de entrega mais ágil. É necessário, porém, criar esse estoque com cuidado, e refletir sobre os processos que serão impactados pela mudança, que passam pelo fulfillment e picking no centro de distribuição, e podem afetar inclusive franqueados”, completa o diretor da Diagma.
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