Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Varejo on-line usa espiões contra a venda de produtos falsificados

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No começo deste ano, uma usuária do Facebook chamada Mary se deparou com um anúncio no site que parecia ser bom demais para ser verdade: um conjunto de DVDs de ginástica por um terço do preço normalmente cobrado nas lojas.

Mary encomendou os DVDs, mas logo descobriu que o nome da marca estava escrito errado e que a embalagem era diferente da do produto original. Os vídeos eram falsos — Mary também era.

O uso de pessoas falsas como Mary está se tornando uma arma cada vez mais usada por investigadores contratados pelas empresas donas de grifes e por agências governamentais, que consideram a prática essencial para a próxima batalha na guerra contra as falsificações: as redes sociais. Esses personagens permitem que os investigadores façam compras sem levantar suspeitas.

As falsificações, há tempos um tema espinhoso para os sites de compras on-line, tornaram-se agora um desafio grande para plataformas como Facebook, Instagram e o chinês WeChat, e um problema menor, mas também crescente, para sites como o Twitter, segundo mais de dez executivos de marcas e investigadores. Há poucos dados disponíveis, mas o problema já chamou a atenção de governos. Na Grã-Bretanha, as autoridades lançaram em 2015 sua primeira operação nacional com foco na venda de produtos falsificados em redes sociais, depois que esses sites ultrapassaram as plataformas de comércio eletrônico como o maior alvo de reclamações por causa de compras de produtos falsos on-line.

“Eu chamo isso de Caixa de Pandora”, diz Thomas Parrott, vice-presidente na Grã-Bretanha da empresa americana de produtos esportivos Beachbody, que contratou a firma que criou o perfil de Mary. “Você não quer abri-la porque tem um pouco de medo do que vai encontrar.”

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O Facebook Inc. informou que a rede social e seu site de compartilhamento de fotos, o Instagram, trabalham constantemente para ajudar a detectar e remover anúncios de produtos falsificados. Publicar itens falsos é contra as regras do Facebook, da mesma forma que criar perfis falsos, e infratores podem ter suas contas fechadas, segundo o Facebook.

O Twitter Inc. não quis comentar, mas salientou a política da empresa, que proíbe a venda de produtos falsificados. Em janeiro, a firma chinesa Tencent Holdings Ltd., criadora do aplicativo de mensagens WeChat, informou que já tinha recebido 17 mil denúncias de produtos supostamente falsos e que havia removido 7 mil contas do WeChat desde que lançou um sistema on-line de reclamações em meados de 2015. A Tencent não quis fazer comentários adicionais.

No mundo todo, as vendas de produtos falsos chegam a um valor entre US$ 250 bilhões e US$ 600 bilhões ao ano, com produtos falsificados principalmente na China vendidos em lojas tradicionais e plataformas on-line das Filipinas aos Estados Unidos, de acordo com o governo americano e associações comerciais.

Mais da metade desses fabricantes de produtos falsos agora usa redes sociais para vender, em comparação com cerca de 10% três anos atrás, estima o consultor Ken Gamble, que monitora falsificações para grifes globais. Ele diz que agora as marcas também querem fiscalizar a oferta de produtos falsos nas redes sociais.

A Ugg, fabricante de botas feitas com couro de carneiro, criou no ano passado páginas no Facebook e no Twitter para alertar consumidores sobre o problema crescente da falsificação. “Você ouve histórias sobre como eles estão sendo enganados e perdendo dinheiro”, diz Graham Thatcher, que trabalha na divisão de proteção à marca da Deckers Outdoor Corp., dona da Ugg.

Certa vez, uma consumidora ligou para a sede da Ugg em Goleta, na Califórnia, para reclamar que sua neta havia comprado botas da marca no Facebook e recebeu pelo correio um par com um mau cheiro de químicos, diz Thatcher. A Ugg denunciou a página suspeita e o Facebook a tirou do ar.

Mas marcas globais afirmam que remover ofertas de produtos falsificados das redes sociais pode ser um processo enfadonho e que as falsificações reaparecem em outras partes dos sites.

Uma porta-voz do Facebook disse que a empresa simplificou o processo para receber denúncias de falsificações no ano passado e que passou a remover a maior parte do conteúdo infrator dentro de 24 horas.

As marcas estão tendo dificuldades para medir um problema que pode ser mascarado em salas de bate-papo e fóruns exclusivos que não são acessíveis para o público em geral. Os sites de redes sociais estão ficando populares entre os vendedores de produtos falsos porque têm menos exigências de registro e seus preços de anúncios são mais baixos, segundo investigadores das marcas.

“É difícil, mas à medida que aprendemos a entender como isso funciona, podemos desenvolver uma estratégia muito mais eficaz”, diz John Clark, diretor de segurança da farmacêutica Pfizer Inc., cujo remédio de impotência, o Viagra, é grande vítima de falsificação. Clark diz que ele hoje dedica até 10% dos recursos de seu departamento para monitorar redes sociais e outros sites. Há três anos, esse percentual era zero.

No total, as vendas de produtos em sites de redes sociais somam bem menos que US$ 1 bilhão ao ano. E é por isso que as falsificações não terão um impacto significativo nas plataformas, diz Michael Pachter, diretor da firma de segurança Wedbush Securities.

Um estudo de anúncios no Facebook feito pela pesquisadora de segurança independente Andrea Stroppa em 2014 revelou que cerca de 25% de 180 anúncios de produtos de luxo ou de moda possivelmente eram de produtos falsificados porque eles não direcionavam o comprador para os sites das marcas, mas sim para empresas na China e Rússia.

O Facebook e o Instagram afirmam que levam “muito a sério” os direitos de propriedade intelectual de marcas e que procuram constantemente reforçar suas medidas contra falsificações.

Fonte: The Wall Street Journal

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