Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Vendas do comércio do Rio chegam ao pior nível desde 2007

Andréia organiza a seção de promoções, que fica na entrada da loja para alavancar as vendas Foto: Roberto Moreyra / Extra

O comércio do Rio vive o pior momento desde 2007. É o que mostram os números do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), endossados por especialistas do setor. Apenas nos quatro primeiros meses deste ano, as vendas do varejo carioca caíram 8,2%, na comparação com igual período de 2015. Somente no mês passado, o tombo foi de 17,5%, em relação a março.

Há mais de 40 anos no comércio, Leonardo Francisco Barbosa, de 72 anos, sente a crise que entrou pela porta de sua ótica, no Centro do Rio, e que insiste em ficar. Segundo a pesquisa do CDLRio, as óticas foram o setor que mais sofreu queda de vendas no mês passado: recuo de 13,3%, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

— O país está numa recessão muito grande. As pessoas estão pesquisando muito, procurando condições (melhores) de compra. Mesmo as grandes redes estão reclamando. A dificuldade é geral — avaliou Barbosa.

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Leonardo, dono de ótica: há 42 anos no comércio, nunca passou por crise pior que a de agora Foto: Roberto Moreyra / Extra

Leonardo, dono de ótica: há 42 anos no comércio, nunca passou por crise pior que a de agora Foto: Roberto Moreyra / Extra

E ele tem razão. As vendas fracas não são uma exclusividade desse tipo de negócio. O ranking dos que têm visto o faturamento desabar inclui lojas de calçados, roupas e eletrodomésticos, entre outros segmentos (confira abaixo).

Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio, classifica como “gravíssima” a situação do comércio carioca:

— Apesar do novo governo, o empresário continua com medo de investir, e o consumidor com receio de comprar. A pessoa quer trocar sua geladeira, mas não a troca porque não sabe se amanhã estará desempregada.

Aldo destaca que, em quase todos os ramos, há lojas sendo fechadas na capital, principalmente no Centro, onde, além da crise econômica, as obras nas ruas e as intervenções no trânsito reduziram o fluxo de consumidores.

— Quem também está sentindo muito (os efeitos da crise) é o comércio de roupas, principalmente os lojistas que vendem produtos mais caros. As mulheres deixam de comprar nas grifes e compram nas lojas mais baratas.

O fechamento de estabelecimentos comerciais no Rio é parte de um cenário observado em todo o país. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ano passado foi o primeiro, em dez anos, em que mais lojas foram fechadas do que abertas. O saldo negativo foi de 95.400 estabelecimentos.

Efeito cíclico causado pelo desemprego

Para Fábio Bentes, economista da CNC, há vários motivos que explicam a situação delicada do comércio, não somente no Rio, mas em todo o país. Porém, o desemprego é o pior inimigo do varejo:

— O consumo, no Brasil, depende quase exclusivamente da renda do mercado de trabalho. Se hoje a renda está perdendo para a inflação, e muitas famílias estão perdendo seus empregos, ou seja, não estão tendo renda alguma, isso afeta diretamente o comércio varejista.

O especialista chama a atenção para o círculo vicioso que permanece durante a crise: os consumidores que perdem seus postos de trabalho deixam de comprar nas lojas, que, por sua vez, devido à queda nas vendas, são obrigadas a demitir funcionários, aumentando a fatia de desempregados no mercado.

— Nos últimos 12 meses, até março deste ano, o varejo eliminou 224 mil empregos. Não há registro na série histórica do Ministério do Trabalho, desde 2004, de um fechamento tão forte de postos no setor. E a previsão para o ano é que esse número chegue a 260 mil vagas — disse.

Para minimizar os impactos da crise, os comerciantes podem adotar algumas medidas, sugeridas por especialistas do ramo. Confira abaixo.

Christian Travassos – Gerente de Economia do Sistema Fecomércio-RJ:

“Eu vejo oportunidades também na crise. Uma crise que parte de uma base forte, que foi o pleno emprego. Por mais que a gente tenha tido queda, a gente partiu de uma base inédita. Então, ainda existe um potencial de consumo a ser explorado. Os consumidores estão cada vez mais nas redes sociais, cada vez mais usando as novas tecnologias para consumir. No momento que aumenta o desemprego, aumenta a possibilidade do varejo melhorar seu quadro de funcionários, fazer uma seleção mais aprimorada e apostar no treinamento daqueles que ficam e, eventualmente, fazer uma substituição no seu quadro de funcionários, em função de uma mão de obra mais qualificada à procura de requalificação. Oportunidade de corte de custos aos quais antes o varejo nãoe estava tão atento. Se você precisa economizar na sua operação, essa é a hora de rever sistemas de iluminação, de refrigeração, da operação do comércio. Treinar melhor os funcionários, rever procedimentos, aprimorar gestão, usar as redes sociais para divulgar o seu produto. São estratégias de custo relativamente baixo”.

Marco Quintarelli – Consultor de varejo e diretor do Grupo Azo:

“Para os varejistas, o grande mote, agora, é tentar trabalhar com redução de margem (de lucro), para poder gerar estoque. Porque não há muitas opções. É tentar fazer promoção casada, de comprar um produto e levar outro, por exemplo. O consumidor deixa de comprar parcelado porque não sabe como estará sua situação. Então, o varejista está negociando mais produtos à vista, para poder pegar o dinheiro de imediato”

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Fonte: Extra

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