Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A morte da moda já está anunciada. Pelo menos a moda do jeito que conhecíamos.

Guia Slow Living | Um | Por Silvia Vasconcellos

Ao longo da sua existência ela fez muita gente sonhar, se mostrar, se encontrar, viajar no tempo e no espaço. Mas no meio de tantas maravilhas, uma coisa muito importante se perdeu… Não parece que hoje o jeito que criamos, produzimos, comunicamos e vendemos roupas, faz cada vez menos sentido? É que para muitos, a moda virou “apenas roupas” (que talvez as pessoas nem estejam mais precisando) e assim ela perdeu o seu propósito – aquele que transcende a sua utilidade: o de servir e apoiar a vida.

A negligência com esse propósito resultou no aumento de deslizes éticos do setor, na queda da reputação e faturamento de muitas marcas e até mesmo da indústria, que passou de muito admirada para algo banal, fútil e (às vezes) quase traiçoeira. Infelizmente, o que a maioria de nós temos praticado no mundo moderno não é a favor da vida. Estamos devastando os recursos limitados da natureza. Estamos prejudicando a vida de muita gente. Vivendo e trabalhando como se fôssemos máquinas. Como se o mundo fosse uma grande máquina.

A sociedade industrial fez das pessoas seres de produção e consumo. Ela nos isolou do mundo natural, nos fez perder a conexão com outros seres e nos fez perder a noção de que somos parte de um todo. Perder a noção de que somos parte da natureza, e de que nós (e a moda) é que devemos estar a serviço dela, e não o contrário – como temos visto tanto por aí. É por isso que estamos sofrendo (nós e o mundo).

Nosso sistema socioeconômico funciona de forma negativa para o desenvolvimento humano. A “conta” da indústria da moda raramente fecha (não à toa, a existência de tantas marcas informais que não pagam profissionais e fornecedores de forma justa e ética e que sonegam impostos). Mesmo assim, seguimos sem querer olhar para a causa de tudo. Seguimos fazendo e refazendo, como se nada estivesse acontecendo. Com raras exceções.

Apesar de tudo, esse parece ser um bom momento para dar de volta vida à moda! O mundo baseado no eu, na competição e no capitalismo selvagem, está em choque com um outro mundo, onde a colaboração e a empatia pedem passagem. Novos verbos começam a desenhar uma nova economia, a favor da transformação. Estamos bem no meio de uma mudança de Eras, que desperta (e demanda) o desejo por mudanças profundas. De novas perguntas.

Para dar novamente vida à moda, vamos precisar resgatar a sua (nossa) essência de servir à vida das pessoas. Servir aos seus sonhos. Servir à construção e expressão da sua identidade. Servir à busca, ao autoconhecimento. O serviço autêntico baseia-se na genuína empatia sobre as necessidades do outro. Leva ao desenvolvimento e ao crescimento e expressão do amor, cuidado e compaixão. Isso falta muito em tudo o que fazemos (enquanto estamos ocupados demais pensando em planilhas, faturamento, lucro… esquecemos muitas vezes o “porque” estamos fazendo).

Esse resgate começa em quem faz a moda. Quando vivemos e trabalhamos com propósito, temos a capacidade de afetar positivamente a sociedade e o sistema à nossa volta. Como pessoas, profissionais e marcas, precisaremos rever os nossos padrões de ser e formas de fazer, considerando cada vez mais o nosso momento planetário atual, as oportunidades de transformação social e cultural que podemos promover. Questionando “o quê” estamos fazendo, “porquê”e “como” o que fazemos pode apoiar toda vida que existe além da moda.

 Por André Carvalhal

– Foto do topo: Guia Slow Living Um por Silvia Vasconcellos

http://reviewslowliving.com.br/2016/07/20/vida-alem-da-moda/

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    Perder a noção de que somos parte da natureza, e de que nós (e a moda) é que devemos estar a serviço dela, e não o contrário – como temos visto tanto por aí. É por isso que estamos sofrendo (nós e o mundo).

Porem também a grande barreira também é a do preço, produtos recicláveis(sustentáveis) são de um preço bem mai elevado do que um poluente, acredito que o maior incentivo para que os recursos reaproveitáveis sejam mais utilizados é uma redução monetária dos mesmo e de preferencia que sejam de valor abaixo dos poluentes e agressores ao meio ambiente.

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