Com público formado por profissionais que atuam na cultura do algodão no cerrado brasileiro, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, realizou nesta quarta e quinta-feira (24 e 25) o VIII Encontro Técnico Algodão, com o tema “A escolha é sua!”, ressaltando que para fazer as melhores escolhas não se pode contar apenas com a sorte. O evento aconteceu no recém-inaugurado Malai Manso Resort, em Chapada dos Guimarães (MT), e reuniu produtores, agrônomos, consultores e pesquisadores para a difusão de conhecimento sobre a cultura, com o objetivo de aprimorar o planejamento da próxima safra, rever erros e acertos e debater experiências e dados de pesquisa da instituição e parceiros.
Em oito edições de Encontro Técnico Algodão, a Fundação MT segue sendo referência na divulgação da pesquisa desenvolvida no campo, pois entende que as necessidades se modificam a cada safra e é preciso levar o conhecimento aos produtores e aos profissionais do setor que, por sua vez, podem se preparar para enfrentar as situações distintas que a agricultura e seus aspectos trazem. “O conhecimento gerado pela Fundação MT deve continuar chegando aos produtores, quanto mais informação for levada, mais condições teremos para usar tecnologias e tudo que está disponível para aumentar a produtividade e, assim, elevar a competitividade do agronegócio brasileiro”, destacou durante o evento Odílio Balbinotti Filho, presidente do Conselho Curador da Fundação MT.
Além da parte técnica, Odílio colocou que para avançar com o agronegócio do País é necessário olhar para a importância do momento político atual, e lembrou que o setor tem agora a oportunidade para organizar e desburocratizar o que precisa na agricultura. O tema também fez parte do Encontro Técnico, com a presença de Sérgio De Marco, assessor especial do Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. Na palestra “Propostas do MAPA para o futuro da agricultura”, ele relatou as últimas medidas anunciadas através do Plano Agro Mais para a modernização e redução da burocracia que interfere na execução de todo os serviços relacionados ao meio agrícola.
O uso consciente das tecnologias Bt no sistema de produção e os nematoides no algodoeiro foram alguns dos temas técnicos da programação, com informações das pesquisadoras da Fundação MT, a entomologista Lucia Vivan e a nematologista Rosangela Silva. Após as palestras, o público acompanhou a apresentação de resultados do Projeto de Controle do Bicudo e Formação dos Grupos Técnicos do Algodão (GTA) em Mato Grosso, com os parceiros do IMA e do IAPAR, o entomologista Eduardo Barros e o consultor Walter Jorge dos Santos, um dos grandes especialistas na praga que é considerada a mais importante da cotonicultura nacional. Em seguida, os especialistas formaram um grande debate com a participação do público, onde pragas como a Spodoptera frugiperda, áreas de refúgio, suscetibilidade de insetos, manejo de resistência, nematoide Meloidogyne incognita, entre outros, foram alvo de discussões.
Em dois períodos de evento com dezenas de palestras e debates entre grandes especialistas e profissionais, muitos foram os momentos importantes para quem trabalha com a cultura do algodão. O produtor Alexandre Schenkel, que cultiva soja, milho, feijão e, desde 2004, o algodão safrinha, em Campo Verde (MT), é um dos produtores que sempre participa das edições do Encontro Técnico. Ele pontua que o evento traz detalhes imprescindíveis que ajudam nas decisões da próxima safra e enfatiza que a cotonicultura não é tarefa fácil. “Já pensamos até em desistir do algodão, enfrentamos problemas no último ano com a questão climática, mas alguns fatores nos fizeram continuar, como o surgimento de materiais mais precoces na soja, e sabemos que o conhecimento é sempre importante”, disse.
O gerente de produção agrícola Paulo Simon compartilha da mesma opinião. Para o profissional, que atua na região médio-norte de Mato Grosso com soja, milho e algodão segunda safra, o aprendizado acontece em todas as participações. “A cada ano que participamos aprendemos coisas novas, podemos melhorar e incrementar a produtividade. E o algodão é uma cultura que nos mostra os erros, então conhecimento é fundamental para acertar mais”, destaca. Paulo ainda reforça que o encontro com muitos profissionais e a troca de informações são uma oportunidade à parte.
Mancha de Ramulária no algodoeiro, com recomendações de manejo; posicionamento de cultivares de algodão e melhoramento genético; dados de trabalhos da Fundação MT em agricultura de precisão e sua aplicação na cotonicultura também foram assuntos apresentados e debatidos no Encontro Técnico. O último momento da programação se deu em torno dos impactos das novas tecnologias no algodão (B3RF, GLTP, WS3 e Enlist) e contou com relatos de produtores e especialistas da área sobre o uso dos novos transgênicos. A preocupação com a destruição da soqueira do algodão e a preservação da eficiência das tecnologias Bt foram debates que ganharam destaque na abordagem deste tema.
O diretor presidente da Fundação MT, Francisco Soares Neto, fez o fechamento da programação e ressaltou que a cotonicultura continuará com suas complexidades, o que foi amplamente confirmado nos assuntos discutidos no evento. “A facilidade não será um ponto contínuo, temos que ficar atentos, no campo, no dia a dia, trazendo e buscando informação, pensando na cultura do algodão. Mas sabemos que podemos contar com vocês para continuar dando sustentabilidade e longevidade para essa cultura tão importante”, finalizou.
O VIII Encontro Técnico Algodão teve o apoio da Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e patrocínio da Arysta, Basf, Bayer, Monsanto, CCAB, Dow AgroSciences, Du Pont, Kleffmann Group, Oxiquímica, Syngenta, TMG, UPL, Vale Fertilizantes e Yara.