Zoom Tube, ou o Novo Mundo à Base de Fibras!

[Textile Industry]

Fibrenamics na Universidade do Minho – Ficção ou Realidade?

«Os temas apresentados levaram-nos a um mundo quase de fantasia»

Tive o privilégio de ter sido convidado para moderador do primeiro ‘workshop’ Fibrenamics. O evento pretende dar a conhecer o novo mundo dos materiais à base de fibras. O encontro, dedicado à medicina, foi o primeiro de um ciclo de seis a ter lugar na Universidade do Minho e realizou-se a 7 de Março no polo de Azurém, em Guimarães.

Até aqui tudo normal… na aparência. Só que os temas apresentados levaram-nos a um mundo quase de fantasia, um nanomundo de fibras e de processos de fabrico das mesmas à escala nano.

O primeiro tema apresentado por Luís Alexandre Rocha, licenciado em Engenharia Eletrónica e doutorado em microssistemas em Delft, na Holanda, incidiu num estudo sobre sensores à escala nanotecnológica a implantar em próteses endovasculares para a cirurgia dos aneurismas da aorta. Estes fornecem monitorização à distância e dão informação relevante para saber o estado da prótese e pressões das áreas circundantes ao aneurisma, alertas sobre complicações.

Aqui está uma investigação com impacto futuro na vida das pessoas, podendo mesmo fazer a diferença entre “a vida e a morte”.

António Lúcio Baptista

Director da Iberia Advanced Health Care

Colunista do Ciência Hoje

O segundo trabalho, da autoria de João Paulo Borges, da Universidade Nova de Lisboa, leva-nos para um mundo de biobaterias à escala nano. O João Paulo é professor de engenharia e ciências dos materiais. É doutorado em materiais macromoleculares, co-autor de cinco patentes nacionais e duas internacionais.

O seu trabalho sobre as biobaterias a partir de membranas obtidas por electrofiação deixa-nos entusiasmados. Pensar que o nosso próprio organismo pode desenvolver a energia para alimentar dispositivos implantados é um desafio à escala da ficção.

Para prosseguir, nada melhor que o Zoom Tube, um momento musical excelente, a combinação perfeita entre a arte e a ciência, o novo paradigma para o cérebro. É sabido que o “processo artístico apela a um amplo leque de capacidades” (Kniazzeh). Parabéns à aluna Patrícia Pires, da Academia de Música Valentim Moreira de Sá.

E o ligamento cruzado de André Vieira? Quanto valerá no futuro se for necessário para um qualquer Cristiano Ronaldo ou Messi? Quanto vale reparar um joelho de um desportista de topo? Para mim, como médico, o mesmo que o de qualquer cidadão independente da classe social, credo, raça ou género, pois o mais humilde merece ter a mesma qualidade de vida. Mas para a indústria será diferente.

André Vieira é docente da FEUP em Biomecâmica do corpo humano. É mestrado e doutorado em Engenharia Biomédica e os seus trabalhos em ligamentos artificiais biodegradáveis são aliciantes. Um emaranhado e entrançado que pode aos poucos ser substituído por materiais biológicos do próprio organismo.

Zoom Tube, um momento musical excelente, a combinação perfeita entre a arte e a ciência, o novo paradigma para o cérebro

E, por fim, o Inovein apresentado pelo Prof. Gaspar Sousa Coutinho da FEUP e administrador da Barcelcom, uma empresa têxtil tradicional a dar o salto tecnológico para a empresa do futuro. Um projecto QREN bem sucedido.

Trata-se de meias elásticas para doentes venosos, com uma diferença - Inovein são meias inteligentes, com nanotecnologia incorporada, capazes de libertar medicamentos venotrópicos durante o dia e serem recarregadas à noite. Uma nova patente portuguesa da Barcelcom desenvolvida com o CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes e a Iberia Advanced Health Care. Com muito gosto estive na génese desta invenção.

Não é vergonha falar do que fazemos ou idealizamos. Pelo contrário, está no nosso sangue. O nosso cérebro fica nanoimpregnado com as novas ideias ou ideias inovadoras. Cria ansiedade permanente, “que representa um dos mecanismos de adaptação às circunstâncias de stress e se revela útil para a aprendizagem do ser humano” (Eibsfelt,1971).

Atenção Europeus! Está aí a chegar o oitavo quadro comunitário - o “Horizonte 2020”.

Aproveitemos este programa de financiamento à Ciência e Inovação da melhor forma e felicitemos a Maria da Graça Carvalho, a deputada portuguesa e líder da ITRE (Comissão de Industria, Investigação e Energia) pelo excelente trabalho neste domínio, reduzindo a burocracia e simplificando os procedimentos.

Parabéns Fibrenamics, parabéns Prof. Raul Fangueiro e toda a equipa da Universidade do Minho.