Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

QUAL A INFLUENCIA QUE OS SEGUINTES TÓPICOS, TEEM NA APARENCIA E QUALIDADE DOS TECIDOS COM LIGAMENTO SARJA?
1- FIOS COM TORCAO "Z" OU "S"
2 - DIAGONAL ESQUERDA OU DIREITA
3 - ANGULO DE CRUZAMENTO DA CALA.

FICA AÍ A SUGESTAO PARA QUE QUISER CONTRIBUIR COM A DISCUSSAO.
ABRACOS,
Erivaldo

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Respostas a este tópico

Erivaldo.
Localizei em meus antigos escritos este texto escrito há 19 anos. Apresentei-o em palestra no Congresso de 1980 em Fortaleza. Aliás, se não me engano, você estava presente nela. Lembro-me do Miraton.

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Efeitos produzidos pela torção

A torção pode produzir inúmeros efeitos tanto no fio, quanto no tecido. Fios mais ou menos “duros”, ou mais ou menos volumosos, são obtidos pela simples modificação nos graus de torção. Um dos efeitos da torção que tem influência no tecido é o do aspecto e, dentro desse item, a direção da torção, é a que mais influencia.

A direção de torção produz efeito na aparência dos fios e tecidos. Os fios singelos são produzidos usualmente com torção Z. Quando são retorcidos, dois ou mais cabos singelos de torção Z, dá-se torção S. Desta maneira, a maior parte dos fios singelos tem torção Z, enquanto o retorcido tem torção S. Faz exceção à essa regra a linha de costura, onde ocorre exatamente o inverso: a torção do fio singelo que vai compor a linha é de direção S, enquanto o cabo retorcido é de direção Z. Isso se dá porque a lançadeira da máquina de costura tem um sentido de direção tal que provocaria distorções na linha caso fosse usada a direção S.

Quando, entretanto, a máquina de costura é de duas agulhas, o sentido de retorção exerce influência no aspecto da costura, pois normalmente utilizam-se linhas com retorção Z em ambas as agulhas, mas, como a lançadeira da agulha de trás gira no sentido inverso da lançadeira da agulha da frente, ocorre que, enquanto um fio recebe torções suplementares, o outro perde essas torções, resultando em aspectos diferentes de costura. Neste caso o ideal será utilizar linha com retorção S na agulha de trás, porém em função das dificuldades de produção e de mercado esta linha não se encontra à venda.

Em tecidos planos a direção e a torção têm um importante papel tanto na aparência, quanto na firmeza do entrelaçamento: “quando o urdume e a trama são entrelaçados, geralmente cruzam-se um ângulo de 90o em sua intersecção, como pode ser observado na figura 1.



Fica claro pela figura que em (a) e (b) não há possibilidade de haver uma infiltração entre as fibras dos fios de urdume e da trama. Se os dois conjuntos de fios têm, entretanto, sentidos diferentes de torção, conforme (c) e (d), as fibras serão mais ou menos paralelas no ponto de contato. É provável que esta situação possa induzir a uma infiltração das fibras de um fio nas outras. Conseqüentemente, o tecido produzido será mais fino e firme ao toque do que quando a infiltração das fibras é evitada.

Há, entretanto, uma importante condição que precisa ser satisfeita antes que o efeito citado possa ocorrer: soma dos ângulos de torção dos fios de urdume e trama deve ser aproximadamente de 90 graus. Mas o ângulo de torção em fios de fibras descontínuas (staple) normais, varia entre 20 graus e 30 graus. Se os fios que compõem um tecido tiverem um ângulo de 20 graus, as fibras se cruzarão a 90 graus - (2 x 20 graus) = 50 graus, que está longe de condição necessária para a infiltração. Por outro lado, com o ângulo de torção de 45o (um fator de torção mais alto que o de 77o utilizado para fios de crepe), o fio produzido será tão compacto que é inerente sua resistência à infiltração. Além disso, o relacionamento entre as direções de torção de urdume e trama vai afetar a estrutura do tecido e seu comportamento à infiltração, pelas seguintes razões:

1.fios tendem a se achatar nos pontos de cruzamento, o que provoca um aumento do ângulo de torção;

2.fio ondulado também aumenta o ângulo de torção no lado de dentro da dobra.

Algumas vezes são utilizados fios de direções de torção opostas para se produzir efeitos de textura especiais e tecidos de crepe. Por exemplo, o uso de combinação de torção 1S:1Z de fio crepe tanto no urdume, quanto na trama, produz pequenos efeitos figurativos no tecido crepe. A direção de torção tem importantes implicações na nitidez das linhas diagonais do tecido sarja. As três considerações mais importantes que precisam ser levadas em conta quando da elaboração de construção em sarja são:

1. A direção de torção em relação à direção da diagonal será mais acentuada se a torção do fio (urdume ou trama) tiver direção oposta à direção de torção.

2. A relação entre as direções de torção de urdume e trama: o uso de fios de urdume e trama com direções de torções opostas irá resultar em um acentuado efeito de sarja. Em outras palavras, ambos os conjuntos de fios devem ter a mesma direção de torção.

3. Infiltração das fibras: este fator tem menor conseqüência, entretanto, se a infiltração das fibras é evitada pelo uso urdume e trama torcidos em direções opostas, o entrelaçamento será mais proeminente, destacando a diagonal da sarja. O relacionamento torção-diagonal da sarja é válido para cetim por urdume ou por trama, onde os efeitos acentuados ou atenuados da diagonal são necessários.
Anexos
Claro que lembro Alberto, a sua palestra foi na mesma sala que fiz a minha.
Muito oportuna sua colaboracao para enriqucer a discussao.
Abracos,
Erivaldo

Alberto de Medeiros Júnior disse:
Erivaldo.
Localizei em meus antigos escritos este texto escrito há 19 anos. Apresentei-o em palestra no Congresso de 1980 em Fortaleza. Aliás, se não me engano, você estava presente nela. Lembro-me do Miraton.

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Efeitos produzidos pela torção

A torção pode produzir inúmeros efeitos tanto no fio, quanto no tecido. Fios mais ou menos “duros”, ou mais ou menos volumosos, são obtidos pela simples modificação nos graus de torção. Um dos efeitos da torção que tem influência no tecido é o do aspecto e, dentro desse item, a direção da torção, é a que mais influencia.

A direção de torção produz efeito na aparência dos fios e tecidos. Os fios singelos são produzidos usualmente com torção Z. Quando são retorcidos, dois ou mais cabos singelos de torção Z, dá-se torção S. Desta maneira, a maior parte dos fios singelos tem torção Z, enquanto o retorcido tem torção S. Faz exceção à essa regra a linha de costura, onde ocorre exatamente o inverso: a torção do fio singelo que vai compor a linha é de direção S, enquanto o cabo retorcido é de direção Z. Isso se dá porque a lançadeira da máquina de costura tem um sentido de direção tal que provocaria distorções na linha caso fosse usada a direção S.

Quando, entretanto, a máquina de costura é de duas agulhas, o sentido de retorção exerce influência no aspecto da costura, pois normalmente utilizam-se linhas com retorção Z em ambas as agulhas, mas, como a lançadeira da agulha de trás gira no sentido inverso da lançadeira da agulha da frente, ocorre que, enquanto um fio recebe torções suplementares, o outro perde essas torções, resultando em aspectos diferentes de costura. Neste caso o ideal será utilizar linha com retorção S na agulha de trás, porém em função das dificuldades de produção e de mercado esta linha não se encontra à venda.

Em tecidos planos a direção e a torção têm um importante papel tanto na aparência, quanto na firmeza do entrelaçamento: “quando o urdume e a trama são entrelaçados, geralmente cruzam-se um ângulo de 90o em sua intersecção, como pode ser observado na figura 1.



Fica claro pela figura que em (a) e (b) não há possibilidade de haver uma infiltração entre as fibras dos fios de urdume e da trama. Se os dois conjuntos de fios têm, entretanto, sentidos diferentes de torção, conforme (c) e (d), as fibras serão mais ou menos paralelas no ponto de contato. É provável que esta situação possa induzir a uma infiltração das fibras de um fio nas outras. Conseqüentemente, o tecido produzido será mais fino e firme ao toque do que quando a infiltração das fibras é evitada.

Há, entretanto, uma importante condição que precisa ser satisfeita antes que o efeito citado possa ocorrer: soma dos ângulos de torção dos fios de urdume e trama deve ser aproximadamente de 90 graus. Mas o ângulo de torção em fios de fibras descontínuas (staple) normais, varia entre 20 graus e 30 graus. Se os fios que compõem um tecido tiverem um ângulo de 20 graus, as fibras se cruzarão a 90 graus - (2 x 20 graus) = 50 graus, que está longe de condição necessária para a infiltração. Por outro lado, com o ângulo de torção de 45o (um fator de torção mais alto que o de 77o utilizado para fios de crepe), o fio produzido será tão compacto que é inerente sua resistência à infiltração. Além disso, o relacionamento entre as direções de torção de urdume e trama vai afetar a estrutura do tecido e seu comportamento à infiltração, pelas seguintes razões:

1.fios tendem a se achatar nos pontos de cruzamento, o que provoca um aumento do ângulo de torção;

2.fio ondulado também aumenta o ângulo de torção no lado de dentro da dobra.

Algumas vezes são utilizados fios de direções de torção opostas para se produzir efeitos de textura especiais e tecidos de crepe. Por exemplo, o uso de combinação de torção 1S:1Z de fio crepe tanto no urdume, quanto na trama, produz pequenos efeitos figurativos no tecido crepe. A direção de torção tem importantes implicações na nitidez das linhas diagonais do tecido sarja. As três considerações mais importantes que precisam ser levadas em conta quando da elaboração de construção em sarja são:

1. A direção de torção em relação à direção da diagonal será mais acentuada se a torção do fio (urdume ou trama) tiver direção oposta à direção de torção.

2. A relação entre as direções de torção de urdume e trama: o uso de fios de urdume e trama com direções de torções opostas irá resultar em um acentuado efeito de sarja. Em outras palavras, ambos os conjuntos de fios devem ter a mesma direção de torção.

3. Infiltração das fibras: este fator tem menor conseqüência, entretanto, se a infiltração das fibras é evitada pelo uso urdume e trama torcidos em direções opostas, o entrelaçamento será mais proeminente, destacando a diagonal da sarja. O relacionamento torção-diagonal da sarja é válido para cetim por urdume ou por trama, onde os efeitos acentuados ou atenuados da diagonal são necessários.
Excelente explicação.
Poderia indicar os fornecedores ou representantes em Minas Gerais?
Obrigada
Maria Helena
Obrigada Mestre, já esta em meus favoritos.
Abraços
Maria Helena

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