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Têxtil - A instabilidade das matérias-primas

O incremento dos preços das matérias-primas tem vindo a atenuar-se nos últimos meses. Contudo, devido às taxas impostas pelos EUA às importações chinesas, o sentimento de instabilidade mantém-se.

Tom Caudle, presidente, CEO e diretor de operações da Unifi, revelou ao Sourcing Journalque os elevados custos das matérias-primas afetaram os lucros da produtora de fibras no terceiro trimestre, terminado a 31 de março. «Fomos atingidos, de modo significativo, pela pressão dos fios importados, enquanto também sentimos pressões nos preços das matérias-primas em certos mercados internacionais. Fomos forçados a sacrificar as margens para sermos competitivos», admitiu.

Quanto ao custo do poliéster, Tom Caudle confessou que a empresa iniciou o terceiro trimestre à espera de «uma descida em relação altos níveis registados anteriormente. No entanto, os custos do poliéster permaneceram estáveis durante o terceiro trimestre». «Embora a estabilização destes preços fosse bem-vinda, a nossa expetativa de diminuição acabou por não se verificar», reconheceu.

Por sua vez, a Lenzing, produtora de fibras celulósicas, indicou que, em relação à viscose, apesar da forte procura, o excedente de oferta ainda existe – o que irá causar uma pressão ainda maior sobre os preços. Já os preços do hidróxido de sódio (soda cáustica), usada na produção de fibras liocel, diminuiu significativamente, nos últimos meses, na Ásia, mas tal não se verifica na Europa, segundo a Lenzing. A empresa austríaca aponta que as fibras mais competitivas, como o algodão e o poliéster, têm registado níveis de preços estáveis, que deverão manter-se. De modo geral, a Lenzing não antecipa nenhuma mudança significativa nas matérias-primas essenciais que possa afetar os seus lucros.

De acordo com o departamento de agricultura dos EUA, os preços do algodão, no país, rondaram em média os 67,45 cêntimos por 453 gramas (uma libra) na semana que terminou a 9 de maio. Trata-se de uma descida em relação aos 71,23 cêntimos por 453 gramas da semana antecedente e aos 81,53 cêntimos por 453 gramas do ano anterior.

O que dizem as empresas

O Institute for Supply Management (ISM) questionou produtores de têxteis, vestuário e artigos em couro. Os inquiridos sentiram um aumento de 3,5% nos preços pagos durante os primeiros quatro meses de 2019. Porém, este mês, reportaram que os preços subiram 1,5%.

Relativamente às mudanças nos preços ao longo de 2019, 44% estimam que deverão aumentar 4,8% em relação ao final de 2018. Incluindo os 39% que preveem que não haverá mudanças nos preços, o aumento médio antecipado pelos inquiridos é de 1,5%.

Interrogados se as taxas, como as impostas nas importações chinesas, causaram uma subida nos preços dos artigos produzidos e entregues aos consumidores, 59,1responderam que sim.

A questão de ser possível passar os aumentos dos preços para as marcas e retalhistas permanece sensível, mas é cada vez mais aceite no retalho. Glenn Chamandy, presidente e CEO da Gildan Activewear, afirmou recentemente aos analistas que «o objetivo é impulsionar a eficiência na produção e melhorar a cadeia de aprovisionamento». Chamandy assegurou que, apesar de «o preço ser sempre um motor» que alimenta a produção de baixo custo, «acho que podemos olhar para os preços para cobrir a inflação, [mas] a melhoria da margem deve advir de eficiência da produção».

Segundo Tom Caudle, a Unifi tem registado uma tendência de aumentos nos custos das matérias-primas e, consequentemente, aumentou os preços dos produtos.

Por sua vez, Timothy R. Fiore, presidente da ISM Manufacturing Business Survey Committee, acredita que «conseguir transferir os aumentos das matérias-primas irá, em última instância, fortalecer as receitas e os lucros da produção».

No final da cadeia de aprovisionamento, no retalho, os preços do vestuário diminuíram pelo segundo mês consecutivo, em abril, em 0,8%, depois de um decréscimo de 1,9% em março. O Consumer Price Index indicou que as descidas no vestuário masculino (para adulto e criança) superou os níveis mais estáveis do custo do vestuário feminino (também para adulto e criança).

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