Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O maior leilão de petróleo da história do país, que ocorre nesta segunda, promete elevar o papel do Brasil entre os produtores mundiais, mas está também cercada de perigos

Plataforma de petróleo

Campo de Libra: a maior descoberta já feita no Brasil promete a produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia

São Paulo - Na próxima segunda-feira, dia 21, vai à leilão a "menina dos olhos" do governo brasileiro, o Campo de Libra. Localizada na Bacia de Santos, a região é a maior descoberta do pré-sal até agora e promete a produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia, mais da metade do que o país produz atualmente..

Ao mesmo tempo em que as estimativas e promessas atingem números impressionantes, os perigos envolvidos em leiloar a maior descoberta de petróleo já realizada no Brasil através de um modelo inédito no setor preocupam.

O modelo de partilha, escolhido para substituir o de concessão, obriga a participação da Petrobras na operação de todos os poços, afasta os investidores internacionais do Brasil e ainda pode derrubar o preço do petróleo brasileiro no mercado internacional. 

Veja a seguir quais são os principais perigos envolvidos do leilão do Campo de Libra:

1 Sobrecarregar a Petrobras

A participação obrigatória da Petrobras na operação de todos os poços do Campo de Libra pode fazer com que a empresa deixe de lado outros campos – alguns, até mais vantajosos – por falta recursos para investimento.

Como a petroleira já está bastante endividada - no começo do mês, a estatal teve sua nota de crédito rebaixada pela Moody's devido ao alto endividamento - e com dificuldades de levantar recursos no mercado internacional, os investimentos necessários para a exploração do pré-sal podem sobrecarregar as contas da empresa, limitando não só as possibilidades de lucro nos próximos anos como também a descoberta de novos poços.

2 Arriscar a maior reserva brasileira com um modelo novo

O pré-sal é a maior reserva de petróleo já encontrada no Brasil e representa uma grande oportunidade não só do ponto de vista energético, mas também do social. Nenhum barril foi produzido ainda, mas o dinheiro dos royalties já foi prometido para áreas prioritárias como saúde e educação. Por isso, espanta que, justo agora, quando a mais importante reserva de petróleo já descoberta no país vai a leilão, o governo decida implantar um marco regulatório novo, nunca usado em uma licitação de blocos de petróleo. 

Ao contrário dos leilões anteriores, o leilão de Libra trocou o modelo de concessão pelo modelo de partilha de produção. O vencedor será o grupo que oferecer ao governo a maior fatia de "óleo lucro" – petróleo produzido depois de pagos os investimentos iniciais feitos pelas empresas - para vender por conta própria. 

O lance mínimo é de 41,65% de participação, mas o governo espera que as ofertas cheguem a 75% ou mais. 

O novo modelo é mais atrativo financeiramente para o governo, mas não para as empresas. O problema é que a alta taxa de participação do Estado nos lucros, somada a operação obrigatória e exclusiva da Petrobras, deixou as grandes petrolíferas internacionais receosas com o pré-sal.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) esperava que mais de 40 empresas se inscrevessem para participar do leilão, mas apenas 11 pagaram a taxa de R$ 2,05 milhões. Gigantes como Exxon Mobil, BP, BG Group e Chevron ficara de fora.

3 Baixar o preço do petróleo

Na opinião da professora Maria Beatriz de Albuquerque David, da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o modelo estabelecido para a exploração do pré-sal é extremamente predatório, do ponto de vista ambiental e do ponto de vista financeiro. 

“O modelo impõe metas muito altas de extração, o que é ruim não só para a Petrobras, que pode não ter a capacidade de investimento necessária, como também para o preço do petróleo brasileiro no mercado internacional”, afirma a professora.

Ela diz que uma exploração de dimensões gigantescas, como é a do Campo de Libra, precisa de uma estratégia de extração que leve em conta que o petróleo é um recurso não renovável e que o país precisa regular a sua exploração de acordo com a demanda e com os preços no mercado. 

Sem esse tipo de estratégia, corremos o risco de derrubar o preço do petróleo brasileiro no mercado e, por isso, obter retornos menores do que os esperados.

4 Produção incerta

Libra é, sem dúvidas, a maior descoberta de petróleo já realizada no Brasil. Segundo estimativas da ANP, a região possui de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo recuperável. 

No pico de produção a projeção é de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia – o que deve acontecer entre 10 a 15 anos -, de acordo com a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.

Para se ter uma noção do otimismo desta estimativa, a produção atual de petróleo no Brasil é de aproximadamente 2,2 milhões de barris por dia.

5 Perder espaço no mercado internacional

O modelo brasileiro de concessão é reconhecido como um dos mais eficientes do mundo. Como mostrado pela reportagem “Trocamos o certo pelo incerto”, publicada na última edição da revista EXAME, o modelo inspirou outros países da América Latina, como México e Colômbia. 

No caso colombiano, o país vizinho passou a fazer leilões regulares em um modelo parecido com o brasileiro em 2004. Como resultado, em janeiro deste ano, a estatal colombiana (a Ecopetrol, que também vai disputar Libra) superou o valor de mercado da Petrobras, que produz três vezes mais.

Já o México, que está em processo de reforma do setor, mandou executivos da estatal Pemex ao Brasil para conhecer a regulação, pois cogitam trocar seu modelo de partilha pela concessão. 

“A possibilidade de um modelo mais favorável no México e o risco político no Brasil pesaram na decisão das operadoras que desistiram de Libra”, diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, à EXAME. “Isso pode tirar investimentos do Brasil e até fazer o pré-sal valer menos.”

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/os-perigos-do-campo-de-...

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Beatriz Souza, de

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