A 3 dias de entrar em vigor, tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é tema de debate na CNI

Avaliação é de que medida não será adiada, o que demandará continuidade das negociações para que se encontrem alternativas para minimizar os impactos ao setor.

A 3 dias de entrar em vigor, tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é tema de debate na CNI

A proximidade do início da aplicação, pelos Estados Unidos, da tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil foi o principal tema discutido na reunião de diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (29), em Brasília. Os dirigentes de federações manifestaram grande preocupação com os impactos da medida para as cadeias produtivas locais, incluindo perda de mercado, de competitividade e de empregos. 

A CNI estima que, caso entre em vigor, a medida pode ocasionar a perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, além de reduzir em 0,16% o PIB do Brasil e de provocar uma queda de 0,12% na economia global, com retração de 2,1% no comércio mundial (US$ 483 bilhões). A instituição segue reafirmando a importância da negociação e da ampliação do diálogo com autoridades e empresários norte-americanos.


“Temos um tempo muito curto que nos separa da data limite [de aplicação da tarifa], mas identificamos canais e ações que podem ser muito úteis para promover uma ação construtiva, que, a meu ver, só pode ser alcançada a partir de um diálogo intenso e de todos os canais disponíveis”, destacou o conselheiro emérito da CNI, Armando Monteiro Neto.


O Ceará é um dos estados que será mais afetado pelo tarifaço, já que lidera a lista das unidades federativas que mais dependem do mercado norte-americano. O presidente da Federação das Indústrias do Estado (FIEC), Ricardo Cavalcante, estima que 8 mil empregos estão em risco na indústria local. Os setores mais impactados são aço, pescado, cera de carnaúba, castanha de caju e calçados. 

“Hoje temos mais de seis mil barcos pescando no estado do Ceará, cada barco com três a quatro tripulantes e cada pessoa no mar com mais cinco trabalhando em terra. Essas pessoas estão voltando e a gente não tem como comprar o produto porque não tem como exportar. Mais de 90% dos peixes vermelhos do estado do Ceará vão para os Estados Unidos. Essa cadeia, hoje, representa mais de 40 mil pessoas”, explicou Cavalcante, informando que participou de reunião nesta manhã com o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o governador Elmano de Freitas para discutir alternativas.

“Há possibilidade de exclusão de itens”, avalia consultor

O cientista político Christopher Garman, da consultoria Eurasia, avalia que o risco de uma escalada de conflitos na relação bilateral é significativo, e que o tema deve se estender para além do curto prazo. Segundo Garman, há 40% de probabilidade de o conflito levar a uma retaliação de ambos os lados. Por outro lado, há menos de 10% de possibilidade de haver um acordo comercial amplo.

Ele acredita que o governo norte-americano não adiará nem suspenderá a aplicação do tarifaço e a taxação começará no prazo anunciado (sexta-feira, 1/8), mas vê possibilidade de negociação para que, aos poucos, alguns itens que são importantes para os EUA, como suco de laranja, café, celulose e madeira, sejam excluídos paulatinamente do tarifaço.

“Estamos num cenário bem desafiador no curto prazo e num ciclo escalatório, e, nesse contexto, o papel do setor privado é bastante importante, principalmente para ajudar no alinhamento entre as empresas do Brasil e dos EUA, pois ambas têm interesse e serão afetadas. Existe espaço para negociar ao longo do tempo”, resumiu.

Garman listou alguns pontos de atenção para o Brasil: minerais críticos – o Brasil deve explorar maneiras de buscar acordos envolvendo o setor; autopeças – os EUA devem buscar outros fornecedores, considerando problemas com o Méxido e o Canadá; e o etanol, produto em que há demanda antiga por mais acesso ao mercado brasileiro. 

O vice-presidente da CNI, Léo de Castro, destaca que o tarifaço vem na contramão de todo o esforço que vem sendo feito pelo Brasil para tornar a indústria do país mais competitiva globalmente. “Nós estamos atuando junto ao governo federal para que se estabeleçam canais de diálogo e negociação e estamos também atuando junto ao empresariado norte-americano no sentido de ter a cooperação deles na construção de um caminho que seja saudável para ambos os países e para as empresas que transacionam”, explicou o dirigente.

Por: Silvia Cavichioli

Foto: Iano Andrade/CNI
Da Agência de Notícias da Indústria

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