Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A bioeconomia é a cara do Brasil: de fungos mineradores à petróleo feito de CO2

A Rede de Institutos SENAI de Inovação atua com soluções em combustíveis, cosméticos e vacinas pela maior biodiversidade do mundo

A bioeconomia é um conceito que propõe a utilização de recursos biológicos dentro da produção industrial. Com o potencial de gerar um faturamento industrial anual de US$ 284 bilhões até 2050, de acordo com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), a implementação da bioeconomia é um dos planos e foco da indústria e governo.

 

 

O grande desafio é como usar recursos ou serviços biológicos na indústria e na sociedade. E é aí que entram os Institutos SENAI de Inovação, com soluções para o uso mais sustentável e eficiente dos recursos biológicos. As grandes frentes da bioeconomia são: consolidação da biomassa como principal matriz energética em setores importantes, mitigação da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) e intensificação de tecnologias biorrenováveis.

Com toda a sua megadiversidade, o Brasil tem muito potencial para trabalhar e transformar a biomassa. São mais de 100 mil espécies de animais e 45 mil de vegetais conhecidos no nosso país. Investir na bioeconomia é, portanto, uma forma de elevar o potencial econômico do Brasil.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a bioeconomia movimenta, no mercado mundial, cerca de € 2 trilhões e cria mais de 22 milhões de empregos. Nas cinco regiões brasileiras, os Institutos SENAI atuam com projetos inovadores, que vão desde o uso de microorganismos até reaproveitamento de plantas.

A incrível habilidade mineradora dos fungos e bactérias

A atividade mineradora atua na base de todas as indústrias e é motor da economia global, por isso é algo que a sociedade não consegue abrir mão. Porém, apesar de ser tão necessária, a mineração traz diversos impactos ambientais e sociais, à exemplo do que vimos em Brumadinho.

Como uma forma de contornar esses efeitos, os Institutos SENAI de Inovação e empresas do mundo inteiro procuram formas de substituir os métodos tradicionais da mineração. Um exemplo de solução vem dos microorganismos, como fungos e bactérias. Alinhados à mineração, eles conseguem fazer um trabalho silencioso, atuar de forma invisível e sustentável, evitando as queimas dos minerais e, consequentemente, a emissão de gases poluentes. Isto é o que chamamos de biomineração ou biolixiviação.

O pesquisador do Instituto SENAI de Tecnologias Minerais, em Belém (PA), Julio Cezar Moreira explica que microorganismos específicos são utilizados pensando na sua capacidade de sobreviver em condições extremas. "A gente pode selecionar alguns microrganismos, que têm funções muito diversas no ambiente para facilitar ou para aumentar a eficiência da extração do minério de interesse. Chamamos de maximizar os potenciais dos minérios", explica Julio.

No Brasil, as reservas de cobre estão estimadas em 10,8 milhões de toneladas, sendo que aproximadamente 82% ficam no Pará. Porém, os processos tradicionais de mineração do cobre - mineral usado em equipamentos eletrônicos - consomem mais de 600 gigajoule de energia e emitem mais de 600 toneladas de CO2 na atmosfera.

Foi dentro do ISI do Pará que o processo de biolixiviação de um sulfeto de cobre foi testado como uma solução para o grande volume de estéreis, materiais escavados gerados pela mineração, que são depositados nas minas. Além de ser um processo mais simples, barato, com menos gasto de energia, com economia de água e, consequentemente, mais sustentável para a extração do cobre.

O diretor do instituto, Adriano Lucheta, explica que as possibilidades de uso dos microorganismos são muito variadas, podendo ser usadas em regiões do planeta com baixa disponibilidade de água, como no Chile ou Peru.

"Também podemos usar a biomineração no processamento de minerais com baixo teor de elementos de interesse, por ter um custo mais baixo. Podemos usar fungos e bactérias para a recuperação de elementos de interesse em sucatas eletrônicas, conseguindo recuperar elementos de alto valor ou raros, como o ouro", explica o diretor.

Das minas ao material de construção
Não é só o ISI do Pará que se dedica a tornar a mineração mais sustentável. No Cimatec Park, em Camaçari (BA), a equipe da Gerente de Negócios de Mineração, Helaine Neves, trabalha com o desenvolvimento de rotas tecnológicas a partir dos resíduos da atividade mineradora.

Em um dos projetos foi desenvolvida uma rota tecnológica inédita com pirometalurgia, uma técnica que usa altas temperaturas para extrair minerais ou transformá-los em outros produtos. A equipe também usa técnicas de separação química e física para obter os insumos necessários para novos usos.

No SENAI há 14 anos e com uma equipe majoritariamente feminina, a pesquisadora lembra que a mineração é uma das atividades econômicas mais antigas da humanidade e que vai desempenhar um papel importante no futuro. “A gente precisa cada vez mais ter processos sustentáveis e você trazer a tecnologia para isso de forma a reduzir esse dano ambiental é essencial para manter essa indústria viva. Então o desenvolvimento de tecnologia é a base de tudo. Não tem como você evoluir no processo produtivo sem desenvolver novas tecnologias, sem pensar diferente e sem fazer com que isso agregue valor ao processo produtivo da empresa”, afirma Helaine.

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