Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A cúpula da Amazônia pode ser o começo do fim do desmatamento

Celebremos os novos dados que apontam uma queda significativa da devastação da floresta.

Agente do Ibama fiscaliza madeira apreendida na Amazônia

Não costumo dar grande importância à queda ou aumento de alertas de desmatamento monitorados pelo sistema Deter do Inpe. Isso porque um único mês de dados preliminares não representa uma tendência — é preciso acompanhar uma série e os resultados anuais consolidados pelo sistema Prodes.

Mas há pelo menos duas razões para comemorar a notícia de redução de 66% do desmatamento em julho deste ano, comparado ao mesmo mês do ano passado, conforme anunciado conjuntamente pelos ministérios do Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, nesta quinta-feira. 

Primeiro, porque esse pode ser o começo do fim do desmatamento.

A contabilização anual abrange de agosto a julho, o que significa que os resultados de agosto de 2022 a julho de 2023 levarão em conta os devastadores cinco meses finais do governo anterior, que causaram uma das piores temporadas de corte raso e queimadas da última década.

A queda expressiva da série Deter de janeiro a julho de 2023 perfaz 42,5% em comparação com o ano anterior. Ela nos dá esperança de que começamos a nos afastar do ponto de inflexão em que a Amazônia pode entrar em um processo irreversível de secagem e degradação, conforme alertam os cientistas.

Se deixarmos de “acumular” tanto desmatamento e degradação, ficaremos menos próximos desse ponto de colapso. E, com muito esforço público e privado, podemos quem sabe reverter o processo ecológico em curso.

Segundo, porque esse bom resultado me parece o reflexo da retomada completa da política pública de combate ao desmatamento.

A visão é clara: desmatamento zero no bioma. A implementação está sendo articulada: o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM) foi retomado e integra não somente ministérios, mas entes estaduais e municipais.

Há sinais regulatórios aos agentes econômicos, a exemplo da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que visa à descontaminação do financiamento bancário em relação ao risco de desmatamento. 

Finalmente, é importantíssimo reconhecer que deixando o Ibama e o Icmbio trabalharem (ainda com pouco pessoal e orçamento, mas com muito foco estratégico em municípios críticos) houve aumento expressivo dos autos de infração, multas, embargos, destruição de equipamentos e apreensões nos últimos seis meses.

Cerca de 300 mil hectares já foram embargados remotamente, e 77 mil caminhões de madeira ilegal foram bloqueados no sistema, o que tem sido bastante para mudar a expectativa de impunidade para responsabilidade por parte dos desmatadores.

Esse trabalho sério e árduo segue uma fórmula conhecida e bem sucedida, criada nos anos 2000 e agora retomada. Está dando certo. E qual é seu combustível? O capital político.

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