Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A corrida da IA: quem controla as velas e quem será levado pela corrente?

No IT Forum Na Mata, especialistas discutem como as empresas podem aproveitar o vento favorável da IA ​​sem perder a embarcação na corrente.

Imagem: J. Mantovani

Executivos de grandes empresas e especialistas do setor de tecnologia reuniram-se no IT Forum Na Mata, edição exclusiva Avanade, para discutir um tema que, apesar do entusiasmo generalizado, ainda provoca mais perguntas do que respostas: a inteligência artificial. A tecnologia que promete transformar indústrias esbarra na velha dificuldade de qualquer inovação – entregar o que promete.

A pressa e a inércia: o dilema corporativo

A primeira apresentação do evento foi conduzida por Gord Mawhinney, presidente das Américas e gerente geral dos EUA na Avanade. Com base no relatório “AI Value Report 2025”, ele desenhou um retrato paradoxal do mercado: 85% dos tomadores de decisão temem ficar para trás por não adotarem IA com rapidez suficiente, mas quase metade das empresas (48%) ainda está estagnada na fase de prova de conceito.

“A urgência na adoção da IA é evidente, mas muitas empresas ainda não conseguiram superar os desafios iniciais. A questão não é se a IA deve ser adotada, mas como fazê-lo de maneira eficaz?”, questionou Mawhinney.

Mawhinney recorreu a uma metáfora náutica para explicar o momento vivido pelas empresas: “Quando você está velejando e o vento sopra forte a seu favor, a sensação é incrível. Mas também pode ser perigoso. Se você não souber controlar as velas, se não perceber que há outro barco vindo em sua direção, pode acabar colidindo ou sendo levado contra as rochas. O mesmo vale para a adoção da IA. Há um vento favorável, mas é preciso saber manobrar.”

Outro dado reforça essa hesitação: 84% das empresas enxergam a IA como ferramenta de eficiência e redução de custos, mas poucas conseguem mensurar o impacto real de suas iniciativas. Ainda assim, há otimismo – 59% esperam um retorno de até quatro vezes para cada dólar investido em agentes e copilotos de IA em menos de um ano.

Para Mawhinney, há uma oportunidade particular no Brasil. “Nossa pesquisa apontou que a IA pode elevar o PIB brasileiro em até 4,2%. Esse número é maior do que o de outros mercados, e um dos fatores que contribuem para isso é o potencial de aproveitar essa tecnologia para impulsionar a produtividade e a empregabilidade.”

Microsoft e a busca pelo ROI

No segundo painel, Rodrigo Mielke, diretor de engenharia de Soluções da Microsoft, trouxe um contraponto prático ao debate. Segundo ele, mais de 60 mil organizações já utilizam a plataforma Azure AI, algumas com ganhos expressivos. A ferramenta permitiu que 70% dos dados antes não estruturados fossem analisados, reduzindo em 90% o tempo para obtenção de insights.

Ainda assim, há um abismo entre adoção e resultado: 80% dos primeiros projetos falham devido à complexidade da implementação. Para enfrentar esse gargalo, a Microsoft aposta na Azure AI Foundry, um ecossistema que busca tornar a IA mais acessível e escalável. “A chave para o sucesso da IA corporativa está na integração eficiente com sistemas legados e na criação de modelos que tragam valor contínuo para as empresas”, afirmou Mielke.

Entre as aplicações destacadas, estavam assistentes de suporte ao cliente, otimização da cadeia de suprimentos e análise preditiva no setor financeiro.

A era dos sistemas multiagentes

No terceiro momento, Felipe Almeida, consultor de Tecnologia e Digital na Avanade, abordou um conceito que tem ganhado espaço nas discussões sobre IA: os sistemas multiagentes. A proposta da Avanade é que a próxima grande revolução não virá de um único modelo de IA, mas da interação entre diversos agentes especializados, distribuídos de forma sequencial, hierárquica ou em enxames.

A expectativa é que esses sistemas assumam processos inteiros dentro das empresas, desde a gestão corporativa até o desenvolvimento de software. Entre os desafios apontados, destacam-se:

  • A necessidade de um modelo arquitetônico flexível, que permita integração com diferentes tecnologias.
  • A reestruturação dos processos organizacionais para absorver o novo paradigma.

O impacto imediato será sentido na engenharia de software, com a IA assumindo progressivamente atividades como revisão e otimização de código. No longo prazo, agentes autônomos poderão se tornar codesenvolvedores, deslocando o papel dos engenheiros para supervisão e orquestração dos modelos.

Entre promessa e entrega

Os debates no IT Forum Na Mata reforçaram que a IA já não é mais uma questão de futuro, mas uma tecnologia do presente. Empresas precisam encontrar um caminho entre a pressa e a inércia, equilibrando investimento, expectativa e realidade.

Enquanto isso, o mercado segue aquecido: o último trimestre de 2024 registrou um recorde de investimentos em startups de IA, com um crescimento de 150% em soluções baseadas em agentes autônomos e copilotos digitais. Para empresas e desenvolvedores, o desafio imediato é traduzir entusiasmo em resultados tangíveis, antes que a próxima onda de inovação chegue e mude as regras do jogo novamente.

Mawhinney finalizou sua apresentação com uma provocação: “A IA pode ser um vento poderoso que impulsiona o crescimento e a inovação, mas também pode virar uma tempestade para aqueles que não sabem como navegar. Cabe a cada empresa decidir se vai apenas reagir às mudanças ou aprender a controlá-las.”

Pamela Sousa

Repórter no IT Forum, é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, RS. Com 2 anos de experiência em produção de conteúdo, concentra-se na elaboração de reportagens e artigos jornalísticos.

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