Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Para o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Luiz Passos, o modelo de desenvolvi.

Para o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Luiz Passos, o modelo de desenvolvimento através do estímulo ao consumo se esgotou. Agora, será necessário que o governo incentive novos investimentos para que se aumente efetivamente a oferta.

Em entrevista exclusiva ao DCI, o empresário disse ainda que o pacote de concessão anunciado na última semana pelo governo federal é positivo por envolver o setor privado, que pode e deve colaborar com o investimento em infraestrutura. Ele coloca ainda um desafio adicional ao setor público no sentido de melhorar os marcos regulatórios e avançar nos sistemas de aprovação de projetos, condições essenciais para que os investimentos sejam executados. Leia abaixo alguns dos trechos da entrevista com o executivo.

A indústria vive um momento de transição?

A desindustrialização vem ocorrendo há pelo menos uma década. Juros altos e câmbio um para um foram um tranco forte, e, antes disso, a rápida abertura comercial. Que não estava na direção errada, mas foi uma transformação seguida do câmbio um para um. Aquilo foi de uma rapidez atroz. Em quatro anos, a situação competitiva da indústria virou de cabeça para baixo. E aí fizemos aquele tremendo déficit comercial que acabou dando na desvalorização no início de 1999. Portanto, esse processo vem de muito tempo. Só agora os juros convergem para níveis razoáveis. Tudo isso foi de difícil reversão. Mas o Brasil tem uma base instalada na indústria importante. Temos condições melhores em relação a muitos países, que aniquilaram suas indústrias, como a Argentina. Temos uma base diversificada, boa, mas ainda precisamos mudar o rumo geral da política para poder recuperar essa indústria e colocá-la em padrão internacional. O Brasil está muito caro, teve um câmbio que ainda não ajudou nessa história toda, além da excessiva tributação, infraestrutura deficitária, etc. O elemento produtividade no Brasil ainda é complexo, e o custo, muito alto. Precisamos mudar essa situação.

Há receio dos empresários ou não há o que investir?

Uma parte dos investimentos está represada por conta de uma situação global e do crescimento baixo do País. Mas também existe uma situação em que o governo poupa pouco e, portanto, investe pouco. O governo vai precisar reiniciar esse ciclo de investimentos com mais ênfase, com mais profundidade. E já deu o primeiro passo para isso. O pacote de concessão é positivo por envolver o setor privado, que pode e deve colaborar com o investimento em infraestrutura. E coloca um desafio adicional ao setor público no sentido de melhorar os marcos regulatórios e avançar nos sistemas de aprovação de projetos, condições para que os investimentos sejam executados. E tudo isso é importante para a retomada de um ciclo de investimentos, para criar um ambiente adequado para a atração de capital privado. Mas a situação é bastante razoável para o Brasil, em comparação com a economia mundial. Podemos e devemos retomar o ciclo de crescimento da indústria. Temos um ambiente com taxas de juros menores que permitirá financiamento de longo prazo, não só do BNDES, mas do próprio mercado de capitais. As empresas poderão emitir debêntures e criar um mercado de financiamento de longo prazo.

Os bancos estão contribuindo pouco para isso?

Os bancos ainda estão conservadores. Uma mudança dependerá da sinalização que o governo der, mas as condições de retomar o financiamento são boas.

Como o setor público pode ter um papel mais ativo nos investimentos?

Tem de haver prioridade porque perdemos velocidade recentemente. Tem muitos projetos que ainda não estão andando na velocidade possível. O dinheiro disponível precisa ser bem aplicado. Em segundo lugar, temos uma enorme possibilidade -em algumas áreas de infraestrutura, como petróleo e gás- de atrair, junto com iniciativa pública, o capital privado. E tudo isso passa por regimes de concessões e incentivos. Estamos iniciando um bom caminho nesse sentido, e temos possibilidade de fazer mais. Eu sinto que existe hoje muito mais consenso nessa direção do que existia há alguns anos. Esta é a mudança fundamental da equação do desenvolvimento. Estamos crescendo pouco este ano, mas algum nível de recuperação nós devemos ter já no próximo ano. A queda dos juros e as iniciativas que o governo vem tomando vão propiciar essa retomada da economia. É curioso que o crescimento é pequeno, apesar de haver pleno emprego

Está esgotado o caminho adotado pelo governo de crescer por meio do incentivo ao consumo?

Foi muito boa essa decisão, que produziu um resultado excelente nos últimos anos. Só que este não pode ser o único modelo. Chega uma hora em que o crédito e o endividamento batem no limite, mas eu não diria que esse modelo se esgotou. Tem espaço para crescer, mas não na velocidade dos últimos anos. Teremos de reciclar as dívidas das famílias. Vai ter um crescimento, tem um enorme deslocamento social importante no Brasil e vai continuar acontecendo, até mesmo pela situação demográfica. Mas o modelo não vai poder se basear, daqui para a frente, só na expansão do consumo. Se a gente não vier com alguma coisa do lado da oferta, com um pouco mais de capacidade na produção, bateremos no limite. Temos limites até de educação, de formação de mão de obra. A gente está vendo a construção civil e outros setores trazendo gente de fora do País para fazer frente à demanda de mão de obra.

Os esforços para retomar a competitividade estão na direção correta?

Esta agenda está na direção certa, mas ainda é tímida. Precisamos fazer muito mais. O Brasil não desenvolveu os setores de ponta da indústria moderna. Os esforços de inovação contemplados na primeira versão do Plano Brasil Maior enfatizavam a inovação, mas ainda precisamos de muito mais investimento em pesquisa, desenvolvimento, tecnologia nas nossas universidades, e de um certo alinhamento com o setor privado. Mas tem uma agenda de competitividade que passa por uma revisão tributária, desoneração do investimento. Precisamos estar na linha de frente dos processos atualizados. Ainda existe espaço para avançarmos.

E a desoneração da folha?

Também está indo na direção correta, e parece que será estendida a todos os setores. Esses encargos são muito pesados no Brasil, e com as mudanças previstas seremos mais competitivos, inclusive em relação a importados, livres desse ônus. Mas precisamos ir mais fundo porque a defasagem de competitividade no Brasil é muito grande. Nós não temos política de comércio exterior forte. O mercado internacional para manufaturados é negativo, nossa balança comercial é fortemente negativa. Já seria uma boa agenda uma tributação mais simples e uma tributação em que toda a cadeia fosse beneficiada com crédito e débito sobre valor adicionado. Temos vários impostos que ficam no meio do caminho.

Há uma sobreposição de impostos federais, estaduais e municipais. Como o senhor vê essa questão da guerra fiscal?

É um assunto complicado, de difícil coordenação política. Mexer na arrecadação estadual, criar um consenso em torno do tema, é complicado. É do governo federal o papel de incentivar para que os estados aperfeiçoem a legislação tributária, pois os estados não vão, por vontade própria, abrir mão de receitas.

A presidente Dilma tem demonstrado mais vontade política de avançar na agenda das reformas pendentes?

Acho que sim. O governo atual tem uma visão muito mais voltada à indústria. Obviamente, tem de aprofundar a agenda. Mas eu diria que a sociedade percebeu que ficar sem indústria e passar direto para serviços, ou seja, a desindustrialização, é oneroso para o País e para a sociedade como um todo. Então a agenda da indústria tem que estar na pauta de governo, com modelo de desenvolvimento.

Desatar alguns nós depende apenas do governo ou também da vontade do empresariado?

Depende da vontade do empresariado, sim. O empresário não pode ficar apartado desse processo, só aguardando sinalizações de governo. Mas nós temos um empresariado que já mostrou que, quando tem as condições, se mobiliza na direção certa. Tem de ser uma agenda conjunta. A própria indústria e alguns setores no Brasil precisam passar por uma renovação, uma atualização. Essa agenda de competitividade não é só um problema de câmbio, é um problema só da equação macro.

A Natura é uma empresa competitiva, inovadora, por decisão da empresa. Por que isso não se disseminou na cabeça do empresariado em geral?

Tem um Brasil novo de pequenas e médias empresas, um novo ciclo de empresários surgindo, inclusive em outras geografias, diferentes daquelas que a gente estava acostumado a ver. Até pouco tempo, eram exceções as empresas que se destacavam porque as condições de juros e ambiente de negócios eram muito dificultadas para um investimento relevante. Mas quando o mercado interno cresceu, muitas empresas acompanharam, investiram e as taxas de investimento foram boas naquele momento para empresas privadas. Então o empresário vai atrás das condições de mercado. Agora, se você vê como está o mercado externo, um mercado que estamos fora hoje, a não ser pelo setor de commodities, o Brasil está abrindo mão de um vetor de crescimento importante.

O que está faltando aí?

No mínimo, um bom diagnóstico de como é que a gente retoma esse crescimento no mercado externo. Não é só câmbio, passa por uma série de fatores. Para ir até o porto é complicado. Se você acertar isso via câmbio, não necessariamente estimula um ganho estrutural de produtividade. Eu sinto que existe mais consenso nessa direção, que chegou a vez de enfrentar os assuntos estruturais, porque essa maré do consumo, da mão de obra, da capacidade, acabou. Nossa economia não crescerá mais da maneira que vinha crescendo. Agora vamos ter que mudar a agenda.

Mas, apesar de tudo isso, o capital estrangeiro está vindo com força em todos os setores. Você acha que isso vai ajudar a mudar a mentalidade do empresário?

Acho que sim. É gente que vem com capacidade de gestão, de investimento, competição, o que é muito bom. Essa atração de investimentos é uma boa notícia. Investimentos não vêm mais como antigamente, só de passagem rápida pelo País. Isso é concreto, está acontecendo, apesar da baixa taxa de crescimento do Brasil. Por isso, vamos crescer um pouco mais ali na frente. E, se o governo ajudar fazendo os investimentos necessários, a gente terá uma boa competitividade, uma boa possibilidade de crescimento.

Em quais setores o País tem vocação e pode melhorar e quais são aqueles que não têm jeito?

Difícil fazer uma projeção desse tipo, mas alguns são mais ou menos evidentes. Todos aqueles que agregam valor em cima das vantagens comparativas que nós temos, acho que podemos trabalhar em cima deles. A cadeia de alimentação, a biodiversidade brasileira, que pode ser importante na área de fármacos. A própria cadeia do petróleo que agora se desenvolve também vai ser um fator importante. Tem vários setores em que o Brasil pode ganhar. Não se imaginava no passado que o País pudesse ser forte na indústria aeronáutica. Então é muito difícil matar setores a priori. Acho que o exemplo da indústria aeronáutica é a boa exceção, mas o que é que foi? Uma boa universidade, uma boa formação de mão de obra, algum estímulo para que isso acontecesse. Começou com estímulo público mesmo e aí virou um setor privado de sucesso, competindo com os grandes do mundo. Eu me preocupo muito de dizer "Aqui nós não vamos ganhar". Dá para estimular alguns que a gente tem mais facilidade de ver como competitivos. Mas não dá para matar setores e dizer que "o Brasil não poderá ser bom na indústria de informática", por exemplo. Até porque hoje já temos uma indústria de software, relevante. A Totvs é uma das principais empresas de sistemas de gestão do mundo. Já temos polos de informática muito sofisticados. Então por que a gente vai abrir mão de biotecnologia, da indústria farmacêutica etc? É difícil matar setores. Acho que temos gente e mercado para enfrentar essas situações.

Vantagem comparativa também se cria?

Sim, a gente constrói. O segredo é saber apostar e fazer bem a coisa. Você só vai saber daqui a 20 anos se apostou bem, mas sabemos dos casos de sucesso, que são a Coreia, a Embraer, a Natura. O Brasil precisa apostar mais. Nesse jogo, quem acertou virou desenvolvido, como a Coreia, o Japão. Isso é P&D, isso é tecnologia, inovação, educação.

Falta espírito animal?

Estatal e animal. A Internet foi criada na sua origem por uma estratégia militar, aí o setor privado pega e leva esse processo para a rua; a Embraer foi assim também. Nesse caso, não precisa separar público e privado. Falta um pouco isso ao Brasil. Qual é a política de comércio exterior existente no Brasil? Por que os empresários dizem "tentamos ir" depois recuam? Você perde espaço no mercado internacional. O mercado internacional você não abre e fecha com muita facilidade, você precisa manter, como esses países vêm mantendo. Coreia, China, Alemanha têm um esforço de comércio exterior muito forte. Acho que aqui falta um pouco do espírito animal também para o governo.

fonte:http://www.dci.com.br/especial-da-semana/

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Comentário de petrúcio josé rodrigues em 26 agosto 2012 às 21:48

Caríssimo Romildo Leite,

Nosso País a quem tanto amamos, tem vivido a sazonalidade dos objetivos.

Retirar riqueza a todo vapor, tais com, o famoso “pau brasil”, “ouro, prata, pedras preciosas incluído os  diamantes”,  o minério de ferro normal ou pelotizado, e,  tantos outros elementos naturais, tornaram o Brasil afeito às variações  de ganhar ou perder muito.

Esta sazonalidade chama-se “safari econômico e financeiro”.  Safari, é algo ilegal, gostoso, pomposo e até certo ponto muito bonito,  porém sempre é praticado  pelos poderosos, que se deleitam em serem ilegais.

O  tema é “A hora é de elevar a produção”, que tem nossa aprovação. 

Nos idos das décadas 6070 e 70/80, uma palavra era a chave mágica, para um gigante ainda se firmando, cuja palavra era “REENGENHARIA”.  Junto a esta chave mágica, vieram os nomes muito conhecidos até hoje, com: PERT/CPM, TM, RACIONALIZAÇÃO DE SISTEMAS, E OUTRAS, QUE PASSARAM A FAZER PARTE  DO DIA A DIA, EM UM PAÍS  ABSOLETO.

A partir da década de 70/80, exemplificando a área têxtil, onde os enormes galpões pertencentes aos grupos: Othon Bezerra, Artur Lundrege, Joaquim Silveira, Batista da Silva, Antônio Carlos de Menezes, Bezerra de Menezes, Constâncio Vieira, Jose Alencar e outros mais expressivos, absorveram que somente ocorrendo um milagre técnico, seria possível evitar  a estagnação total.

A PRODUTIVIDADE, acolhida foi pela maioria, com fator de sobrevivência. Com isto, os equipamentos fundamentais, tais como:  Batedores (sala de abertura), Card Tanden, Teares sem lançadeiras ou a pinças, acabamentos com tecnologia  avançada, permitiram grandes  avanços de produção, qualidade, redução de  custos, resultando assim em índice de produtividade  capaz de se  equiparar a média das  américas, atrelado a estudos científicos voltados a RACIONALIZAÇÃO DE SISTEMAS OPERACIONAIS.

O “grito do Ipiranga” passou a ser ouvido ostensivamente, e passou a fazer parte do nosso cardápio de objetivos.

Não basta falar unicamente em PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, se estamos  negligenciando nos  controles e nos  resultados.

Não basta apenas produzirmos, com eficiência quando o Know-how é esquecido. Quando os controles são colocados em segundo Plano, porque lhes faltam parâmetros.

Companheiro, precisamos de uma forma geral, fazer o dever de casa para  alcançarmos a melhor produtividade, e com isto festejarmos a “produção elevada”.

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