Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A saga chinesa e o Brasil - Luis Nasif - |ultimosegundo.ig.com.br|

A história econômica dos últimos séculos não deixa margem a dúvidas. Conseguiram superar o subdesenvolvimento e se transformar em potências, países com estratégias claras sobre os seguintes temas:

Na fase inicial de industrialização, defesa cerrada da produção interna, seja através de tarifas, barreiras não-tarifárias ou câmbio depreciado.

Estímulo às exportações de produtos industrializados e à importação de matérias primas. Uso de toda sorte de subterfúgios para aumentar as exportações. No século, 18, a Inglaterra recorria a subfaturamento das exportações, contrabando, entre outros esquemas. Maneiras inteligentes e driblar a lógica do livre comércio defendida pelos países de melhor competitividade. A própria Inglatrerra adquiria produtos têxteis da Índia – que tinha uma indústria mais competitiva que a sua –, vendia para terceiros, com o lucro adquiria matérias primas. No seu território, só entravam as matérias primas.

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Menciono esses dados a propósito da ascensão da China, como futura superpotência mundial. Os jornais de ontem estavam coalhados de episódios revelando o estilo da China.

Em uma das frentes, uma ação dos Estados Unidos e da União Europeia na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra a decisão da China de restringir a exportação de commodities (produtos primários). Na outra, decisão da OMC, já tomada, condenando a China por restrição às vendas de produtos audiovisuais – especialmente downloads de programas e de músicas.

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A saga chinesa foi longa. O processo de abertura para o Ocidente começou nos longínquos anos 20. Nos anos 80 começou a se preparar para ser uma economia mista, estatal e de mercado. Montou uma estratégia clara, na qual todas as ações visavam atrair empresas, incorporar tecnologia e processos produtivos à sua economia. Justamente o oposto do que fez o Brasil pós-real, permitindo a ampla liberdade de capitais e desestimulando a instalação de empresas. Nesse período, a produção chinesa foi fundamentalmente estimulada por câmbio competitivo, seguindo a mesma lógica adotada pela Coreia e pelo Japão no pós-guerra. No início, câmbio garantindo preços baratos para produtos simples. Simultaneamente, investimento em educação e em desenvolvimento tecnológico, preparando o segundo tempo do jogo.

À medida que ia acumulando lucros e ganhando massa crítica, a China aderiu aos tratados da OMC, para aplainar as resistências contra seu crescimento. Mas sempre tratando de atuar nos limites das regras.

Esse tipo de estratégia foi adotada por muitas empresas monopolistas, como foi o caso da Microsoft. Para sustentar o crescimento, a empresa atropelava normas básicas de direito de concorrência, apropriava-se de ideias de terceiros. Depois, pagava as multas correspondentes nos respectivos tribunais, mas o ganho obtido, de domínio de mercado, compensava os custos.

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Enquanto a China avança nessa sinfonia, o noticiário de ontem informava o aumento vertiginoso da importação de máquinas e equipamentos chineses, em meio a uma profunda crise do setor nacional e à repetição do mesmo erro de apreciação cambial pelo Banco Central.

Abimaq prefere crédito do Finame

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) quer que o governo pressione os bancos a oferecerem prioritariamente o crédito do Finame, do BNDES. O presidente da associação, Luiz Aubert Neto, afirma que muitos bancos oferecem suas próprias linhas em detrimento das linhas do BNDES, que normalmente apresentam taxas de juros mais baixas. A proposta da Abimaq considera que, para cada R$ 1,00 de crédito do Finame, os bancos tenham R$ 2,00 dos depósitos compulsórios liberados.

Brasil tem superávit comercial

O saldo comercial com a China voltou a ficar superavitário em junho. No acumulado de janeiro até a segunda semana de junho, o superávit atingiu US$ 2,8 bilhões, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Dois fatores foram determinantes: a recomposição de estoques de matérias-primas da China, o que ampliou as vendas de minério de ferro e soja, e a queda das importações de componentes e máquinas chinesas diante da retração da atividade industrial.

ONU quer modelo econômico inclusivo

A ONU (Organização das Nações Unidas) defende a mudança do modelo econômico global, com maior participação de todos os países. Miguel D'Escoto, presidente da Assembleia Geral da ONU, abriu a reunião de três dias exortando os países ricos a permitirem maior participação das demais nações nas decisões financeiras. Porém, os países ricos ainda resistem em dividir a gestão das instituições financeiras multilaterais e a criar um padrão global de regulação financeira.

Economia global em contração

A economia mundial permanece em retração, segundo documento preparado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a crise mundial. O fundo observa que os esforços governamentais anticrise só devem apresentar os primeiros resultados no próximo ano. Além disso, a crise global foi decorrente de sérias falhas regulatórias, que permitiram o otimismo excessivo, e que os esforços internacionais serão necessários para a recuperação global.

Mais empresas ficam inadimplentes

O número de empresas inadimplentes aumentou 27% desde o início do ano no comparativo com o mesmo período de 2008, segundo o Indicador Serasa Experian de Inadimplência de Pessoa Jurídica. No entanto, os analistas da entidade acreditam que o índice deve desacelerar nos próximos meses com a melhora da atividade econômica (via redução de juros, retomada parcial do crédito e aumento do consumo).

BCE dá crédito a bancos

Para estimular o crédito na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) emprestou 442,24 bilhões de euros às instituições privadas. Esta é a primeira operação de financiamento com prazo de um ano efetuada pela entidade desde dezembro de 2007, quando foram concedidos 349 bilhões de euros. Cerca de 1.121 bancos da região pediram créditos sobre doze meses com taxa fixa de 1%, e todos os pedidos foram atendidos, disse o BCE. Outra medida a ser implementada a partir de julho envolve a compra de cerca de 60 bilhões de euros em obrigações bancárias.

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