Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Abrir 70 lojas no ano É “MISTO DE OUSADIA E REALISMO”, diz Renner

José Galló trabalha no varejo desde os tempos de estagiário, nos anos 1980, e comanda a rede de moda Renner, a maior do país, há mais de duas décadas. Ao longo de toda essa experiência, diz ter aprendido uma premissa simples: para administrar uma empresa, não adianta traçar estratégias “sentado em um escritório”, é preciso estar próximo público.

José Gallo, presidente da Renner, lança livro em Porto Alegre (Foto: Jefferson Bernardes/Agência Preview)José Gallo, presidente da Renner, lança livro em Porto Alegre (Foto: Jefferson Bernardes/Agência Preview)

José Gallo, presidente da Renner, lança livro em Porto Alegre (Foto: Jefferson Bernardes/Agência Preview)

Ele refuta a fama de conservador no mercado e lembra que o grupo está abrindo 70 lojas neste ano. “Não somos tão conservadores assim”, disse. “Eu diria que a gente está fazendo isso por um misto de ousadia e realismo. Porque as crises passam. Você cria metros quadrados que, terminada a crise, vão passar a receber ainda mais consumidores”, disse.

O empresário compartilha seus aprendizados no varejo brasileiro no livro “O poder do encantamento”, da editora Planeta, lançado nesta quarta-feira (27) em São Paulo e na véspera em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Por telefone, ele contou ao G1 o que esperar da obra, falou sobre os planos da Renner e sobre o fim da crise. Abaixo, leia os melhores trechos da entrevista:

O mercado diz que a Renner está conseguindo passar bem pela crise porque quando a economia está crescendo ela é conservadora. Isso vai mudar quando a recessão ficar para trás?

Olha, este ano nós vamos abrir 70 lojas, somando Camicado, Renner e Youcom. Então, eu diria que nós não somos tão conservadores assim. Se você olhar aí para o mercado, não está acontecendo isso nos nossos concorrentes. Mas eu diria que a gente está fazendo isso por um misto de ousadia e realismo. Porque as crises passam. No fundo, no fundo, a crise pode ser um momento de oportunidade. Você cria metros quadrados que, terminada a crise, vão passar a receber ainda mais consumidores. A gente também acredita na consolidação do varejo. Hoje em dia, as cinco maiores cadeias de vestuário do Brasil têm ao redor de 12% a 13% do mercado de moda. E para esse processo de consolidação você precisa ter lojas para receber as pessoas.

Você já enxerga o fim desta crise?

A gente não ouve mais a palavra crise, a gente não lê mais nos veículos impressos a palavra crise. Para mim, isso reflete um estado de como as pessoas estão vendo o momento atual e o futuro. Sem dúvida nenhuma, começa a melhorar a confiança, o humor das pessoas. E tudo isso é ratificado por números. Acho que no Brasil aconteceu um verdadeiro milagre. Você em um ano e pouco sair de uma inflação de 10%, 11%, para menos de 3% e sair de uma taxa de Juros de 13%, 14%, e ir para uma Selic de 8%, 8,25%, é um milagre. No passado, quando a gente conseguia isso, era coisa para três a quatro anos de sacrifícios e planos, alguns funcionando e outros não. As pessoas não se dão conta, mas a gente neste país já viveu inflação de 80% ao mês.

A que você credita esse “milagre”?

É muito simples: passou a ter gestão. A gestão serve para empresas, para clubes de futebol e serve para um país. Você cria um corpo de gestores de altíssimo nível e as coisas acontecem, a gente deixa de ter aventuras mirabolantes e passa a ter planos, medidas realistas, necessárias, e com isso começa a ter resultados.

O seu mandato como presidente da Renner foi estendido até 2019, quando o senhor terá 67 anos. Muita gente questiona como vai ser a Renner sem o Galló. Eu te pergunto: como vai ser o Galló sem a Renner?

Em primeiro lugar, a gente aqui na Renner tem um processo de sucessão para todos os níveis, o que me dá uma tranquilidade muito grande, e ao mercado também. E, além disso, eu vou continuar no conselho de administração, não vou evaporar.

Mas você pensa em outros projetos além do conselho?

Não, meu projeto se chama Renner. E se eu tiver que pensar nisso, deixa para mais adiante. Certamente mais adiante eu vou pensar sobre isso. Mas o importante é o seguinte: ninguém faz nada sozinho. O que está acontecendo aí [na Renner] é fruto de um trabalho de uma equipe competente, unida, maravilhosa. Estou bem tranquilo em relação a isso.

Muitas empresas de outros setores do varejo estão migrando para o e-commerce e há companhias de moda que só vendem online. A Renner pretende avançar mais na internet?

Nós temos um e-commerce que hoje cresce mais ou menos três a quatro vezes do que cresce o e-commerce de moda no Brasil. A gente acha que, sem dúvida, é preciso se atualizar e o consumidor hoje quer algo além das lojas físicas. Você tem que proporcionar isso a ele, mas eu acredito muito é na multicanalidade. A moda, a roupa, tem uma série de características diferentes de outros tipos de produto, a moda contém muita emoção. Ir às lojas ainda é um ato prazeroso, certamente é muito mais prazeroso do que você fazer uma compra na frente de um computador ou de um smartphone. Mas tem pessoas que por gostarem ou até por necessidade vão comprar [online], mas aí você tem a devolução, que pode ser feita nas lojas. A própria existência de uma rede de lojas dá credibilidade ao e-commerce.

Você falou de expansão. Vocês abriram a primeira loja fora do país, no Uruguai, e tem mais três previstas para o até o ano que vem. Vocês têm planos de ir para outros países?

A gente está no Uruguai, abriremos mais duas [lojas] e no ano que vem devemos abrir mais uma ou duas.

O senhor está na Renner desde 1991, são 26 anos. O varejo mudou muito desde então. Mas e nas estratégias de gestão, o que mudou? Seu aborda isso?

Na verdade, o livro retroage um pouco mais. Toda a minha carreira sempre foi no varejo, o que é um fato curioso. Para você ter uma ideia, da minha turma de 40 colegas da FGV, me formei nos anos 80, só eu estou no varejo. Naquela época, o pessoal gostava muito de instituições financeiras, de trabalhar em multinacionais. Eu, por circunstâncias da vida, comecei meu segundo estágio, que se tornou emprego, no varejo. Depois desse tempo eu voltei [de São Paulo] para o Rio Grande do Sul, trabalhei numa empresa que é mais ou menos um Ponto Frio, depois eu tive o meu negócio, e só depois eu vim pra Renner. Na realidade, o varejo entrou na minha vida muito antes da Renner.

O que as pessoas vão encontrar no seu livro?

Tem muito aí das minhas crenças, toda a questão do encantamento do cliente, a importância das pessoas, a questão da simplicidade, da rapidez, da velocidade, enfim, da consistência. Se você me perguntar: além de encantar clientes, quais foram as características fortes nesse crescimento da Renner? Foram exatamente a disciplina e a consistência. A disciplina de continuar sempre no mesmo foco, evitando distrações, de uma forma consistente.

Fonte: G1

http://sbvc.com.br/70lojas-ousadia-renner/

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