Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Empresas pequenas não conseguem pagar dívidas e vão à falência

Os 300 empregados da empresa chinesa Aomi Fluid Equipment ficaram encantados quando o dono ofereceu uma viagem de dois dias com todas as despesas pagas para um resort na montanha, a cerca de três horas daqui.

O dono, Sun Fucai – ou Chefe Sun, como é conhecido – foi tão insistente que seus funcionários disseram que ele chegou a impor uma multa de US$ 30 para qualquer um que recusasse a viagem. Praticamente todos foram. Exceto o Chefe Sun.

 

 

O dono desta fábrica fugiu para escapar de dívidas com agiotas

Quando os empregados voltaram dessa escapada para as montanhas, descobriram que a fábrica havia sido esvaziada de seus equipamentos e que o Chefe Sun havia abandonado tudo.

''Estava totalmente vazia’', disse o ex-empregado Li Heying, sobre a fábrica. ''Estava do jeito que as coisas ficam durante a guerra’'.

O chefe, como veio à tona, devia milhões de dólares a agiotas – pessoas que emprestam dinheiro ilegalmente, um tipo ao qual muitas empresas privadas chinesas rotineiramente recorrem, pois os bancos controlados pelo governo normalmente emprestam apenas às grandes corporações estatais.

Conforme a economia chinesa começou a desacelerar, lentamente mais e mais empreendedores estão se vendo na mesma situação de Sun – incapazes de saldar dívidas que sobem com taxas que chegam a 70 por cento nesse sistema de empréstimo irregular no país. O volume desses empréstimos ilegais chega a US$ 630 bilhões por ano, o equivalente a cerca de 10 por cento do PIB chinês, conforme estimativa do banco de investimentos UBS.

Nos últimos meses pelo menos 90 executivos dessa cidade costeira, a uma hora de voo ao sul de Xangai, desapareceram por conta do acúmulo de dívidas e falência iminente, de acordo com relatório do governo local.

Seja por conta do medo do estilo mafioso de cobrança dos agiotas – sequestros e joelhos quebrados são táticas comuns – ou a penalização que a desonra familiar acarreta na sociedade chinesa, alguns dos desaparecidos de Wenzhou estão escondidos ou refugiados além-mar.

E nas últimas semanas ao menos três tentaram cometer suicídio saltando do topo de prédios na cidade, de acordo com a agência estatal de notícias, Xinhua, que relatou que dois deles morreram e o outro sobreviveu, mas quebrou a perna.

O fato de magnatas de uma cidade conhecida por seus competentes empreendedores estarem fugindo amedrontados gerou um medo de que os negócios privados, uma parte vibrante da economia chinesa, podem estar perdendo força – enquanto expõe o sistema financeiro irregular e de alto risco do qual muitas das pequenas e médias empresas chinesas começaram a depender.

''Sempre houve pessoas fugindo por não conseguirem pagar suas dívidas’', disse Wang Yuecai, gerente geral da Wenzhou Yinfeng Investment & Guarantee, que concede empréstimos bancários estatais às pequenas empresas que têm a sorte de consegui-los. ''Mas ultimamente a situação aqui piorou muito’'.

Recentemente, o primeiro-ministro Wen Jiabao e uma delegação de autoridades renomadas, incluindo o diretor do banco central nacional, visitaram Wenzhou prometendo conseguir que bancos oficiais concedam mais empréstimos a empresas pequenas e combater agiotas, que cobram taxas abusivas.
Também recentemente, o conselho estatal da China anunciou uma série de medidas destinadas a ajudar pequenos negócios com benefícios fiscais e novas linhas de crédito.

Sem dúvida, Pequim está preocupada que problemas similares possam acometer outras partes do país.
''Isso não está acontecendo só em Wenzhou’', disse Chang Chun, que leciona no Instituto Avançado de Finanças de Xangai. ''Algumas companhias fazem empréstimos junto a bancos estatais e depois emprestam para o mercado negro.Muitas estão fazendo esse tipo de arbitrariedade’'.

Mas cercear os agiotas será uma grande dificuldade não só pela proliferação da atividade, mas porque ela mesma é em parte resultado das políticas bancárias do próprio governo.

Aqui em Wenzhou, conhecida por suas fábricas de canetas, tecidos e isqueiros, os empresários reclamam que estão penando com a inflação e o aumento do preço das matérias-primas. Mas eles também apontam para um estrangulamento de crédito criado pelo governo.

 

  

Li Heying, 54, perdeu seu emprego quando o dono da fábrica fugiu

Assim como em qualquer outro lugar da China, a maior parte dos empréstimos em Wenzhou vai para grandes corporações ou para projetos financeiros apoiados pelo governo, dificultando sempre que negócios menores consigam fazer empréstimos. ''Esse sistema irregular de empréstimos foi agravado pelas restrições de crédito que fizeram que o empréstimo pelo sistema bancário oficial ficasse ainda mais difícil’', disse Wang Tao, economista da UBS baseado em Hong Kong.

Enquanto isso, assim como acontece por toda a China, o governo mantém as taxas aplicadas à poupança tão baixas – atualmente é apenas metade do índice de inflação de 6 por cento – que as pessoas têm buscado outras formas de fazer seu dinheiro render.

Muitas famílias investem seu dinheiro em sindicatos irregulares de empréstimo, a fonte que fez com que tomadores de empréstimo como o Chefe Sun perdessem a cabeça. De acordo com uma pesquisa local, mais de 90 por cento das famílias investiram nesse tipo de fundo.

Enquanto a economia chinesa estava crescendo aceleradamente a uma taxa de 11 por cento ao ano, pequenas empresas poderiam esperar um volume de negócios que as deixaria sempre um ou dois passos à frente dos agiotas. Mas havia uma pequena margem de erro.

Agora, empresas aqui e em toda China têm sigo pegas desprevenidas, pois a economia do país começou a desacelerar e tem uma projeção de crescimento de 9 por cento até o final do ano, em resposta a medidas impostas pelo governo para combater a inflação e esvaziar a bolha imobiliária.

Wang, da UBS, disse que a desaceleração da economia e enfraquecimento das exportações atingiria muitas das pequenas empresas chinesas. De acordo com uma pesquisa recente do conselho de micro e pequenas empresas da cidade, uma em cada cinco das 360 mil microempresas de Wenzhou recentemente encerrou suas atividades devido à escassez de recursos financeiros.

Na Aomi, ex-funcionários entrevistados disseram que Sun, como muitos outros empreendedores de Wenzhou, não apenas fez empréstimos com agiotas como também mexeu nos fundos da empresa para emprestar a outras companhias privadas a taxas exorbitantes. Isso o deixaria ainda mais exposto se qualquer uma das empresas que dele pegou um empréstimo sucumbisse.

''Ele estava fazendo um negócio financeiro’', disse Ding Shouyu, antigo executivo da Aomi que deixou a companhia pouco antes de seu colapso. ''Mas então tudo desmoronou’'.

Outros trabalhadores disseram que a Aomi, que fabrica válvulas, estava indo relativamente bem e estava ocupada atendendo a pedidos ao mesmo tempo que Sun debandou. Eles disseram que ele lhes devia cerca de US$ 157 mil em salários, pagos subsequentemente pelo governo local.

Depois da visita de Wen à cidade, Sun e diversos outros empresários que recentemente haviam abandonado Wenzhou fizeram um acordo com o governo local para voltar à cidade.

Autoridades da cidade não divulgaram detalhes do acordo com Sun, mas o governo liberou uma nota dizendo que iria apoiar a empresa Aomi e também garantir a segurança de Sun.

 

Fonte:|http://economia.ig.com.br/agiotagem-afeta-china-desacelerada/n15973...

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Comentário de victor Antonio Misquey em 22 outubro 2011 às 13:53

Pois é; é possivel que nós vamos ver futuramente uma desorganização em vários setores da china.

Eles arrebentam com o mundo e salve-se quem puder

Quem viver verá!

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