Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|tribunadonorte.com.br|

Tomislav R. Femenick Mestre em Economia e Historiador

Em janeiro deste ano no realizado em Apodi um seminário que atraiu mais de duas centenas de participantes. O
encontro tratou da cotonicultura irrigada na região que compreende os
município de Apodi, Felipe Guerra, Caraúbas e Governador Dix-sept
Rosado. No evento foram abordados temas como a transferência de
tecnologias para a sustentabilidade do algodoeiro no semi-árido, combate
às pragas que mais comumente atacas a lavoura, a cadeia produtiva e
outros relacionados ao assunto, sem esquecer a problemática relacionada
às condições climáticas da região. Entretanto, muito mais importante que
as várias proposições discutidas foi o seminário em si mesmo, pois ele
evidencia que há uma preocupação em revitalizar o plantio desse que já
foi um dos principais produtos da agricultura potiguar.

É fato concreto que, na América, o seu plantio e manufatora do algodão para uso
humano é anterior a presença européia, pois se trata de plana nativa.
Nos anos 30 do século XVI, início da colonização do Brasil, a coroa
portuguesa apreendeu uma embarcação francesa, a nau Pelerine, que
carregava 300 quintais (17,6 toneladas) de pluma e outros tantos de
caroço de algodão. Em seu “Tratado descritivo do Brasil em 1587”,
Gabriel Soares de Souza diz que os índios chamam ao algodão de “Maniim” e
que suas “árvores parecem marmeleiros arruados em pomares, mas a
madeira dele é como de sabugueiro, mole e oca por dentro; a folha parece
de parreira”. No nordeste brasileiro o algodoeiro era cultivado pelos
índios Cariris (cujo território ia do Ceará, à Bahia), que o utilizavam
para tecer panos. Esses indígenas usavam o algodão Mocó (hoje conhecido
comercialmente mais como Seridó), que também já foi conhecido como
Sedinha, Mocozinho, Mocozão e Mocó-tocha. A adaptação dessa variedade às
condições do semi-árido (e a existência de várias subespécies) são
provas evidentes da sua antigüidade.

No Rio Grande do Norte, o cultivo comercial do algodão Moco data da época colonial. Pesquisa do
Instituto Agronômico de São Paulo revelam a existência de algodoal dessa
variedade no lugar olho D’Água da Seriema, no Município de Acari, no
vale do Seridó, anterior a 1807. A sua dispersão para outras regiões do
Estado se deu na segunda metade do século XIX, quando ocorreu uma grande
valorização do produto, em decorrência da demanda exercida pela
indústria têxtil inglesa, que se viu com falta de matéria prima, em
decorrência da Guerra (da Secessão) que se desenrolava nos Estados
Unidos.

Desde então o algodão passou a ser um fator do desenvolvimento do agro-negócio do potiguar. Nos anos 10 do século
passado, havia no Seridó cerca de 170 máquinas beneficiadoras e, entre
1911 e 1915, o Estado exportou 24.509,3 toneladas de algodão; pouco mais
da metade pelo porto de Areia Branca. O maior consumidor era o mercado
interno, apoiado em 202 fábricas de tecidos de algodão. No entanto,
paulatinamente os produtores nordestinos perderam a hegemonia como
principais fornecedores da matéria-prima consumida pela indústria têxtil
nacional, gerando uma crise só superada nos anos 20, quando a procura
mundial por algodão e um novo desenvolvimento da manufatura têxtil
brasileira novamente acirraram a demanda pelo produto.

Os anos 20 proporcionaram uma das fases áureas da nossa cotonicultura, quando o
algodão era chamado de ouro branco. Foi nessa época que o Município de
“Espírito Santo” mudou o nome para “Ouro Branco”. Em 1923 a Cia.
Brasileira de Linhas para Coser (Linhas Corrente), do grupo Machine
Cottons Limited, de Glasgow, na Escócia, começou a fazer experimentos em
sua fazenda localizada em São Miguel, visando selecionar as melhores
sub-variedades do Moco. No mesmo período, o governo do RN criou o
“Serviço Estadual do Algodão” e o “Serviço de Classificação do Algodão” e
o Ministério da Agricultura fundou a “Estação Experimental do Seridó”,
em Acari. Há muito mais histórias para serem contadas.

Ao longo dos anos, a cadeia produtiva do algodão no Rio Grande do Norte tem
vivido uma sucessão fases, em que se alternam tempos bons e tempos
ruins. Atualmente estamos tentando nos recuperar da mais perversa de
todas as crises, que se iniciou nos anos 70 do século passado, provocada
pela praga do bicudo e prolongada por fatores climáticos e econômicos.

Todavia, há movimentos procurando a sua recuperação. Em 2005 já existiam 22 mil
hectares plantados com algodoeiros no território potiguar. Porém o
esforço é voltado para que sejam cultivados pelo menos 50 mil hectares,
com plantio nas regiões Oeste, Vale do Açu e Seridó, em terras de
agricultores de médio e grande porte, daqueles que exercem a agricultura
familiar e de assentados da reforma agrária. Para isso, eles contariam
com o apoio da indústria de beneficiamento, que possui seis usinas –
localizadas em Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Lajes, São Tomé,
Parelhas e Touros –, com capacidade total para processar 30 mil
toneladas por ano de algodão em caroço por ano. O objetivo é que toda a
produção seja consumida pelas indústrias têxtil e de confecções
instaladas no Estado.

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