Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Alfaitaria de Luxo Encolhe e Corre Risco na França

Fonte:|valoronline.com.br|

Os ex-presidentes da França François Mitterrand (esq.) e Jacques Chirac: ternos sob medida para manter elegância
Na França, berço da alta-costura feminina, o mercado de alfaiataria de luxo enfrenta problemas de falta de mão-de-obra qualificada. O negócio de cortar e costurar à mão ternos, camisas e gravatas, vem encolhendo e corre risco de sumir.

"Essa profissão artesanal está em vias de extinção. Temos muita dificuldade para encontrar funcionários experientes para o nosso ateliê de costura", diz Liliane Cifonelli, filha do fundador de uma das alfaiatarias mais renomadas de Paris.

A Cifonelli foi inaugurada há 85 anos e tem na lista de clientes os ex-presidentes franceses François Mitterrand e Jacques Chirac, o ex-presidente da Hermès, Jean-Louis Dumas, e o estilista Karl Lagerfeld.

Os ternos da Cifonelli são cortados com os ombros, por exemplo, inclinados para a frente para permitir maior liberdade dos movimentos. Consomem, em média, 70 horas de trabalho e custam a partir de € 4,9 mil. Massimo e Lorenzo, filho e sobrinho do fundador, comandam o ateliê de costura, onde trabalham cerca de 30 pessoas.

Os dois empresários estão na faixa dos 40 anos, o que garante uma certa longevidade a essa alfaiataria próxima à Champs-Elysées, já frequentada no passado por alguns brasileiros, como Antonio Mayrink Veiga e membros da família Monteiro de Carvalho.

Essa não é, no entanto, a situação de grande parte das alfaiatarias de luxo francesas.

"Cerca de 80% estão prestes a se aposentar. A idade média dos costureiros é de 60 a 70 anos. E muitos desses negócios poderão não ser retomados por outros profissionais", disse Fania Monegier, diretora do centro de formação da Federação de Mestres Alfaiates da França.

Os números são impressionantes: dos cerca de 10 mil alfaiates que existiam na França em 1981, a federação estima que restaram apenas 300. Somente três ou quatro abriram um negócio em Paris nos últimos dez anos.

"Por isso criamos essa escola, há seis anos, e estamos constatando que há um aumento da demanda por esse tipo de formação. Os jovens se interessam cada vez mais pela moda e pela sua aparência em geral e isso também desperta vocações, afirma Monegier.

Segundo ela, o setor da alfaiataria vem sofrendo problema de falta de mão-de-obra, apesar do aumento da demanda por modelos sob medida e exclusivos. Até então restritos a grandes executivos ou políticos, ternos e camisas feitos por alfaiate já conquistaram uma clientela mais jovem, na faixa dos 30 e 40 anos, diz Liliane Cifonelli.

A grife Charvet, na Place Vendôme, famosa por suas camisas que exigem a tomada de 18 medidas do corpo e com preços entre € 420 e € 600, adotou estratégia para rejuvenescer sua clientela, oferecendo tecidos com cores e estampas variadas, diz Anne-Marie Colbain, co-proprietária da Charvet.

A francesa Hermès, um dos maiores símbolos mundiais do luxo, não poderia deixar de ter um serviço de roupas masculinas sob medida. Pelo menos 30 medidas do corpo são tomadas para fazer um terno da grife, com preços a partir de € 6,4 mil e que necessita entre 80 e 100 horas de trabalho. A Hermès também faz camisas sob medida, com preços a partir de € 540.

Não foi só o número de alfaiates de luxo que diminuiu nas últimas décadas. As casas de alta-costura francesas passaram de 106, no final da Segunda Guerra, para apenas 11 atualmente.

Mas a alta-costura feminina, que deixou de ser rentável há muito tempo, é a grande vitrine da moda francesa. É ela que permite vender roupas de prêt-à-porter e sobretudo bolsas, óculos e perfumes a um grande público. Por isso as marcas e também o governo francês não têm interesse nenhum em que a alta-costura suma das passarelas.

Prova disso foi a presença do ministro da Indústria da França, Éric Besson, na recente inauguração da nova sede, no final de março, da prestigiosa Escola da Câmara Sindical da Costura, por onde já passaram nomes como Yves Saint-Laurent, Valentino, Issey Myake ou o brasileiro Gustavo Lins. A área da nova escola dobrou e o tempo de curso foi prolongado para quatro anos, o que indicaria o maior interesse por esse tipo de formação.

"A moda ocupa um lugar estratégico na economia francesa. Ela representa mais de 120 mil empregos e um faturamento de € 33 bilhões", disse o ministro no evento, onde também prometeu uma série de financiamentos para jovens costureiros.

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