Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Alta do petróleo é faca de dois gumes para latino-americanos

CARACAS — A alta dos preços do petróleo, impulsionada pela instabilidade no Norte da África, trará lucros para os grandes produtores latino-americanos, mas também terá efeitos negativos em muitos deles, por serem importadores de gasolina e seus derivados, opinaram especialistas.

Venezuela, Brasil, Equador ou Colômbia são países que arrecadaram mais com suas exportações de petróleo, mas também deverão enfrentar gastos maiores com a importação de seus derivados, essenciais para manter a indústria ativa, o que inevitavelmente se traduz em inflação.

Nesta quinta-feira, o barril de petróleo era vendido a 101 dólares em Nova York, e o Brent do Mar do Norte estava cotado em 116,70 dólares em Londres.

Apesar do nervosismo do mercado pelas revoltas na Líbia, a Agência Internacional de Energia (AIE) informou que as reservas são suficientes, ao menos até o fim do mês.

Aos olhos dos especialistas, o primeiro beneficiado por esta alta de preços é a Venezuela, maior produtor de petróleo da região, que extrai diariamente em torno de 3 milhões de barris, segundo cifras oficiais.

O petróleo está na origem de 90% das moedas que entram no país, e as receitas subiram notavelmente. As autoridades venezuelanas sempre observaram com satisfação um barril a 100 dólares, preço que o governo do presidente Hugo Chávez considera justo.

"A alta dos preços se vê influenciada pelos problemas no norte da África e no Oriente Médio, mas não é um motivo de alarme. Era esperado que o barril se situasse em torno dos 100 dólares, e creio que os preços se manterão nesse patamar quando a instabilidade acabar, e espero que a economia assimile esses preços sem distorções", declarou o venezuelano Alvaro Silva Calderón, ex-secretário geral da OPEP.

No Brasil, as consequências do aumento do petróleo não são muito positivas. O aumento "pode prejudicar o crescimento econômico do país (...), que é exportador de commodities" e necessita de derivados de petróleo para produzi-las, explicou Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

O Brasil importa de 10% a 15% de seu petróleo, porque as refinarias da Petrobras não podem refinar o petróleo pesado que o Brasil extrai.

O país compra no exterior gasolina e querosene para a aviação, enquanto que o grosso da produção da Petrobras destina-se ao consumo interno, sem obter muitas receitas com a comercialização no mercado internacional.

A isso se soma o fato de a Petrobras não transmitir os aumentos de preços do barril ao consumidor, sendo a empresa encarregada de absorver o custo de um aumento nos preços dos derivados ou do petróleo leve que importa.

No entanto, para a Petrobras, que tem reservas comprovadas de quase 16 bilhões de barris de petróleo equivalente, o aumento dos preços gerará ganhos, afirma o especialista.

Segundo Fernando Santos, ex-ministro equatoriano de Petróleo e ex-secretário geral da OPEP, um barril mais caro trará consigo mais receitas para a estatal Petroequador, encarregada de exportar a produção, mas o país importará 45 milhões de barris de derivados em 2011 e deverá pagar mais caro por eles, o que aumentará o déficit de sua balança comercial.

"Há um fenômeno especulativo. Cada dólar acima dos 100 é especulação. Não é bom para os produtores nem para a economia mundial", disse José Luis Ziritt, presidente da Associação da Indústria de Hidrocarbonetos do Equador (AIHE), lembrando que a Opep fez uma redução de 4 milhões de barris no fim de 2008, havendo capacidade suficiente para suprir a demanda no caso de a Líbia deixar de produzir.

Venezuela e Equador são os únicos dois membros latino-americanos da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Na Colômbia, país que produz cerca de 800.000 barris diários de petróleo, essa alta seria positiva para as receitas em um primeiro momento, mas traria impacto inflacionário e impulsionaria a revalorização do peso, que o governo tenta frear devido à perda de competitividade que provocaria, segundo especialistas.

"Se assumirmos que o choque de petróleo vai ser permanente, podemos prever um impacto negativo sobre o consumo dos lares", advertiu Francisco Chaves, analista da empresa Corretores e Associados.

 

FONTE: AFP

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