Ao contrário dos seus concorrentes europeus, já bem estabelecidos no mercado, os designers americanos começam apenas agora a investir na China. A lenta recuperação da economia interna e o potencial dos consumidores asiáticos está a levar marcas como Donna Karan e Michael Kors a apostar forte no Império do Meio.
A China está na moda para os principais designers americanos, numa altura em que tentam entrar no mercado para artigos de luxo com maior crescimento do mundo a fim de combater a lenta recuperação económica em casa, mas os analistas afirmam que estão atrás dos seus rivais europeus no que respeita a entender o potencial do gigante asiático.
Entre os consumidores chineses, as cinco marcas mais procuradas nos últimos dois anos foram todas europeias – Louis Vuitton, Chanel, Gucci, Dior e Armani – segundo a Bain & Co, que estima que as vendas de artigos de luxo na China cresceram até 30% em 2011.
«Os designers americanos são lentos a reconhecer o mercado asiático porque têm um mercado interno muito grande», afirmou David Wolfe, diretor criativo da empresa de tendências The Doneger Group, à margem da Semana de Moda de Nova Iorque.
Mas esse mercado interno tem lutado com a incerteza económica e embora o mercado de artigos de luxo dos EUA – ainda o maior do mundo à frente do Japão e da China – tenha melhorado no ano passado, a Bain & Co prevê que cresça a cerca de um terço da taxa da China.
«Tendo em conta a economia mundial, as tendências e as oportunidades, seria insensato para um designer americano ignorar o mercado chinês», sublinhou James Mischka, metade da dupla Badgley Mischka. «É um mercado estabelecido onde estamos a tentar entrar», revelou. A Badgley Mischka planeia expandir-se na China nos próximos cinco anos com a abertura de uma dúzia de lojas.
A China irá representar 20% do mercado mundial de luxo em 2015, com o consumo no país a quase triplicar para 27 mil milhões de dólares (20,42 mil milhões de euros) nessa altura, em comparação com os cerca de 10 mil milhões de dólares em 2009, segundo a empresa de consultoria McKinsey & Co.
«Muitas marcas americanas estão a vir tarde, muitas marcas americanas não estão ainda na China», apontou Veronica Chou, presidente da Iconix China, que até agora trouxe sete das suas marcas americanas, incluindo a Badgley Mischka, para a China. «O mercado de consumo americano é tão grande, as marcas são tão felizes aqui e as suas folhas de balanço são tão boas. Se forem para a China é um investimento enorme, leva muito tempo», declarou.
A designer americana Donna Karan abriu a primeira loja na China em 2006 e tem agora 40 por todo o país, com um crescimento nas vendas comparáveis de cerca de 30% ao ano, indicou Paul Kotrba, vice-presidente de vendas internacionais e desenvolvimento de negócio. O consumidor chinês «tornou-se um motor de crescimento considerável para a nossa marca», acrescentou.
Karan revelou ainda que, sem retirar o espírito das suas roupas, as ajusta em termos de tamanho, cores e design para responder às necessidades do consumidor asiático. «Curiosamente, as partes mais moda da nossa coleção são as mais apelativas junto dos nossos consumidores chineses», confirmou Karan, que em setembro último teve várias atrizes chinesas no seu desfile na Semana de Moda de Nova Iorque.
A empresa de 30 anos do designer Michael Kors, que entrou recentemente na Bolsa de Valores de Nova Iorque, tem uma mão cheia de lojas na China e há seis meses atrás nomeou um diretor-executivo para a China num sinal de que planeia expandir a sua presença. Kors indicou que os consumidores chineses estão a mudar de um logótipo de designer ou peças óbvias – artigos que tornam claro que marca estão a usar – para peças mais discretas, apesar de boas. «Os clientes de luxo em todo o mundo têm agora mais em comum… querem moda que seja bem feita, chique e usável em Xangai como se estivessem em Paris ou Nova Iorque» afirmou Kors, também júri no concurso “Project Runway”.
Mas foram feitas algumas mudanças para servir o mercado chinês, sublinhou Patricia Pao, da empresa de consultoria Pao Principle, como incluir mais vermelho numa coleção, já que é considerada uma cor da sorte na China. «Os chineses precisam de tamanhos mais pequenos para o seu tipo de corpo. Um dos motivos pelos quais a coleção Versace for H&M não teve sucesso na China foi o facto de não servir às mulheres chinesas», exemplificou Pao. «As mulheres chinesas gostam de vestuário mais elaborado, o que cria um grande desafio para marcas minimalistas como a Prada», acrescentou.
A China é agora o segundo país com mais bilionários do mundo, atrás dos EUA, segundo a Forbes. Um mercado imobiliário em ascensão ajudou a impulsionar o crescimento explosivo da economia chinesa nos últimos anos, mas Pequim tentou manter os preços em baixa numa tentativa de evitar uma bolha especulativa devastadora.
«Não conheço nenhuma marca que não esteja a discutir o crescimento dinâmico do consumo de luxo nessa parte do mundo», assegurou Alison Loehnis, diretora-geral do retalhista de luxo on-line Net-a-Porter.
A Ralph Lauren também revelou que se vai centrar na abertura de lojas de topo na China. O diretor de operações, Roger Farah, chamou à emergente classe média da China «os clientes de luxo mais importantes do mundo».
Robert Burke, da consultora de luxo Robert Burke Associates, destacou que as principais marcas europeias investiram fortemente para conseguirem ser populares na China e que os designers americanos de topo precisam de os seguir. «Grandes trabalhos na China. Grandes vendas. Grandes lojas de retalho, grandes eventos, um grande impacto – funciona lá», indicou Burke. «Dito isto, há interesse por parte de um consumidor chinês mais novo para designers como Philip Lim, Jason Wu e Thakoon. Estamos a ver um consumidor mais novo a ter um verdadeiro interesse em designers emergentes», revelou Burke.
Jason Wu, mais conhecido por ter criado o vestido da Primeira-Dama Michelle Obama para o Baile Inaugural, vende as suas coleções na cadeia chinesa de department stores de luxo Lane Crawford. «É um mercado verdadeiramente fantástico», considera. «Estou mesmo a aumentar a minha presença internacional e a China é definitivamente uma parte importante disso», concluiu.
Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/40598/xmview/...
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