Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Amy Webb: a inteligência viva e o fear of missing anything

CEO do Future Today Strategy Group descreve a convergência entre IA, biotecnologia e sensores; além de alertar para os efeitos de um mundo em transição.

Com uma saudação em português e a fila que começou três horas antes de sua chegada, Amy Webb apresentou não só a 18ª edição do Emerging Tech Trend Report, como a nova identidade de sua companhia. Agora, o Future Today Institute, se chamará Future Today Strategy Group (FTSG), com o objetivo de não apenas mapear os sinais de transformação através dos dados, mas se aproximar das companhias e ajudá-las a aplicar a metodologia.

Amy Webb no SXSW 2025

Mas, passadas as apresentações, a frase escolhida pela futurista para abrir sua fala foi a de Vladimir Lenin: “Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”, seguida de uma provocação “Por algum estranho motivo, eu não consigo parar de pensar em autoritários megalomaníacos, homens perigosos que querem provar o tamanho do seu poder não importa o que isso custe”, alertou a futurista.

No ano passado, ela já havia alertado o público do SXSW sobre o perigo dos “messias da tecnologia” em uma crítica aberta a Elon Musk. Webb lembrou que o mundo viveu, mais uma vez, seu ano mais quente. Ainda assim, Musk continuaria enviando satélites para a órbita terrestre, danificando a camada de ozônio.

Ela também citou como, de repente, a humanidade está lidando com microplásticos encontrados até no cérebro e a criação de um evento esportivos em que os atletas pode usar substâncias indiscriminadamente para ampliar seu desempenho, os Enhanced Games. Segundo Webb, esses são sintomas de algo maior. “Amigos, nossa civilização está começando a mudar de formas que não conseguimos explicar. E isso está acontecendo rápido. Como resultado, as regras sobre as quais nossa sociedade sempre operou estão ruindo”.

Para a futurista, em 2024 o mundo entrou na transição para o que ela chama de Beyond (para além, em tradução livre). Esse novo mundo é marcado pela convergência da inteligência artificial, a biotecnologia e sensores avançados. Juntos, eles criariam um superciclo tecnológico, um longo período de expansão econômica com uma onda de crescimento seguida por uma correção ou realinhamento.

Esse cenário teria levado as pessoas a trocarem o Fomo, fear of missing out, pelo Foma, fear of missing anything ou medo de perder qualquer coisa. “É por isso que tem semanas que parecem décadas”, lembrou Webb resgatando a frase de Lenin. A mudança acelerada se tornou uma pedra no sapato dos executivos que, ao se concentrarem apenas no desconforto, podem perder a chance de se preparar para o que está por vir.

“O futuro virá independentemente de quão desconfortável você está”, defendeu Webb. Assim, o relatório de 2025 da FTSG conta com mil páginas e dois blocos. Um dedicado às tecnologias. Outro, às áreas. No SXSW, Webb analisou algumas tendências criadas pela convergência entre IA, biotecnologia e sensores avançados.

Inteligência artificial e uso de dados

O avanço dos modelos de inteligência artificial (IA) tem chocado a opinião pública. Mas, segundo Webb, o que realmente deve mudar a rota daqui para frente é maneira como esses sistemas poderão interagir nos sistemas multiagentes (SMA). Ou seja, uma rede de agentes inteligentes que trabalham para atingir objetivos específicos criando uma inteligência coletiva.

Uma mudança importante nesse rota seria o fato de que, até agora os modelos de IA tem sido treinados para se comunicar em línguas humanas, que são imprecisas já que as máquinas não entendem contexto. Uma das soluções seria a criação de linguagens baseadas em matemática. É o caso da DroidSpeak, uma linguagem matemática para agentes de IA criada pela Microsoft e lançada no ano passado.

Mas, além de agir coletivamente, as IA’s também ganharão experiências físicas que remontam a percepção humana. O conceito, chamado de Embodied AI, consiste em injetar dados sobre a experiência física humana nos modelos de inteligência artificial. Esses dados podem ser dos olhos, da pele ou mesmo do cérebro humano captados a partir de sensores. “As redes de sensores estão levando a IA de observadores para controladores”, explicou Webb.

Biotecnologia e sensores

A biotecnologia generativa, apresentada por Webb no ano passado, também teria avançado nesses 12 meses. O Google DeepMind em parceira com a Isomorphic Labs lançou um modelo de inteligência artificial aberto que prevê a estrutura e as..., como DNA e RNA. “Qualquer companhia que faz qualquer produtos físico será impactada”, opina a futurista.

Isso porque um modelo, como esse, torna acessível o desenvolvimento de drogas e medicamentos. Mas, também a criação de metamateriais, materiais desenvolvidos com propriedades que não as pertencem naturalmente, como o arroz feito com gene bovino na Coreia do Sul.

A organoid intelligence (OI), campo de estudo que usa culturas células cerebrais para criar sistemas de computação também avançou comercialmente. Nesta semana, durante o Mobile World Congress, a Cortical Labs apresentou o primeiro computador biológico do mundo que usa neurônios para aprender.

Segundo a CEO do FTSG, em breve, os wearables também devem migrar para nossas células. Os estudos envolvem, por exemplo, espermas, que poderiam receber máquinas microscópicas para guiá-los até o ovário resultando em melhora na fertilidade. Essa mesma combinação de biotecnologia, inteligência artificial e sensores leva a uma transformação na robótica. “Essa é a década que nós vamos, de fato, ver robôs”, definiu.

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