Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Ansiedade, Depressão e Pandemia: Antroposofia Como Possibilidade de Reconexão com a Saúde e Natureza

Encontrar equilíbrio mental e físico em tempos de pandemia – no qual as contradições do nosso tempo estão escancaradas e fazer planos futuros parecem um sonho distante – tem se mostrado um desafio de muitas camadas. Primeiro, existe a questão do trabalho: quem não pode ficar em casa, quem pode e sob quais condições. Para muitas pessoas, cujo home office nunca fez parte da rotina, adaptar o dia a dia e lidar com tudo ao mesmo tempo – filhos, familiares, casa, gestão do tempo – gera stress e ansiedade.

Depois, tem a enxurrada de mensagens sobre ser produtivo na quarentena e aproveitar para “fazer tudo o que você sempre quis, mas nunca teve tempo” – mesmo quando nosso dia segue tendo apenas 24 horas e o fator emocional de todas as pessoas do globo está totalmente desequilibrado. Não podemos esquecer, claro, dos “alimentos milagrosos que precisamos comer” para não ter gripe ou resfriado, aumentar a imunidade e “se proteger” do novo Coronavírus. Enquanto a lista do que nos dizem que temos que fazer só aumenta, as notícias e as previsões dos cientistas e especialistas não são animadoras.

No meio do caos, é possível enxergar algo proveitoso. A pandemia não deixa dúvidas que o mundo criado por nós não ia bem e as estruturas desenhadas durante séculos não sustentam, com dignidade, a vida de todas as pessoas. Estamos falando de stress, ansiedade e trabalho agora, mas estes assuntos, sempre subpautados e escondidos pela vida “normal”, estavam exigindo a nossa atenção há tempos.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o Brasil é o país mais deprimido da América Latina, com 5,8% da população sofrendo de depressão. Número acima da média global, de 4,4%. No mesmo ano, a OMS oficializou a Síndrome de Burnout como uma síndrome crônica. A síndrome é um “fenômeno ligado ao trabalho” e foi incluída na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022. Conceituada como resultante do stress crônico no local de trabalho, é caracterizada como uma síndrome ocupacional, que pode acarretar sentimentos de exaustão ou esgotamento total de energia.

Ainda no cruzamento entre trabalho e saúde mental, uma pesquisa de 2015 revelou que apenas 36% dos brasileiros se consideravam felizes com o trabalho. Outra pesquisa mais recente, de 2017, mostrou que 56% dos trabalhadores formais estavam insatisfeitos com o ofício. Se trabalhar é a demanda para sobreviver na sociedade, e menos da metade das pessoas estão felizes com o trabalho, os dados não só explicam o nosso índice acima da média de depressão como também o franco crescimento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos no .... Em 6 anos, as vendas do primeiro tipo aumentaram em 74% e do segundo 110%, colocando estes medicamentos entre os segundos e terceiros mais vendidos no país.

 

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Antroposofia: uma provocação para encontrar, de verdade, um novo normal

Se vivemos tempos de dúvidas em relação ao futuro, e estamos abertos a pensar outras formas de habitar o mundo, esse é um bom momento para colocar esses dados em cima da mesa e conversar sobre eles. Queremos, de fato, uma vida infeliz que só pode ser vivida à base de medicamentos alopáticos? As janelas abertas para enxergarmos outras organizações sociais, outras formas de trabalho e de vida também exigem um repensar sobre o nosso entendimento de saúde e uma visão menos cartesiana da ciência. O que as crises têm nos ensinado é que tudo está relacionado e não é possível separar o mundo, a vida, a mente e o corpo em caixinhas independentes. Enquanto este pensamento não é particularmente novo, há muito estamos dominados pela visão de uma saúde reativa, não preventiva; compartimentalizada, não holística; individualista, não integrada com a Natureza.

Paisagens alternativas, cuja pandemia nos dá a 

oportunidade de imaginar, mostram possibilidades mais interessantes, realistas e pertinentes para o futuro. Possibilidades existentes, porém, pouco exploradas e difundidas, que não podemos mais tardar em entender. Pensando nessa integralidade – vida, saúde e Natureza -, a antroposofia é uma destas paisagens. Do grego “conhecimento do ser humano”, é um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo. Ela não nega a ciência, mas amplia o entendimento obtido pelo método científico convencional. Na antroposofia, há a compreensão de que os processos normais ou doentios que ocorrem no organismo humano encontram na Natureza algum processo correlato ou oposto. Dessa forma, todos os medicamentos antroposóficos são obtidos da Natureza.

A farmácia antroposófica começou a ser desenvolvida há cerca de 100 anos, por Rudolf Steiner, filósofo e educador, e Oskar Schmiedel, químico austríaco, em colaboração com médicos – especialmente Ita Wegman, co-fundadora, com Steiner, da medicina antroposófica. Os primeiros produtos datam de 1921, quando o primeiro laboratório farmacêutico antroposófico, a Weleda, foi criado na Suíça. Os primeiros produtos antroposóficos, inclusive, seguem sendo importantes para a marca como o óleo de arnica, criado em 1926, que ganhou versões em gotas e comprimidos para tratar dores musculares de forma natural e o óleo de calêndula, de 1960, feito com base em calêndulas cultivadas bio-dinamicamente.

Não estamos falando de algo novo, como a história nos mostra. Tão pouco de algo místico. Devemos reconhecer que vivemos uma pandemia como consequência da falta de entendimento das barreiras que não devem ser cruzadas, da negação da nossa conexão com a Natureza – e suscetíveis a ela – e por nossa falta de capacidade de prevenção. A antroposofia fica posta como uma das ferramentas da qual podemos lançar mão para desenhar por vontade, e não imposição, outras formas de viver, trabalhar, se relacionar, cuidar de si e dos outros. Inclusive, por sua relação com a agricultura biodinâmica, que sedimentou as bases da agricultura orgânica, ela pode servir para o estabelecimento das cidades comestíveis pós-pandêmicas.

A “normalidade” tem sido questionada. Afinal, é normal viver uma pandemia permanente de consumo fármacos? Que só sob seus efeitos conseguimos “funcionar” num mundo disfuncional, executando trabalhos que não gostamos e nos quais não vemos sentido? Onde o cuidado com nossa saúde acontece por meio de comprimidos remediadores e reativos? Em cenários repletos de concreto e poluição com total desconexão da Natureza? Onde índices de doenças mentais são alarmantes? Arriscamos dizer que a única coisa que temos que fazer de fato neste momento seja ter coragem o suficiente para desafiar a tal “normalidade” em todas as suas facetas.

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