Fonte:|oglobo.globo.com/economia|
WASHINGTON e LONDRES - Analistas e varejistas temem que o pedido de concordata do CIT Group, banco americano com forte atuação no crédito a pequenas e médias empresas, diminua a oferta de financiamento para as festas de fim de ano. A instituição anunciou a concordata no domingo. Os contribuintes americanos também vão amargar perdas, uma vez que o Tesouro dos EUA injetou US$ 2,3 bilhões no banco no fim de 2008. Enquanto isso, o governo britânico prepara nova injeção de recursos, estimada em cerca de US$ 50 bilhões, em dois bancos: Royal Bank of Scotland e Lloyds. Os detalhes do plano serão divulgados hoje, segundo o "Daily Telegraph".
A concordata consiste em um prazo em que a instituição devedora suspende temporariamente o pagamento a credores para se reestrututar. O receio dos analistas é que, embora vá se manter operante, o CIT dificilmente manterá o nível atual de concessão de crédito. A instituição provê capital de giro para pequenas empresas, como lojas e seus fornecedores, além de restaurantes. Muitos deles estão em dificuldades por causa da recessão nos EUA. Ao todo, estima-se que o CIT responda por 60% do crédito no segmento têxtil no país e que ele financie duas mil firmas que vendem seus produtos para 300 mil lojas.
- O CIT é um gorila da indústria - disse o analista Joe Alouf, da Eaglepoint Advisors, uma empresa de gerenciamento de crise nos EUA.
Para Craig Sherman, da National Retail Federation (Federação Nacional de Varejistas) dos EUA, a concordata afetará o desempenho do varejo nas festas de fim de ano, momento crucial para sua recuperação.
Ontem, o juiz Robert Gerber - que conduziu a concordata da General Motors - assumiu o processo de concordata do CIT, no lugar de juiz Allan Gropper, da Corte de Falências de Nova Yorks. A expectativa é que o banco saia da concordata até o fim do ano. A partir de então, os credores assumirão a empresa.
Os acionistas controladores e preferencialistas - sem direito a voto e que inclui o Tesouro americano - não integrarão a nova sociedade. Os US$ 2,3 bilhões injetados pelo governo dos EUA no CIT vieram do Tarp, o programa de socorro aos bancos. Será a primeira perda do governo referente ao programa.
- Como a revelação do pedido de concordata deixa claro (...), as somas recuperadas pelos detentores de ações ordinárias ou preferenciais serão mínimas - disse o porta-voz do Tesouro dos EUA, Andrew Williams.
No Reino Unido, o governo deve anunciar hoje que comprará 30,5 bilhões de libras (ou US$ 50 bilhões) em ações do Royal Bank of Scotland (RBS) e do Lloyds, elevando a ajuda direta aos bancos para mais de 65 bilhões de libras. O governo deverá anunciar ainda a criação de três bancos a partir da separação de ativos de RBS, Lloyds e Northern Rock. O dinheiro da venda será usado para comprar de volta as fatias que o Estado detém nos bancos.
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