Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O Brasil acumulou resultados positivos nos anos de maré externa favorável, mas agora esbarra nos velhos obstáculos ao crescimento.

Quando a maré sobe, ergue todos os barcos, diz o velho adágio. Nos anos de crescimento acelerado e excesso de capitais financeiros na economia mundial, mesmo as embarcações de casco avariado tiraram proveito da maré favorável. O Brasil, como grande exportador de matérias-primas e um dos principais destinos dos dólares investidos internacionalmente, foi um dos países mais beneficiados. Os efeitos foram ainda mais sentidos por causa das reformas econômicas feitas na década passada. Essa conjunção de forças positivas permitiu ao país acelerar o ritmo da atividade econômica. A expansão média do PIB, que fora de apenas 2,3% nos anos FHC, subiu para 4% nos oito anos de Lula. Mas agora o cenário externo já não sopra tão lisonjeiramente. Seria a hora de a economia contar com as próprias forças internas, mas estas têm se revelado frágeis.

O quadro ao lado evidencia a queda na velocidade. Depois de um ritmo chinês nos primeiros trimestres de 2010, o crescimento perdeu dinamismo um trimestre após o outro, numa escada descendente, até recuar ao 0,8% da semiestagnação do primeiro trimestre de 2012. Na média, as consultorias econômicas do país estimam que o PIB avançará apenas 2,7% neste ano, mas há quem preveja um ano ainda mais fraco. As perspectivas não poderiam ser mais contraditórias com a euforia reinante e com o otimismo desbragado dos investidores estrangeiros até recentemente. Por que houve uma mudança tão acentuada em relação à percepção da economia brasileira? O que esperar para os próximos meses? Na avaliação dos economistas ouvidos por VEJA (leia ao lado), o país relegou as reformas estruturais, não estimulou os investimentos e pouco fez para deixar a economia mais competitiva. Como diz outro ditado, é quando a maré baixa que vemos quem estava nadando nu. Se não totalmente sem roupa, o Brasil parece estar, no mínimo, seminu.

"O governo brasileiro tem dado sinais bastante negativos nos últimos meses. As regras do jogo são essenciais para os investimentos. Somos campeões mundiais na volatilidade das regras de jogo e na taxa de câmbio. A desvalorização forçada do real causa volatilidade e insegurança. O idioma que os países falam uns com os outros é o câmbio. Se esse idioma muda de regra constantemente, fica inviável a comunicação. Há ainda um sentimento anticapitalista, de beneficiar o capital interno em detrimento do estrangeiro. Mas o mundo tomou-se uma fábrica planetária em busca de eficiência.Quem tentar contrariar esse mecanismo vai ficar fora do jogo"

"As condições à nossa volta faziam o Brasil parecer melhor do que realmente é. Diante da crise no Hemisfério Norte, a situação fiscal brasileira, sempre ruim, passou a ser considerada saudável, e o crescimento, sempre mediano, passou a ser visto como satisfatório. Sabíamos que o investimento no Brasil é muito baixo e que a expansão baseada no consumo, ou, mais especificamente, no crédito e no vento favorável externo, tinha limites. Já se vão mais de dez anos sem que tenhamos reformas"

"Existe um obstáculo estrutural ao crescimento. A taxa de investimento é baixa. Se a capacidade produtiva cresce 4% ao ano, o PIB não pode crescer mais do que 4%. E a teoria econômica.Não adianta as autoridades implicarem com a teoria, gastando tempo com teorias alternativas"

"O Brasil sente os efeitos de fatores externos. A economia chinesa, grande importadora de commodities, arrefeceu. Erra quem pensa que a China não pode ter uma desaceleração acentuada. A China tem todas as vulnerabilidades de qualquer mercado emergente. Já a Europa é uma espada de Dãmocles sobre a economia global.A economia americana também está cambaleante. Mas fatores internos também explicam a desaceleração brasileira. Dado o ritmo lento e hesitante das reformas estruturais, o crescimento da produtividade pode ser insuficiente para compensar os ventos adversos vindos de foram"

"As taxas de juros caíram. As despesas do setor público estão crescendo, bem como as transferências de renda. Logo, acredito que haverá uma aceleração da atividade no segundo semestre. Mas essa recuperação se dará em um ritmo mais gradual do que esperávamos. O aumento nas incertezas externas pode levar ao adiamento da retomada do investimento e a uma queda tant0 nas exportações quanto no consumo interno. O mercado de trabalho pode ser afetado por esse período prolongado de crescimento baixo. Um eventual aumento do desemprego teria consequências negativas sobre o consumo e, portanto, sobre o resultado da economia"

"O sucesso da economia brasileira na última década deveu-se ao boom das commodities. Isso levou o Brasil a ter a moeda mais sobrevalorizada do mundo.Agora a China está desacelerando, e o boom das commodities está começando a diminuir. Alguns dos velhos problemas do Brasil, até então camuflados, voltam a assombrar. A participação do governo na economia é exagerada. Caso isso não mude, será difícil o país manter um crescimento de 4% ao ano"

"O Brasil há tempos, enfrenta obstáculos a um crescimento mais rápido. Ou melhor, não enfrenta, pois evita sistematicamente lidar com eles. O investimento é baixo, a qualidade da educação é triste, a carga tributária é pesada e custosa, e o país vai mal em quase todas as medidas que avaliam a facilidade de fazer negócios. A valorização das commodities tornou possível crescer, por algum tempo, num ritmo acelerado, mesmo sem termos enfrentado esses problemas. O cenário mundial menos favorável expõe agora as dificuldades. Como disse o investidor Warren Buffett: quando a maré baixa é que descobrimos quem estava nadando nu'. O governo, além de não ter se empenhado nas reformas, criou toda sorte de dificuldade para os investidores estrangeiros - confiante, aparentemente, em que a aura brasileira seria inesgotável. Uma vez criada uma reputação de hostilidade aos investidores, fica difícil revertê-la depois. A economia deve crescer em torno de 2% neste ano"

fonte:http://www.relacoesdotrabalho.com.br/

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