Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Guilherme Fiuza

A central da passeata programa uma grande manifestação nacional para o dia 7 de setembro. O Brasil jamais será o mesmo depois desse ato. Amanhecerá no dia seguinte com um número bem maior de vidraças quebradas. Terá também mais prédios públicos pichados, mais cartazes criativamente inócuos, tudo coberto e difundido pela trepidante mídia ninja – a substituta dos fotógrafos e cinegrafistas profissionais que levam chutes e pedradas dos revolucionários do bem. O Brasil não será o mesmo depois de 7 de setembro. Será um país mais perdido, e ligeiramente mais burro.

A escalada da burrice revolucionária está aí, diante de todos, para quem quiser ver. Claro que ninguém nota, porque o Brasil é, cada vez mais, um país que precisa de legenda ou tradução simultânea. Vamos então legendar um dos últimos grandes atos desses novos heróis das ruas: a tentativa de invasão do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O protesto contra o hospital privado pedia a melhoria do sistema público de saúde. Legenda: monumental, deslumbrada e inexorável burrice.

A invasão do Sírio não se consumou, devido à enérgica reação da Polícia Militar. Mas o protesto atingiu alguns doentes e seus parentes, dificultou o acesso deles ao hospital, constrangeu e assustou pessoas debilitadas. Essa é a revolução dos ativistas cibernéticos, dos festejados gladiadores das redes sociais, dos militantes apartidários, ninjas ou fora do eixo, não interessa, estão todos juntos e misturados. Quem poderia supor que, um dia, o progressista e o nazista seriam tipos tão parecidos?

Atacar um dos melhores hospitais do país porque ele é privado é a sagração da ideologia demente

Atacar um dos melhores hospitais do país porque ele é privado é a sagração da ideologia demente. O curioso é que os principais responsáveis pela (má) gestão da saúde pública no Brasil têm levado vida boa diante da patrulha progressista do asfalto. O governo Dilma, com seus 40 ministérios, já gastou com publicidade 23% a mais que a média dos oito anos de Lula. É a festa do ministério informal do marketing, comandado por João Santana — o 402 e o primeiro em importância —, que cria urgências folclóricas, como a ladainha da importação de médicos e tudo o mais que possa entreter o grande público. A embromação tem dado tão certo que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é forte candidato a governador de São Paulo. Por que os ninjas que reclamam do SUS [Sistema Único de Saúde] não tentam invadir o comitê eleitoral de Padilha no Ministério da Saúde?

Porque, entre os movimentos que engarrafam as ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e que farão um Carnaval fora de época no 7 de setembro, não há um único — repetindo: não há um único — com pautas consistentes. Do passe livre à invasão do Sírio-Libanês, é uma cachoeira de causas pueris e delirantes. Que vão sendo respondidas com delírios demagógicos. No mais recente, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, propôs aumentar impostos sobre combustíveis para reduzir o preço das passagens de ônibus. É o tipo de esperteza populista que faz sucesso com os justiceiros do Facebook — e danem-se as finanças nacionais, com a carga tributária mais alta do planeta.

Vamos tentar melhorar o samba-enredo dos ninjas para o 7 de setembro: por que vocês não exigem a CPI do Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]? Ali está um dos maiores ralos de dinheiro público do país, que Dilma fingiu tapar na famosa faxina de fachada. Ali está um antro de corrupção, explorado pela quadrilha Delta-Cachoeira com o beneplácito do governo popular, que transformou a empreiteira pirata de Fernando Cavendish em campeã do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. A Controladoria-Geral da União acaba de soltar relatório apontando uma nova safra de superfaturamentos milionários nas obras viárias do Dnit — ou seja, continuam sugando o dinheiro que poderia equipar vários hospitais públicos. E vocês querendo invadir o Sírio-Libanês…

Por que vocês não invadem o Itaquerão, outro exemplo bilionário do ralo de dinheiro público que gera inflação e aperta o bolso do brasileiro? Por que não exigem a condenação da companheira Rosemary Noronha, a nova Erenice, legítima representante da tecnologia mensaleira de sucção do Estado?

Dilma está recuperando a popularidade (6 pontos no Datafolha) e disse que o ET de Varginha merece respeito. Aí, a invasão do Sírio começa a fazer sentido. Viva o país dos lunáticos.

Fonte: revista “Época”

Autor: Guilherme Fiuza

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Comentário de Romildo de Paula Leite em 22 agosto 2013 às 9:51

Aí, a invasão do Sírio começa a fazer sentido. Viva o país dos lunáticos.

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