Senão, vejamos: caso os preços do arroz e do feijão fossem congelados ou rebaixados para os níveis de março, como querem alguns deputados, muitas pessoas se sentiriam compelidas a comprar quantidades extras dos produtos, independentemente da sua real necessidade, só por precaução, para garantir um estoque elevado, em caso de necessidade. Se muita gente fizer isso, os produtos hoje escassos praticamente sumiriam das prateleiras e só seriam encontrados no mercado negro, a preços obviamente muito mais altos.
Com os preços livres e altos, a maioria das pessoas pensará em soluções alternativas e evitará ao máximo utilizar aqueles produtos, não por caridade ou elevado senso moral, mas por economia.
Finalmente, o aumento dos preços irá atrair produtores e importadores de outras commodities, cujos preços estejam menos atrativos, possibilitando o aumento da oferta a médio prazo e a consequente queda dos preços no futuro.
Se os tais “preços abusivos” forem proibidos por decreto, esses produtores rurais e importadores certamente não se arriscariam a plantar e importar arroz e feijão. Sem a motivação dos altos lucros, eles não colocariam produtos extras à disposição dos consumidores, aumentando a oferta desses produtos numa hora de extrema necessidade.
Lembram que no início da pandemia havia falta de máscaras e álcool em gel? Pois é. Hoje, há promoções desses produtos no mercado, e não porque a demanda caiu, mas porque a oferta aumentou muito, graças principalmente à elevação dos preços, que atraíram fabricantes e importadores.
É dessa maneira que o mecanismo de preços equilibra a oferta e a demanda. Interferir neste mecanismo sensível, seja tabelando produtos abaixo do preço de mercado ou estabelecendo pisos para favorecer fornecedores, só causa escassez ou excedentes.
Estamos seguindo os passos da Argentina e isso não é nada bom…
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