Com a economia brasileira rodando abaixo do ritmo esperado e cada vez mais distante da meta de crescimento para 2012, o governo planeja reforçar pela segunda vez no ano as linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) para capital de giro, subsidiadas pelo Tesouro Nacional. Técnicos do banco de fomento participaram de reuniões no Ministério da Fazenda na semana passada e a injeção de recursos nessa modalidade também pode ser acompanhada de uma nova redução nas taxas de juros.
Fontes da equipe econômica avaliam que os próximos passos da política de estímulos ao setor produtivo não devem ser dados por meio de novos pacotes de medidas amplas e inéditas, mas sim por uma série de ajustes em iniciativas que já estão - ou deveriam estar - funcionando.
Um dos primeiros instrumentos a passar pela calibragem do governo poderá ser o capital de giro usado pelas companhias para desafogar o caixa e dar fôlego à produção. O relançamento do Programa Brasil Maior em abril já havia tentado dar novo fôlego à principal linha de giro do Bndes, chamada de Progeren.
O limite total de R$ 5 bilhões foi ampliado para R$ 15 bilhões até o fim de 2012 e as taxas de juros, que variavam de 10,5% ao ano a 13%, foram reduzidas para o intervalo entre 9% e 11%. Além disso, o teto para endividamento na linha saltou de R$ 20 milhões para R$ 50 milhões. Passados apenas dois meses desde a mudança, a avaliação de parte do mercado é de que a deterioração do cenário econômico mundial acelerou a retração do crédito nos bancos privados e, em consequência disso, já haveria a necessidade e a oportunidade para que o governo volte a fazer uma sintonia fina na linha. Considerada imprescindível para dar fluxo financeiro às empresas enquanto o consumo não volta a subir, o custo da modalidade de financiamento está entre os mais caros para as companhias.
Outra linha que pode ser novamente beneficiada é a voltada à exportação pelas grandes empresas. No pacote de abril, os juros anuais da modalidade caíram de 9% para 8%, e o volume de recursos disponíveis passou de R$ 1,24 bilhão para R$ 3,1 bilhões. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a linha do banco funciona para as empresas que têm a maior clientela fora do País praticamente como a de capital de giro atua para dar fôlego às companhias primordialmente voltadas ao mercado interno.
O Tesouro irá capitalizar o Bndes em R$ 45 bilhões este ano para o Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), mas a baixa procura dos industriais pela modalidade pode abrir espaço para que parte dos recursos sejam direcionados também para turbinar o limite de empréstimos para giro. De acordo com dados do IBGE divulgados na sexta-feira passada, a taxa de investimento caiu para 18,7% do PIB no primeiro trimestre do ano, contra 19,5% nos três primeiros meses de 2011.
A expectativa é que os primeiros R$ 10 bilhões sejam injetados no Bndes em junho e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, já avisou que não vai acelerar a liberação dos recursos para estimular o PIB. Ou seja, os ajustes precisarão ser feitos com a capacidade atual da instituição.
Nos primeiros meses da ofensiva do governo para cortar os juros, os bancos públicos lideraram o aumento na oferta de crédito. Dados do Banco Central mostram crescimento de 1,9% na carteira das instituições estatais em abril em relação a março, mais que o dobro dos 0,7% verificados nos bancos privados.
Com isso, os bancos estatais seguem ganhando participação, movimento que vem sendo registrado desde a crise de 2008/2009, mas que havia perdido força em 2011. Em relação a abril do ano passado as instituições estatais registram crescimento de 25% no crédito e os bancos privados, 13%.
Números do BC e dos próprios bancos mostram que o avanço estatal se deu em todos os segmentos: habitação, consumo e empresas. No crédito para pessoa física destinado ao consumo, que exclui as operações habitacionais, a carteira dos bancos públicos cresceu 1,6% em abril. Nos privados, a alta foi de 0,5%.
A menor diferença de crescimento entre os dois tipos de instituição se deu no crédito imobiliário, que avançou 2,5% nos públicos e 2% nos privados. Os dados do BC mostram ainda que os bancos públicos de varejo cresceram mais que o Bndes, que responde por cerca de 20% da carteira do setor financeiro estatal.
A Caixa, por exemplo, ganhou mercado em todos os segmentos. Os empréstimos para consumo fecharam maio com volume 40% maior que o verificado na média do primeiro trimestre. No crédito consignado, o volume quase dobrou. A abertura de novas contas cresceu 20% na pessoa física e 32% na jurídica nos últimos dois meses.
“Estamos ganhando participação todos os meses, todos os anos, desde 2009, em todos os segmentos. A estratégia de se antecipar ao mercado tem dado resultado. E não é só reduzir juros. É reduzir juros com rentabilidade”, disse o vice-presidente de Pessoa Física da Caixa, Fábio Lenza. “Agora, estamos crescendo ainda mais. Até mais que outros bancos públicos.”
Nos 12 meses encerrados em abril, as carteiras comercial pessoa física e pessoa jurídica da Caixa cresceram cerca de 50%, acima dos 15% verificados na média do mercado. No BB, foram emprestados R$ 9,9 bilhões em maio para clientes pessoas físicas, novo recorde. O vice-presidente de negócios de varejo do BB, Alexandre Abreu, diz que, desde abril, cerca de 20% dos novos empréstimos têm sido tomados por clientes que não tinham nenhum produto de crédito.
No financiamento de veículos, o volume emprestado diariamente foi multiplicado por oito. Além disso, houve queda da inadimplência de 2,32% em março para 2,22% em abril no banco, ao contrário da média do setor, que registra inadimplência recorde de 5,9% na modalidade.
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Por que esses dois vice-presidentes não fizeram antes? Precisou ordem da Dilma para que vissem que juros altos são prejudiciais tambem, a quem os aplica. Não merecem os salários que recebem
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