O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pede retomada de reformas, mas reconhece dificuldade política (Paula Sholl/Agência PSDB)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira que o Brasil precisa retomar o caminho das reformas para mostrar aos investidores que o país tem rumo e, assim, voltar a crescer de forma mais robusta e consistente. "O Brasil não continuou no caminho das reformas", disse FHC, que participou de um debate no evento Reuters Latin American Investment Summit. Para o ex-presidente, neste momento é preciso mostrar com clareza que o Brasil tem rumo. "O capital é medroso, quando tem dúvida, se encolhe".
Nos últimos dois anos, o Brasil cresceu bem menos do que as previsões iniciais tanto do governo como do mercado, e abaixo de outras economias emergentes - apesar de medidas de estímulo adotadas pela equipe da presidente Dilma. Nesta segunda, o mercado financeiro reduziu a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para 2,98%, enquanto o governo espera uma expansão superior a 3%.
Contudo, o ex-presidente lembrou que fazer reformas não é algo simples e que normalmente embute custos políticos. "Tudo isso requer um esforço enorme do presidente e do governo e desgasta, você perde popularidade." Como exemplo desse processo doloroso, ele citou a aprovação da medida provisória que criou um novo marco regulatório para o setor portuário do país na semana passada.
Leia também: Avanço da 'prévia do PIB' ainda não anima os economistas
Durante seus oito anos de governo, Fernando Henrique Cardos conseguiu realizar algumas reformas importantes para a economia, como a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que ajudou a equilibrar as contas públicas, e a privatização de vários setores, como o de telefonia, que deu um impulso enorme para o segmento.
Luiz Inácio Lula da Silva chegou a aprovar uma modesta reforma da Previdência no seu primeiro mandato, mas não foi muito além. Como FHC, Lula tentou e não conseguiu aprovar uma reforma tributária.
Já Dilma tem se restringido a medidas pontuais, evitando especialmente mudanças à Constituição, que requerem uma maioria qualificada no Congresso. "Ela não negocia o necessário para que as coisas possam sair de uma maneira mais construtiva", disse o ex-presidente. "Ela tem uma visão mais tecnocrática. Pode ser (bom), mas não basta", argumentou. "Como presidente, não basta ser tecnocrata, precisa ser político, tem que inspirar, tem que ter visão, tem que conversar com as pessoas, tem que liderar."
(com agência Reuters)
Comentar
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por