Ao Indústria Verde, André Corrêa do Lago afirmou que o país atuará para que o mundo consiga evitar que o aumento da temperatura global seja superior a 1,5ºC.
A menos de 20 dias para o início da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), o Brasil vem se empenhando para se apresentar no evento como o buscador de soluções para o cumprimento do Acordo de Paris.
Responsável por essa negociação, o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador André Corrêa do Lago, diz que o país chegará à COP “decidido a usar a sua tradição de encontrar equilíbrio entre as posições dos países em desenvolvimento e dos países desenvolvidos, que são muito divergentes em relação à agenda do clima”.
Ao Indústria Verde, o negociador-chefe do Brasil para o clima ressaltou que o país tem posição de destaque tanto na Convenção do Clima como no Protocolo de Kyoto e no próprio Acordo de Paris.
“Nós queremos que esses tratados dêem certo. E o Brasil também quer que seja levado em consideração o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) que exige ações urgentes contra as mudanças climáticas”, explica.
Corrêa do Lago pontua que todos os países têm desafios, com circunstâncias diferentes e complexas. “Mas o desafio principal da COP28 é superar a falta de confiança que se estabeleceu entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento”, diz. Para ele, esse cenário tem diminuído significativamente a velocidade dos avanços, e gerado uma certa frustração no mundo.
“O Brasil vai atuar muito nisso, ou seja, em assegurar que se consigam resultados para diminuir a divisão do mundo entre essas duas categorias de nações.”
Um dos pontos de divergência é a falta de compromisso dos países ricos com o financiamento da transição para uma economia de baixo carbono das nações em desenvolvimento. Em 2009, os países desenvolvidos prometeram US$ 100 bilhões até 2020. Os recursos, porém, não foram liberados em tempo e o prazo foi estendido até 2025.
Corrêa do Lago explica que esse compromisso leva em conta a responsabilidade desses países nas emissões de gases de efeito estufa que estão provocando a mudança do clima.
“Os países desenvolvidos estão emitindo gases desde o final do século XVIII, sobretudo no século XIX, e a maioria dos países em desenvolvimento passou a emitir depois da Segunda Guerra Mundial. Desde então, aumentamos a nossa população em quatro vezes e meia. A Bélgica aumentou sua população um 10% no mesmo período. É preciso levar em conta que há uma diferença gigantesca no déficit de infraestrutura e de habitação que deve ser equacionado às populações”, detalha.
“Portanto, queremos diminuir a diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Queremos assegurar os recursos financeiros e a transferência de tecnologia para que o mundo em desenvolvimento também possa fazer essa transição.”
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