Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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BRICS repaginado: Conheça a nova estrutura da aliança e o que ela representa

Brasil assume liderança em meio à expansão do grupo, que reúne as maiores economias emergentes do mundo. Presidência brasileira deve impulsionar cooperação em áreas estratégicas como o comércio.

O Brasil assumiu a liderança temporária da aliança das maiores economias em desenvolvimento do mundo: o BRICS. Até o fim deste ano, o governo brasileiro presidirá o grupo e fará agendas estratégicas para fortalecer os países membros, além de posicioná-los melhor no palco global. Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o foro de articulação conta hoje também com Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e o mais recente integrante, a Indonésia. 

O objetivo principal é que as nações dialoguem sobre grandes temas da agenda internacional e fortaleçam posições comuns para que, juntas, provoquem um impacto maior do que agindo separadamente. O esforço conjunto visa promover o crescimento sustentável, reduzir desigualdades e ampliar o poder dessas nações no cenário internacional. Assim, a parceria entre os membros é baseada em três pilares: cooperação em política e segurança; financeira e econômica; e cultural e pessoal. 

Membros plenos e países parceiros 

Os países membros do BRICS, que participam de todas as reuniões e tomadas de decisões, precisam cumprir uma séria de critérios antes de serem admitidos no grupo: participar das Nações Unidas, assumir compromisso com a reforma da governança global; não adotar sanções sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas; apoiar o multilateralismo e garantir o equilíbrio geográfico e boas relações diplomáticas com os demais membros da aliança. 

Além dos chamados membros plenos do grupo, o BRICS conta com a categoria de países parceiros, criada no ano passado, na Cúpula realizada na Rússia. Essas nações são convidadas a participar da Cúpula de Chanceleres e de Líderes do BRICS e podem também - com o aval de todos os membros - acompanhar outras reuniões. Além disso, as economias parceiras podem apoiar documentos elaborados ao longo das discussões do grupo. 

Para serem admitidas como países parceiros do BRICS, as nações passam por um processo de consultas informais com a presidência, que levam em conta o equilíbrio geográfico e a manutenção de boas relações diplomáticas com os membros. Os parceiros atuais do BRICS são Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Nigéria. Em 2024, mais de 30 nações sinalizaram interesse em participar do grupo, seja como membros ou como parceiros. 

Sherpa atua em negociações do bloco 

Assim como no G20, a estrutura do BRICS conta com negociadores conhecidos como sherpas, que atuam entre as áreas de discussão do grupo e as delegações internacionais. A função é estratégica para definir as agendas prioritárias, resolver desafios e alinhar interesses das nações, além de organizar a cúpula final do grupo. O governo brasileiro nomeou o embaixador e secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Mauricio Lyrio, para exercer o papel de sherpa durante a liderança brasileira do BRICS.  

A união faz a força 

A entrada de novos países, como membros plenos ou parceiros, endossa a potência e a voz do BRICS nos esforços por interesses convergentes em áreas como comércio internacional, mudanças climáticas e segurança. A expectativa é que a união das economias em desenvolvimento fortaleça a relevância mundial do bloco, que em 2023 já concentrava 48,6% da população e 29,7% do PIB global. Os dados foram levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em dados do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) e da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). 

Indonésia, o mais novo membro do BRICS 

Oficialmente admitida no início deste ano, a Indonésia foi o mais recente membro pleno a integrar o BRICS. A entrada da economia no grupo foi aprovada ainda na Cúpula de Joanesburgo, em 2023, mas a formalização só aconteceu após a conclusão das eleições presidenciais de 2024 no país asiático. Líder do BRICS em 2025, o governo brasileiro anunciou a entrada da Indonésia e afirmou que o país também apoia a reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, considerados temas prioritários para a presidência brasileira do grupo.  

Foco em reforma da governança e cooperação entre países 

Até o fim do ano, quando a presidência rotativa do BRICS será transferida para o próximo país membro, o governo brasileiro é responsável por definir as prioridades da agenda e organizar a cúpula anual da aliança internacional. Segundo o líder temporário, o trabalho ao longo do ano será guiado pelo lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", e se concentrará em duas prioridades: cooperação do Sul Global e reforma da governança global.  

Assim, o governo deve concentrar as ações em áreas centrais: 

  • Governança da inteligência artificial: promoção da gestão inclusiva e responsável da inteligência artificial para o desenvolvimento socioeconômico;  

  • Sistema financeiro e monetário: avaliação da governança e da reforma dos mercados financeiros, das moedas locais, e dos instrumentos e plataformas de pagamento como forma de impulsionar e diversificar os fluxos comerciais, financeiros e de investimentos;  

  • Mudança climática: adoção de uma agenda de liderança climática do BRICS, incluindo uma declaração-quadro dos líderes sobre financiamento climático, para orientar mudança estrutural no setor financeiro; 

  • Cooperação do Sul Global: incentivo a projetos concretos de cooperação entre as nações do grupo em prol do desenvolvimento sustentável e inclusivo dos setores, especialmente na saúde, para garantir o acesso a medicamentos e vacinas; 

  • Arquitetura multilateral de paz e segurança: promoção de uma reforma abrangente, para garantir atuação eficaz no enfrentamento de conflitos, evitar catástrofes humanitárias e impedir novas crises; além da reconstrução da confiança e do entendimento mútuos, a retomada da diplomacia e a promoção de soluções pacíficas para conflitos e disputas; 

  • Desenvolvimento institucional: melhoria da estrutura e da coesão do BRICS. 

Exportações aumentaram 126,3%  

De acordo com dados elaborados pela CNI com base no ComexStat e no Banco Central, de 2015 a 2024 as exportações brasileiras ao BRICS (na formação atual) aumentaram em 126,3% e as importações cresceram 112,8%. Só no ano passado, o bloco representou 36,1% das exportações brasileiras e 33,8% das importações do país no período. 

Em relação aos de bens da indústria de transformação, as exportações brasileiras ao BRICS subiram 72,8% e as importações cresceram 118,2%, de 2015 a 2024. O bloco representou 20,5% das exportações brasileiras em 2024 e 26% das importações do país no mesmo período. 

No que diz respeito aos investimentos estrangeiros diretos, o Brasil investiu US$ 2,9 bilhões no BRICS em 2023, 237,1% a mais do que em 2014. Já os investimentos do bloco no país somaram US$ 51,5 bilhões, um aumento de 241,3%. 

Participação dos setores privados

Assim como o BRICS, seus grupos de discussão têm presidência rotativa, exercida pelo governo do respectivo país pelo período de um ano. Em 2025, enquanto o governo brasileiro preside o mecanismo internacional, a CNI exerce o secretariado executivo do Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics) e da WBA – com coordenação da agenda, ações e apoio à presidência brasileira. Além disso, a representante da indústria organiza o Fórum Empresarial do BRICS. 

O Cebrics promove o diálogo entre setores para recomendar políticas públicas que impactem a agenda de desenvolvimento, enquanto a WBA estimula a participação econômica feminina e fomenta a cooperação entre negócios liderados por mulheres. Já o fórum é um evento para a comunidade empresarial e chefes de Estado, com apresentação das recomendações e oportunidade de parcerias. 

Para a indústria, a liderança brasileira do bloco possibilitará ao empresariado apresentar pautas de interesse do setor privado do Brasil, especialmente considerando o lançamento de políticas e programas relevantes para o setor produtivo. 


“A presidência do Cebrics focará em uma abordagem prática, com ênfase na cooperação empresarial, para fortalecer os laços econômicos e comerciais e os investimentos entre as comunidades do setor privado”, afirma a sherpa do Cebrics e da WBA Brasil, Constanza Negri. 

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