Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Capital político de Obama se esboroa em maré de escândalos

CHUVA DE ESCÂNDALOS -- Obama, nos jardins da Casa Branca: perseguição da Receita Federal (Foto: Jason Reed / Reuters)

CHUVA DE ESCÂNDALOS -- Obama, nos jardins da Casa Branca: perseguição da Receita Federal (Foto: Jason Reed / Reuters)

Reportagem de André Petry, de Nova York, publicada em edição impressa de VEJA

ABUSO DE PODER

Numa maré montante de escândalos, Obama recorre à velha desconversa de alegar desconhecimento. Ai, ai, ai… Os brasileiros sabem que isso é um péssimo presságio

 

Involuntariamente diplomados em escândalos, os brasileiros têm as piores intuições no momento em que um presidente da República, acuado por falcatruas, vem a público dizer, candidamente, “eu não sabia”.

Na quinta-feira, 16, no decorrer da pior semana de sua gestão, o presidente Barack Obama apareceu diante da imprensa no Jardim das Rosas, na Casa Branca, debaixo de um guarda-chuva sustentado por um fuzileiro naval. Logo veio a tempestade de perguntas sobre o caso criminoso em que o IRS, a Receita Federal americana, foi usado para perseguir entidades conservadoras que pleiteavam isenção tributária.

Obama respondeu: “Eu não sabia”. Disse que não sabia o que ocorria no IRS e que só tomou conhecimento do resultado de uma investigação interna sobre o caso quando o conteúdo — devastador — saiu na imprensa: “Com certeza, eu não sabia de nada”.

A investigação revelou que, em março de 2010, um grupo de fiscais da Receita em Cincinnati, no estado de Ohio, onde se concentravam os 70 000 pedidos de isenção tributária no país, passou a perseguir entidades conservadoras que tentavam habilitar-se a benefícios fiscais.

O grupo selecionava as entidades por sinais exteriores de conservadorismo:

- por nomes (“tea party” ou “patriot”, comuns na designação de entidades dessa orientação política),

- por palavras de ordem (“tomar o país de volta”) ou

- por comentários políticos (“país mal governado”).

Steven Miller, degolado na semana passada (Foto: Nicholas Kamm / AFP)

Steven Miller, degolado na semana passada (Foto: Nicholas Kamm / AFP)

Os fiscais chegaram a examinar a atividade política dos membros dessas organizações, incluindo familiares e até o conteúdo de posts divulgados no Facebook. A perseguição durou dezoito meses. Mais de uma centena de entidades foi discriminada com base em critérios ideológicos. Algumas ficaram três anos na fila da isenção.

(Para os amigos, a vida era um doce: a Barack H. Obama Foundation, criada por um meio-irmão do presidente, Abon’go Malik Obama, teve seu pedido de isenção atendido em apenas um mês, em 2011. E ainda levou isenção retroativa a 2008.)

O caso veio a público na semana anterior, quando uma alta funcionária do IRS, lois lerner, numa reunião reservada da OAB americana, admitiu a perseguição e pediu desculpas às entidades prejudicadas. O comentário fazia parte de um plano de mitigar as consequências legais ainda imprevisíveis do crime, vazando-o controladamente. Deu errado.

O vazamento saiu do controle e o governo Obama entrou em uma zona de tiro livre dos adversários que, com toda a razão, querem explicações para o abuso de poder. Lerner disse que apenas fiscais de Cincinnati sabiam do esquema. Nenhum figurão do IRS nem o secretário do Tesouro, muito menos o presidente, tinham conhecimento.

A mentira durou um fim de semana. Na terça-feira, quando o relatório da investigação interna veio a público, soube-se que a própria Lerner participara de uma reunião que tratou das perseguições em junho de 2011. É verdade que ela tentou corrigir o rumo — e fracassou —, mas também é verdade que mentiu ao dizer que desconhecia o caso. Terá sido a única a enrolar-se na mortalha do eu-não-sabia?

Com a revelação dos crimes de abuso de poder, peças antigas começam a se juntar no quebra-cabeça. Em abril do ano passado, na campanha presidencial, uma entidade pró-casamento tradicional, a NOM, denunciou que o IRS vazara seus dados fiscais para uma entidade do campo oposto, a HRC, que defende os direitos dos gays.

O dado fiscal revelava que Mitt Romney, adversário presidencial de Obama, doara 10 000 dólares à NOM. A entidade disse que seus acusadores divulgaram os documentos fiscais sem atentar para um número — 100560209, estampado nas páginas na diagonal — que indicava a fonte. A acusação sumiu no zumbido eleitoral.

Revisitado agora, esse é mais um caso comprovado de uso da máquina governamental com fins políticos.

(Aos amigos, doce vida: o cabeça da HRC, Joe Solmonese, ganhou um alto posto no quartel reeleitoral de Obama.)

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