Só a geração de riqueza é capaz de superar a pobreza social. O problema é que nossa engrenagem econômica – de forte controle e ingerência estatal – é uma máquina de perpetuação da miséria coletiva. Para pagar as insustentáveis contas públicas, é preciso asfixiar o ímpeto produtivo privado. E como o déficit fiscal não para de crescer, nossa capacidade de crescimento potencial é constantemente pressionada para baixo. É preciso, portanto, inverter a ordem da equação: reduzir o déficit e liberar a economia.
A questão é temos um sistema econômico fechado em favor de poderosos monopólios ou oligopólios setoriais. Aqui, a briga é de facão. Aliás, um Estado obeso precisa de grandes negócios para sustentá-lo. Ou seja, uma saudável concorrência entre pequenos negócios é incapaz de gerar uma arrecadação tributária substantiva. Mas é aí que está: o sistema econômico foi feito para beneficiar as pessoas e, não, o Estado. Logo, o estabelecimento de um ambiente concorrencial saudável é pressuposto necessário para liberar a capacidade de crescimento individual que, somada em suas múltiplas expressões, gera negócios, cria riqueza e possibilita a ascensão social ao trabalho honesto.
Em tempo, no plano macro, a festejada Operação Lava Jato não deixa de ser uma tentativa de inaugurarmos um novo e autêntico capitalismo no Brasil. Sem cortinas, a corrupção descontrolada explodiu o preço de determinados contratos públicos, tornando-os um negócio caro e arriscado. Mais uma vez, a liberdade negocial foi sequestrada por um ganancioso estatismo dirigista que, demagogicamente, dizia defender os pobres para promover a riqueza de políticos e empresários despidos de preceitos éticos. Foi socialismo retórico ao som de ilicitudes praticadas.
Ora, no crepúsculo da velha institucionalidade brasileira, ainda não temos uma alternativa hegemônica dominante. Num mar de dúvidas, o poder navega desorientado. A própria desorganização da política é uma consequência do surgir de novos e jovens players político-econômicos. A questão é que os novatos – além de inexperientes nos movediços jogos do poder – exigem regras mais claras, práticas mais limpas e instituições mais probas. Na verdade, busca-se uma nova dinâmica das relações de poder, novas lógicas de composição de interesses e, quem sabe, um novo começo para o Brasil.
Ao analisar os desafios contemporâneos da democracia institucional, a inteligência crítica de Ian Bremmer – em seu excelente “Us vs. Them: The Failure of Globalism” – bem pontua que o setor privado terá um papel crucial nos esforços para se reescrever o contrato social. Vivemos um tempo no qual empresas se tornaram economicamente mais relevantes que governos, tendo, portanto, uma inarredável responsabilidade política na construção de sociedades mais livres, justas e com oportunidades de prosperidade para todos.
É possível dizer que estamos inaugurando uma era de capitalismo democrático, um sistema de poder que, através do respeito à lei, privilegiará a capacidade criadora dos cidadãos e das empresas, elegendo a educação de nossas crianças, a garantia da segurança pública e o atendimento à saúde do povo como prioridades fundamentais. Para tanto, precisaremos reduzir os pesados e anacrônicos tentáculos de ingerência estatal, substituindo burocracias ineficientes pela agilidade de mecanismos de inteligência artificial que trabalham 24 horas por dia, sem hora extra, vale-alimentação nem adicional noturno.
Estamos diante de um mundo desconhecido. A fronteira tecnológica imporá radicais mudanças de concepções. Aqueles que realmente acreditam na democracia e na força criadora do capitalismo têm o dever de assumir a responsabilidade histórica de libertar o Brasil das pesadas amarras do atraso, proporcionando a nosso povo a efetiva possibilidade de uma vida melhor.
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