Ciência no Dia a Dia: Os transgênicos avançam e convencem! |
Encontrar novas características e misturar propriedades entre as plantas é uma atividade que remonta milhares de anos. As evidências arqueológicas indicam que o milho atual seria um híbrido do original com o capimpelo processo do cultivo seletivo conduzido pelos povos da América Central. Eles também desenvolveram espécies melhoradas de abóbora, algodão e feijão. Em 1879, o pioneiro Willians James Beal, da Universidade de Michigan, relatava que conseguiu obter uma espécie de milho com produtividade 50% maior a partir de cruzamentos entre espécies. A divisão ou mitose resulta em duas células e cada uma recebe um conjunto de informações para que saiba como se estruturar e executar suas funções.Estas informações chamamos de genes e os arquivos que as contêm de DNA. Este ácido desoxirribonucléico é uma fita enrolada em carretéis de proteínas com enzimas que formam uma estrutura chamada de cromossomo. A mudança de características de seres vivos animais e vegetais implica em mudanças das informações nos arquivos das células. Mudar genes como informações contidas em fichas e páginas, não significa alterar muito o armário que as contêm ou DNA. Estamos fazendo isto com os animais e vegetais para melhorar a resistência e aumentar a produtividade. Quando mudamos ou trocamos genes de vegetais e alteramos suas características, como maior resistência a pragas, pesticidas e herbicidas. Classificamos este produto como transgênico pois transferimos genes de outra espécie. Podemos também alterar a cor, o tamanho, a forma, o número de sementes, etc. O uso de alimentos transgênicos representa um dos exemplos mais clássicos de desastre na comunicação entre o mundo científico e a população leiga. Na história da humanidade, a melhora dos vegetais por cruzamentos entre espécies com enxertos e polinização praticamente foi feita com base na tentativa e erro. Demorava-se décadas e séculos para efetivamente se obter modificações favoráveis na espécie. Ao aprendermos manipular os genes no DNA, em palavras mais simples, ao mudarmos as informações dos arquivos, este processo pode resultar em espécies mais resistentes e melhores do ponto de vista comercial e nutricional em alguns anos. No final da década de 90 esta possibilidade assustou a opinião pública mundial. Um marco na trajetória dos transgênicos foi a bactéria Agrobacterium tumefaciens. Esta bactéria no solo infecta as plantas e transfere genes ou informações contidas em seu DNA. Nos pés de tabaco, o gene que faz esta bactéria ficar resistente a antibióticos foi transferido para a planta em 1983 por pesquisadores belgas. Esta bactéria é utilizada para carregar genes que os cientistas colocam propositadamente em seu DNA como um vetor. Assim esta bactéria colocada na terra transfere para certas plantas estas informações ou genes, incorporando-as para modificar e melhorar produtos como batatas, tomates e soja. Uma vez modificadas estas plantas, suas mudas e sementes são comercializadas como espécies e produtos transgênicos. Aumenta-se a produtividade, lucratividade e agrada-se o consumidor. Graças ao algodão transgênico a Índia hoje é o segundo maior produtor do mundo, pois duplicou sua produtividade. Em ciência os modelos experimentais nem sempre podem ser extrapolados imediatamente, podem nos enganar. Em 1999 cientistas da Universidade Cornell publicaram um relatório à Nature, uma das mais respeitadas revistas cientificas, e afirmaram que o pólen do milho Bt transgênico matavam as borboletas monarcas. Esta variante transgênica do milho foi modificada para, produzir a toxina do Bacillus thuringinensis e, assim, matar as brocas que danificam a planta. Depois de muita repercussão negativa, outros estudos detectaram que a quantidade de pólen que provocou esta intoxicação no laboratório era dez vezes maior do que o necessário para produzir danos nas borboletas monarcas na natureza. Os europeus resistem aos produtos transgênicos, mas EUA, Índia, China e Brasil cada vez mais cultivam este tipo de plantas. Aumentar a produtividade agrícola e aproveitar o máximo das áreas cultivadas são estratégias para alimentar o mundo cada vez mais povoado, um desafio gigantesco.As pesquisas procuram conseguir uma espécie de milho que suporta as secas e uma de arroz que cresça produtivamente em terras banhadas por água salgada. Observatório Feijão transgênico brasileiro - Pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e da Embrapa Arroz e Feijão, duas das 46 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, entregaram em dezembro de 2010 o pedido de liberação para cultivo comercial de variedades de feijão transgênicas resistentes ao vírus do mosaico dourado à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Esse vírus é o pior inimigo dessa cultura na América do Sul. No Brasil, a doença está presente em todas as regiões e quando atinge a plantação na fase inicial pode causar perdas de até 100% na produção. Vaticano aceita transgênicos - A Academia de Ciências do Vaticano considerou que não tem perigo usar a engenharia genética no melhoramento de culturas em relatório na revista New Bioctechnology. O documento resulta de seminário com 40 especialistas e ressalta “que um bilhão de pessoas sofrem de subnutrição exigindo urgente desenvolvimento de novas tecnologias para enfrentar esse desafio. Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todas as segundas-feiras no JC. E-mail: consolaro@uol.com.br |
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