Brasil tem meta para EJA profissionalizante
A conexão com o mundo do trabalho e a possibilidade de fazer um curso profissional enquanto cursa a formação básica, a chamada EJA profissionalizante, são diferenciais da oferta do SESI.
“Olhando para a matriz curricular do nosso curso por meio de avaliações e entrevistas com os alunos, conseguimos identificar o que ele já sabe e olhar para o que falta para ele concluir. Ele não precisa rever conteúdo que já domina. Fazemos um plano pessoal de intervenção e cada um recebe material didático específico, com base no projeto de vida e no reconhecimento de saberes”, detalha o gerente de Educação Básica do SESI, Leonardo Lapa.
A oferta personalizada é possível porque o SESI elaborou, em colaboração com mais de 3 mil professores, 962 módulos e cadernos. O estudante pode escolher a formação técnica e profissional ou um dos oito itinerários formativos ligados a segmentos da economia: Alimentos e Bebidas, Construção Civil, Couros e calçados, Química, Madeira e mobiliário, Metalúrgica, Minerais não metálicos e Têxil e vestuário.
Lapa lembrou, ainda, que a integração da EJA com a educação profissional é meta do Plano Nacional de Educação (PNE): até 2024, 25% das vagas da EJA no país devem ser na modalidade profissionalizante, mas hoje apenas são apenas 3,5% das matrículas. No SESI, o pecentual é de 50%. O gerente encerrou sua apresentação falando da importância da formação dos docentes para a educação de jovens e adultos dar certo e garantiu que o SESI vai levar a metodologia para outras redes.
Parcerias com governos estaduais e com o Ministério do Desenvolvimento Social
Duas parcerias do SESI já estão rodando. Uma com o governo estadual de Mato Grosso, por meio da Fundação Getulio Vargas (FGV), e uma com o Ceará, em que mais de 2.400 internos de presídios no estado estão cursando a Nova EJA.
A próxima foi anunciada no evento desta quarta pelo superintendente do Conselho Nacional do SESI, Wagner Pinheiro, e pelo diretor do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Alisson Silva.
“Temos um GT [Grupo de Trabalho] há dois meses para um acordo de cooperação em que vamos ter beneficiários do Bolsa Família fazendo a EJA profissionalizante. Vamos dar uma capacitação para que essas pessoas possam empreender ou ser empregadas”, afirmou Silva.
Segundo o diretor do MDS, a baixa evasão alcançada pelo modelo do SESI foi um dos fatores que mais chamaram atenção da pasta, considerando o público do programa. O superintendente do Conselho Nacional do SESI complementou: “Nós podemos e queremos ser parceiros ativos. A integração com a política pública e a busca de soluções com efetividade são importantes.”
Para a coordenadora de EJA do MEC, Maria do Socorro Nunes, é necessária uma pactuação ampla, com investimentos da pasta e parcerias intersetoriais. “Temos 9,3 milhões de pessoas não alfabetizadas com 15 anos ou mais e 931 municípios que não ofertam a EJA”, alertou.
Tecnologia contribui para tornar modelo mais acessível
Para tornar o modelo do SESI cada vez mais acessível, o especialista do SESI Kledson Sousa aposta nas tecnologias. Ele lembrou que a Nova EJA é 80% no formato Ensino a Distância (EaD) e 20% presencial. Ele apresentou o ambiente virtual de aprendizagem do SESI, que, além dos conteúdos e das salas de aula virtuais, tem banco de questões no modelo do ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), repositório de arquivos e relatórios quantitativos e qualitativos.
Coordenadores da Frente Parlamentar Mista de Educação participaram do evento e também reconheçaram a importância da EJA. Confira o que eles falaram:
Senador Flavio Arns: A população com mais de 25 anos está em torno de 130 milhões de pessoas e cerca de 60 milhões não têm educação básica completa. Por isso a importância do projeto do SESI. Vamos partir da história dessas pessoas, das suas necessidades. E temos tantos municípios diferentes, com realidades diferentes.
Dep. Pedro Campos: Só de EJA estar na pauta da educação já é uma vitória. Quando se fala de EJA, se pensa muito no passado, mas eu gostei muito do tema do evento, porque falar de futuro quando se fala de EJA é fundamental. Não há futuro deixando as pessoas presas num passado que não deu certo. Como podemos avançar? Buscar transversalidades, como essa parceria com o Sistema S e a indústria.
Dep. Tabata Amaral: Obrigada por darem esse passo tão óbvio, que é integrar a EJA com mercado de trabalho e ensino profissionalizante. Me enche de esperança ver isso. Minha mãe abandonou o ensino médio quando engravidou de mim e voltou a estudar quando eu estava no ensino médio. Nosso economista Paes de Barros já mostrou que jovem que não termina ensino médio vive de três a quatro anos menos, tem salário mais baixo, mais chances de ir pro crime e maiores chances de ter doença grave.
Dep. Rafael Brito: Esse programa era um piloto, deu certo e agora vai ser levado para todo o Brasil, na expectativa de 150 mil novas matrículas. Quando fui secretário, fiz parceria com Sistema S e é a melhor coisa possível. Material didático e infraestrutura de excelência. Então quanto mais parcerias firmarem para EJA ser aprimorado, será um ganho para todo mundo.
Professor Israel, ex-presidente da bancada da Educação e articulador político do Todos pela Educação: O Brasil tem desigualdades continentais. Se pensarmos que vamos fazer uma política nacional, única para todos, estamos enganados. Ouvi atentamente discurso do presidente Alban e fiquei encantado. É um setor econômico que responde por ¼ do nosso PIB e precisa se posicionar efetivamente em prol do país. E vocês têm o SESI e essa estrutura incrível.
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