Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com Produtividade em Queda, Salários Crescem e Pressionam Indústria

SÃO PAULO - O avanço de 4,6% acima da inflação no custo da folha de pagamento da indústria no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2011, está pressionando ainda mais os lucros do setor, em um momento de queda da produtividade, segundo avaliação dos economistas consultados pelo Valor. Agrava a situação o fato de as medidas de incentivo à produção, anunciadas pelo governo, ainda não terem surtido efeito claro.

Entre janeiro e março, na comparação com o mesmo período de 2011, a produção industrial, segundo o IBGE, recuou 3%. A queda do número de horas pagas foi menos acentuada: 1,2% na mesma comparação. O resultado desses dois fatores é uma produtividade 1,8% mais baixa no primeiro trimestre de 2012 frente ao primeiro trimestre do ano passado.

“O cenário de competitividade da indústria só piora”, avaliou a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Segundo ela, a pressão salarial e o recuo da produção têm tirado ainda mais a capacidade do setor de concorrer com o produto importado no mercado nacional. “O nosso mercado de trabalho ainda está aquecido e a indústria ficou ‘presa’, porque, se não der aumento de salários, vai perder pessoal para o setor de serviços, comércio e construção civil”, disse. “A indústria não pode se dar ao luxo de não dar aumentos reais, porque compete diretamente com setores mais dinâmicos.”

Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos, explica que, devido às dificuldades de demitir funcionários no Brasil, a tendência é que os empresários segurem sua mão de obra o máximo possível. Por isso, o emprego industrial responde com defasagem à queda na produção — na comparação entre o primeiro trimestre de 2012 com o mesmo período de 2011, o pessoal ocupado no setor recuou 0,8%, menos de um terço da queda na produção.

No início do ano, porém, o nível de emprego seguiu a atividade mais de perto. “Em um primeiro momento de crescimento econômico menor é normal que a produção caia mais rapidamente que o emprego. Mas, como a produção está recuando lentamente, o ajuste do emprego e da produtividade está acompanhando mais de perto o movimento da atividade”, avalia Ramos. “A indústria demitir é um fato ruim, mas existe a vantagem de ajustar a produtividade. Não adianta o empresário contratar mais ou manter os seus empregados se não há demanda pelos seus produtos. No médio prazo, a empresa fecha. O melhor é desligar os trabalhadores ou acabar com horas extras e diminuir turnos”, explica.

Para o economista, o ritmo fraco da indústria terá impacto nas negociação de reajuste neste ano. “Como o desemprego geral da economia está baixo, isso favorece o aumento de salários. Mas as empresas estão vendo lucros menores, por isso acho que as negociações salariais com os sindicatos neste ano serão mais duras.”

Alessandra, da Tendências, explica que a indústria não consegue repassar o aumento do custo da mão de obra para os preços, uma vez que sofre concorrência pesada de produtos importados. “Isso corrói a sua margem de lucro”, diz.

Para a Rosenberg Associados, a competição com os produtos importados agrava o cenário industrial do país. De acordo com a consultoria, o quadro não está favorável para a indústria, que sofre com problemas estruturais, principalmente pela competição dos importados, que buscam mercado consumidor em um cenário global de baixo crescimento.

A economista da Tendências acredita que o setor está aguardando os próximos meses e o resultado mais claro das políticas de incentivo à produção industrial adotadas pelo governo para iniciar um processo de demissões. “A indústria está numa posição de cautela. O custo de demissão é muito alto no Brasil e essas medidas podem reverter em parte o cenário ruim”, afirma Alessandra.

Entre 17 setores da indústria contemplados pela pesquisa, houve redução do pessoal ocupado em dez deles no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado. Desses, sete tinham registrado redução da produção física, de acordo com o IBGE.

As demissões no setor têxtil representaram uma queda de 5,1% do pessoal ocupado, enquanto o corte de pessoal foi de 6,5% no setor de vestuário. Na mesma comparação, a produção física têxtil recuou 7,5%, enquanto a do vestuário caiu 15,1%. A alta de 51% nas importações de vestuário nos três primeiros meses também explica o resultado negativo,segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) Aguinaldo Diniz Filho.

O emprego também vai mal nos setores de calçados e couro (-7,0%), fumo (-5,7%), produtos de metal (-5,5%), borracha e plástico (- 4,2%) e metalurgia básica (-2,9%), sempre na comparação entre o primeiro trimestre deste ano frente a igual período de 2011.

Fonte:|http://www.valor.com.br/brasil/2656792/com-produtividade-em-queda-s...

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