Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Hoje no Mulheres pelo Mundo, Daniela Kresch, de Israel, e a pergunta que todo mundo já se fez pelo menos uma vez, em todos os cantos do planeta.

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Sempre fico preocupada com o que vou vestir em eventos, aqui em Israel. Isso porque sou uma pessoa desnecessariamente estressada. Se eu fosse calma, zen, tranquila, eu não daria a mínima, assim como a maioria dos israelenses. As pessoas vão a casamentos, por aqui, como vão ao cinema. Isto é: com uma blusinha um pouquinho mais arrumada, uma bijuteria bacana e ponto final. Os homens abusam do jeans com camisa de gola. E olhe lá. Quando muito, fazem a barba. Então, porque sempre me pego preocupada?

A resposta á óbvia: nasci e cresci na Zona Sul do Rio, onde qualquer desculpa é boa para vestir uma roupa bacana com aquele salto agulha, além das jóias da vovó. Os homens, claro, não dispensam a gravata e o sapato engraxado. Ainda lembro do meu pai usando abotoaduras em eventos especiais como casamentos e bar-mitzvas.

Acho que nenhum israelense viu, na vida, uma abotoadura. O modo de vestir “básico” é uma das marcas registradas por aqui. Não acho que vi mais do que dez homens de terno e gravata pelas ruas, desde que cheguei, há mais de sete anos. As mulheres também economizam no glamour. É quase como se competissem para saber quem se esforçou menos.

Em meio a isso tudo, é muito engraçado ver a série de programas das estilistas britânicas Trinny Woodall e Susannah Constantine em Israel. Elas formam a dupla Trinny & Susannah, que há anos tentam ensinar os ingleses e se vestir melhor. Elas começaram com uma coluna de jornal e dois passaram a ser apresentadoras de programas de moda como “Trinny & Suzanna undress” e “What not to wear”. No verbete sobre as duas na Wikipédia, diz-se que elas já fizeram “makover” em mais de 5 mil mulheres em toda a carreira conjunta.

O estilo Trinny e Susannah de ser é engraçadíssima é bem direito. Elas não se incomodam de botar as mãos nos seios das mulheres para “sentir” o tamanho do sutiã ideal. Ou apalpar o bumbum das candidatas a makeover. Elas dizem sem rodeios tudo o que pensam. Se para os ingleses isso é bem escandaloso, para os israelenses é menos – ser direto e grosseiro é a norma. Mesmo assim, a série de programas em Israel é interessante, porque mudar os hábitos das pessoas por aqui, quando de trata de vestimenta, é mais difícil do que derrubar o presidente líbio Muammar Kadafi.

No final de cada programa, os “modelos” desfilam numa passarela improvisada para mostrar a mudança. Saem calças rasgadas e blusas sem estilo. Entram vestidinhos colados com colares da moda. Saem tênis esfarrapados e casacos sem graça. Entram sapatos de salto número 7 e jaquetas da moda. Todo mundo fica “lindo” nos 15 segundos de fama. Mas é impossível esconder a falta de jeito das cobaias. Os sorrisos amarelos, o andar esquisito. Fica óbvio que, meia hora depois, todo mundo voltou ao velho e bom jeans de dez anos atrás.

O que acontece é que Trinny e Susannah não entendem que colocar a primeira roupa pendurada no armário é, por aqui, mais do que uma realidade: é uma ideologia. Mostrar que você se importa com a sua aparência é tido como futilidade. Israel nasceu como um país socialista, formado por imigrantes que vieram para fundar um país do nada. Sessenta anos depois, a ideologia virou cultura. Está no sangue, no DNA (sem querer generalizar e já generalizando). Convencer os israelenses de que gastar mais do que três minutos diante do espelho, nessas circunstâncias, é perda de tempo. Mas, pelo menos, dá boa televisão.

Preciso lembrar disso antes do próximo casamento, aniversário ou bar -miztva.

Fonte:|colunas.epoca.globo.com|

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