Muito além do aumento na extensão da área plantada, dos números recordes da safra nacional de 2012/2013 (que atingiu 188,2 milhões de toneladas) e dos efeitos positivos do câmbio sobre as commodities, os bons resultados do agronegócio, que tiveram crescimento de 7% no acumulado do ano passado, são frutos de investimentos em tecnologia e inovação.
Suporte que, para analistas, a indústria brasileira não vem recebendo na medida certa.
Economista da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite destaca que há anos a agropecuária vem sustentando o PIB brasileiro, frente à baixa participação da indústria no desenvolvimento da economia.
A partir de dados do IBGE, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressalta que o setor vem perdendo participação no PIB há pelo menos três anos. Em 2010, o peso da indústria na economia era de 28,1%, e, agora, caiu para 24,9%.
“O único segmento no Brasil que se preparou para a concorrência internacional foi a agroindústria. Isso é resultado de um trabalho de décadas da Embrapa, dos institutos agrícolas, e da capacidade empreendedora dos empresários. E esse desempenho só não é maior por conta dos gargalos de logística que abalam a economia com um todo”, avalia Leite.
Já a indústria, em sua opinião, colhe hoje o atraso de dez anos de falta de investimentos em infraestrutura que, só agora, começam a ser pensados.
Economista da CNI, Renato da Fonseca destaca que, desde a crise de 2008, a indústria brasileira não conseguiu se recuperar e patina, oscilando entre meses bons e ruins. A situação do setor reflete, segundo Fonseca, anos de políticas econômicas focadas no aumento do consumo das famílias e não tanto no suporte à indústria.
“Tivemos um crescimento de 1,3% (em 2013 ante 2012), mas a recuperação das perdas de 2,5% em 2012 não foram feitas. Esse PIB puxado pela agropecuária e os serviços mostram a incapacidade que a indústria nacional vem tendo de competir com o mercado externo”, diz.
Para Fonseca, a recuperação do setor exige uma reflexão sobre a política de controle da inflação, como aumento da Selic e um pacote de redução dos custos do déficit fiscal pelo governo: “Os juros altos atingem diretamente os investimentos da indústria. É preciso que o governo pense, primeiro, em cortar custos. Só assim a confiança do empresário vai voltar”.
Fonte: Brasil Econômico
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