Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Comitê propõe a padronização de roupas femininas

Comitê propõe a padronização de roupas femininas

Pouco importa se a roupa cobiçada está em uma loja física ou na internet. O grande desafio da consumidora brasileira, além de fazer pesquisa para pagar menos pela roupa, é acertar no tamanho que deve comprar. Cada marca trabalha com uma modelagem e, clientes como a estudante de direito Francini Aline Costa da Silva, 22 anos, tem que vestir numerações que vão do 34 até o 40. Uma norma criada pelo ABNT/CB-17 (Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da Associação Brasileira de Normas Técnicas), com apoio da empresa catarinense Audaces, quer acabar com essa insegurança na hora da compra.

Marco Santiago/ND

Francini revela que compra pouco pela internet devido à falta de padronização e vibrou com a novidade

Uma consulta simples em qualquer guarda-roupas feminino do país deve chegar ao mesmo resultado visto no quarto de Francini: peças de roupa que flutuam entre diversas numerações. A estudante de direito, que está começando um estágio na Fundação Municipal de Esportes de Palhoça, veste, normalmente, o tamanho 36. Mas já teve que se adaptar diversas vezes aos extremos, 34 e 38, chegando a usar, inclusive, o 40. “Esse problema é mais comum com calças e shorts jeans, mas até com blusa eu já tive dificuldades com a numeração”, explica.

A estratégia da estudante é, nas compras presenciais, pegar duas numerações diferentes, além do 36, para experimentar no provador. Ela evita fazer muitas compras pela internet, até porque já teve problemas inclusive com as medições que o site de compras trazia. “Tirei minhas medidas, comparei (com as do site) e, mesmo assim, não serviu. Acabei me desfazendo da peça, que era um blaser, porque ele ficava apertado. Por isso, acabo não comprando muito pela internet”, conta.

Na opinião de Francini, uma padronização como a proposta pelo comitê da ABNT será interessante porque vai evitar vários problemas que as consumidoras têm atualmente. “Presentear alguém vai ficar mais fácil e, com isso, tenho certeza que vai diminuir o número de trocas”, projeta. Para ela, além das roupas, a padronização poderia chegar até os pés, com uma regra clara para os sapatos – outra fonte de dor de cabeça para as compras femininas.

Trabalho apontou três biotipos das brasileiras

O trabalho do comitê da ABNT foi complexo e envolveu um amplo estudo antropométrico da mulher brasileira. Para viabilizar a construção das bases de modelagem que poderão ser implantadas pelas empresas de pequeno, médio e grande porte da indústria da moda, foi necessário estabelecer tabelas-padrão após a definição dos biotipos das consumidoras do país.

O projeto batizado de SizeBR, que tem a parceria do Senai Cetiqt, percorreu todas as regiões do país. Do Sudeste, passou pelo Sul, pelo Nordeste, pelo Centro-Oeste e, finalizando os trabalhos, no Norte. A meta era medir 10 mil voluntárias. Após esse trabalho, considerado vital para a nova Norma de Padronização de Vestuário Feminino, os pesquisadores chegaram a sete formas corporais no Brasil.

Destas, apenas três dos biotipos mais frequentes do país (confira no box) terão as medidas estabelecidas pela ABNT. A proposta do projeto é que as etiquetas das peças, que hoje devem trazer dados do produtor (como razão social e CNPJ), o conteúdo utilizado na confecção e os cuidados para garantia da durabilidade do produto, tragam também o país de origem da peça e seu tamanho ou dimensão, identificando para quais medidas de corpo a roupa foi projetada.

Empresa de Florianópolis validou proposta da ABNT

A empresa de tecnologia Audades, de Florianópolis, especializada em soluções para as empresas têxteis, entrou no projeto do comitê da ABNT no ano passado. “Nos juntamos ao comitê no momento em que os dados da pesquisa já eram suficientes para que a norma começasse a ser desenvolvida. Utilizamos a nossa tecnologia 3D para que as medidas dos perfis de corpos pudessem ser aplicadas e visualizadas, validando as bases da norma”, explica Rodrigo Cabral, 42, diretor de Business Development da Audaces.

A ferramenta utilizada pelo comitê da ABNT e desenvolvida pela Audaces é utilizada pelo mercado da moda com três focos: para estabelecer novas bases para roupas que estão sendo desenvolvidas; para reduzir as peças-piloto ao melhorar a interação entre os modelistas e os pilotistas (essa redução varia de 30% a 50%); e para dar realismo para catálogos como o da moda fitness. 

A equipe da Audaces trabalhou diretamente com Patricia Dinis, consultora técnica do Senai Cetiqt, que usou a tecnologia 3D para criar avatares virtuais que “testaram” as medidas propostas para os três biotipos que vão integrar a nova norma. O biotipo mais comum no país seria o “rectangle” (retângulo) que, apenas na região Sudeste, corresponde a 65% das mulheres. A expectativa de Cabral é que a nova norma seja publicada ainda em 2015. 

Falta divulgação para as normas da ABNT

A exemplo das normas que deram os referenciais de medidas do corpo humano de bebês e infanto-juvenil, de 2009; e do vestuário masculino, em 2012, a nova norma para o vestuário feminino não é obrigatória. Ou seja: depende da adoção espontânea da indústria do país. Quem não quiser adotar, simplesmente não precisa fazer isso. O problema é que estas normas não são conhecidas pelo setor, alerta Ulrich Kuhn, representante da indústria na diretoria do Sesi/SC e presidente do Sintex (Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau).

“Ninguém fala a respeito destas normas. Elas deveriam ser mais divulgadas”, ressalta. Mas esse nem é o entrave principal, segundo Kuhn. Na opinião do empresário, a roupa feminina é muito complexa, e fica economicamente inviável para as indústrias produzir vários tamanhos para diferentes biotipos da mulher. “Imagina fazer isso para cada região. Não teríamos escala. Seria quase um artesanato”, questiona.

Para Kuhn, o Brasil não deveria “inventar”, mas copiar o mundo. E dá como exemplo os Estados Unidos, aonde não existem biotipos, mas o consumidor está acostumado a comprar uma calça de numeração 10, por exemplo, e saber que ela tem cinco graduações para quem mora em Los Angeles; e oito, por exemplo, para quem mora em Nova York. “As calças nem precisam ser provadas. Mas um vestido, sim. O mais importante nesse processo no Brasil é a conscientização do consumidor, que deve fazer o policiamento do fabricante e exigir que comece a existir um padrão no país”, opina.

Biotipos brasileiros

Confira as formas identificadas pela pesquisa do projeto SizeBR e quais devem fazer parte da norma prevista para ser publicada neste ano pela ABNT:

- Hourglass (ampulheta): aparenta ser proporcional no tórax e quadril, e apresenta cintura bem marcada

- Bottom hourglass (ampulheta inferior): apresenta quadril maior do que o tórax e cintura marcada

- Top hourglass (ampulheta superior): apresenta circunferência do tórax maior que a circunferência do quadril, e as razões tórax-cintura e quadril-cintura produzem cintura marcada

- Spoon (colher): determinado pelas circunferências do tórax, da cintura, do quadril e do quadril alto, que se define quando existe uma diferença positiva entre as circunferências do quadril e do tórax. Apontada como uma das formas mais comuns no país, estará na nova norma da ABNT

- Triangle (triângulo): se aplica quando a circunferência do quadril for maior que a circunferência do tórax e apresenta razão quadril-cintura pequena. Essa forma corporal apresenta uma cintura não marcada. É uma das formas mais comuns do país e estará na norma da ABNT

- Inverted triangle (triângulo invertido): apresenta circunferência do tórax maior que a circunferência do quadril, com razão tórax-cintura pequena. A mulher com esse tipo de biotipo não tem uma cintura marcada

- Rectangle (retângulo): apresenta circunferências do tórax e do quadril praticamente iguais, além de uma linha de cintura não muito marcada. Conclui-se que o tórax, a cintura e o quadril estão alinhados uns com os outros. Tipo mais comum encontrado no Brasil, estará na norma da ABNT.

Fonte: Senai Cetiqt

http://www.dihitt.com/barra/comite-propoe-a-padronizacao-de-roupas-...

Exibições: 76

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço