Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Como corintiano, e diante da morte horrível do jovem torcedor boliviano na partida contra o San José, opino: o Corinthians deveria ser excluído da Libertadores

A torcida do Corinthians no estádio de Oruro: tragédia na Bolívia (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)

A torcida corintiano no estádio de Oruro: a tragédia na Bolívia deveria ser um marco exemplar para terminar com o conluio entre clubes e torcidas organizadas e para golpear de morte essas entidades de baderneiros de todas as cores (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)

Amigas e amigos do blog, leiam esse trecho de reportagem de hoje do site de VEJA:

“O Corinthians deixou claro mais uma vez que não acredita ter qualquer responsabilidade no episódio da morte do garoto Kevin Beltrán Espada, atingido por um sinalizador [disparado por alguém em meio à torcida do clube] durante o empate com o San José, na quarta-feira, em Oruro, na Bolívia. [Doze torcedores estão detidos enquanto as autoridades da Bolívia investigam o crime.]

“Na manhã desta sexta, o clube anunciou que vai recorrer da decisão da Conmebol de barrar a torcida corintiana dos jogos da Copa Libertadores enquanto a tragédia não for esclarecida.

“Em nota divulgada por seu site oficial, o Corinthians diz que ‘lançará mão de todos os recursos legais para reformar a decisão imposta pela Conmebol’. A direção afirma que ‘a punição imposta é injusta, na medida em que prejudica diretamente o direito de inocentes”, citando os torcedores que compraram mais de 80.000 ingressos de forma antecipada para os jogos do time no Pacaembu.

“O clube está tão confiante na chance de escapar sem punições do caso que já avisou aos torcedores que têm os bilhetes para as três partidas que evitem pedir o dinheiro de volta por enquanto. ‘A diretoria acredita na reforma da pena e pede que todos esperem até a próxima quarta’, diz a nota.

Amigos, essa questão da responsabilidade dos clubes de futebol pelo comportamento violento (ou racista) de sua torcida é uma bola dividida. Tecnicamente, como é possível que a diretoria de um clube possa responder por dezenas de milhares de pessoas com a adrenalina a mil num campo de futebol? Como ligar a diretoria de um clube, ou a própria instituição, a dezenas de milhares de torcedores que sequer são sócios?

Do ponto de vista estrito do ordenamento jurídico geral do país, ou dos países, talvez isso seja impossível. Quase certamente é. Felizmente, porém, a legislação e os regulamentos dos campeonatos de futebol conseguiram criar a figura da punição do clube por ações violentas de suas torcidas — mantendo as punições, muitas vezes severas, no âmbito esportivo.

Felizmente, mesmo. No caso do jogo do Corinthians contra o San José de Oruro, acima de picuinhas e interpretações, está em jogo algo sagrado: a vida humana.

A morte pavorosa, horrenda, que teve o jovem Kevín, de 14 anos, com um projétil incendiário entrando-lhe pelo crânio por um dos olhos, mais do que justifica a punição imposta ao Timão — mesmo que os fatos tenham ocorrido em estádio alheio.

Se a Comenbol não fosse uma entidade decrépita, com a credibilidade correspondente, punição exemplar mesmo seria excluir o Corinthians da Copa Libertadores, uma vez identificados como integrantes da torcida corintiana os culpados e seus cúmplices.

O clube pode não ter culpa ao estrito pé da letra, a punição pode ser tecnicamente injusta, mas a manutenção do respeito à vida e à incolumidade física dos torcedores é um valor que, em países civilizados, TEM QUE ESTAR ACIMA DISSO TUDO.

Além disso, uma punição drástica como essa poderia significar dois passos importantes para deter a barbárie nos estádios de futebol:

1. Golpearia duramente o conluio frequentemente existente entre diretorias de clubes, ou parcelas de poder dentro dos clubes, e as torcidas organizadas, utilizadas politicamente por dirigentes.

2. Colaboraria nos esforços que há anos, no Brasil, as autoridades policiais e o Ministério Público vêm realizando para banir a baderna violenta nos estádios, de forma a recuperá-los para a frequência do comum das pessoas.

Como corintiano, é isso o que acho: o Corinthians, como forma servir de exemplo para que fatos horrendos como a morte do jovem boliviano não mais ocorram, deveria ser banido da Libertadores.

E que as autoridades bolivianas descubra mquem disparou o sinalizador e quem mais colaborou para o crime, de forma a que sejam punidos com uma pesada pena de cadeia. Se, eventualmente, chegarem à conclusão de que o criminoso, ou os criminosos, não estão entre os doze presos, mas voltaram ao Brasil, que colaborem com a polícia brasileira para que possam ser apanhados aqui e pagar pelo horror cometido.

Escrevo tudo isso, indignado, mas — como quase sempre acontece — confesso: no final, isso ainda vai acabar não dando em nada.

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/

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