Um grupo de artistas de São Paulo tenta reviver e popularizar uma prática hoje relegada a especialistas ou trabalhadores de baixa renda: fazer as próprias roupas.
No tradicional bairro do Bom Retiro, centro de São Paulo e polo da manufatura têxtil, montaram uma espécie de biblioteca de modelagem onde funciona a Casa do Povo - centro cultural e colaborativo da cidade. Ali, aos sábados, recebem pessoas interessadas em inventar e costurar a moda que usam no dia a dia, no que batizaram de Ateliê Vivo.
Sob a coordenação da estilista Karlla Girotto, o grupo, chamado G>E (Grupo Maior Que Eu), disponibiliza o maquinário e os moldes de algumas peças criadas por estilistas renomados, como Fernanda Yamamoto, Alexandre Herchcovitch e Fabia Bercsek, componentes do acervo de Girotto. Além disso, fornecem monitoria ao longo do dia.
“O projeto começou como uma inquietação nossa sobre a lógica da moda hoje: de como é o processo desde a escolha das pessoas que vão trabalhar até os estilistas que só produzem o que é mais vendido no mercado. Uma inquietação com o aceleramento e desvalorização da produção”, explica Gabi Cherubini, figurinista e integrante do G>E.
Há um ano e meio funcionando na Casa do Povo, eles recebem pessoas de todas as idades e gênero. “Tem desde criança de 8 anos que vem com a mãe, até senhoras, homens, gays, travestis….”, conta a figurinista.
A participação é gratuita, porém é necessário levar os próprios tecidos para a confecção da indumentária. Devido a demanda de público - o ateliê recebe até dez participantes por sábado - é recomendado chegar antes das 13h30 para pôr o nome na lista - as atividades têm início a partir das 14h e vão até 21h.
“A nossa ideia é passar a autonomia do fazer da roupa. Que a pessoa possa escolher o tecido, tenha entendimento do corpo que está vestindo, de sua identidade. Não é uma aula, é mais uma experiência. não costuramos para ela nem fazemos modelagem. Vamos fazendo orientação e vivenciando junto.”
Os organizadores também recomendam ter noções básicas sobre costura, por uma questão de manutenção das máquinas, como explica Gabi. No primeiro sábado de cada mês organizam a aula “Faça você mesma”, essa sim dedicada aos leigos.
Atualmente, os monitores trabalham como voluntário. Os recursos para manter o ateliê vêm de parcerias com instituições como o Sesc, do aluguel do espaço para cenografias e da venda de tecidos doados ao grupo. A partir de 2017, terão também financiamento do Proac - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/11/Como-fazer-a-pr%C...
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