Por: Felipe Moura Brasil
No começo da semana, o procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato, tratou José Carlos Bumlai como “operador do PT”.
A IstoÉ revela, no entanto, que investigadores já o tratam mesmo é como “laranja do Lula”.
Bumlai confessou que contraiu em 2004 um empréstimo irregular de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin e repassou o valor ao PT, por meio de laranjas, para abastecer campanhas do partido, em especial a de Lula, de 2006.
Metade desse valor foi usado para pagar o chantagista Ronan Maria Pinto, que, como revelou VEJA, ameaçava denunciar o envolvimento do próprio Lula, de José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato de Celso Daniel.
Como contrapartida, o Banco Schahim ganhou um contrato superfaturado de R$ 1,6 bilhão para fornecimento de navios-sonda para a Petrobras, num modus operandi que, segundo Bumlai, teria se repetido em outras transações, com outros laranjas, sempre tendo o PT como beneficiário.
A Polícia Federal suspeita que o esquema do PT com o Banco Rural, durante o mensalão, tenha sido idêntico; e que, após o estouro do escândalo, o Banco Schahin foi acionado para quitar R$ 60 milhões em dívidas da campanha de Lula.
Ou seja: o mensalão, gerido por Delúbio Soares, teria sido substituído pelo petrolão, gerido por João Vaccari Neto – esquema que teria bancado as duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff.
Mas vamos por partes.
Há várias razões pelas quais o depoimento de Bumlai implica Lula.
1) “A principal delas”, como diz a revista: “Bumlai nunca foi empreiteiro nem mantinha negócios com a Petrobras. Agiu sempre em favor e em nome do ex-presidente como uma espécie de laranja dele e do PT.
Perguntado pelos policiais federais sobre a motivação do empréstimo, o pecuarista disse: ‘Não iria custar nada a mim. Quis fazer um favor. Uma gentileza a quem estava no poder’. E quem estava no poder na ocasião? Lula, o presidente que forneceu a Bumlai um crachá para que ele pudesse ter acesso livre ao seu gabinete.”
2) “Em recente entrevista, o presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul, Jonathan Pereira Barbosa, dileto amigo de Bumlai, contou que Lula costumava ligar para o pecuarista atrás de favores.
‘Eu estava com Bumlai, tocava o telefone e quem era? O ex-presidente. Pedindo que fizesse favor, isso e aquilo. Zé Carlos, muito gentil, concordava’. Ainda segundo Jonathan Pereira, Bumlai era constantemente chamado para ‘resolver uns problemas’ para Lula em São Paulo e em Brasília.”
3) “No círculo íntimo do presidente Lula, todos sabem que o empréstimo junto ao Banco Schahin não foi a única gentileza feita pelo pecuarista ao amigão poderoso. Alguns préstimos já são públicos.
Em depoimento à Lava Jato, o lobista Fernando Baiano disse que a pedido de Bumlai repassou R$ 2 milhões para uma nora de Lula quitar dívidas pessoais. Segundo apurou ISTOÉ, o fazendeiro ainda teria contribuído para aproximar o empresário Natalino Bertin, proprietário do Grupo Bertin, do clã Lula em meio às negociações para venda de uma fatia do frigorífico. A proximidade resultou em favores aos filhos de Lula. A pedido de Bumlai, Bertin disponibilizou um jatinho para os filhos do ex-presidente em São Paulo, entre 2010 e 2011.”
4) A “tentativa do GRUPO SCHAHIN de cobrar de JOSE CARLOS COSTA MARQUES BUMLAI o reconhecimento de dívida no valor aproximado de R$ 60.000.000,00″, como diz o relatório obtido pelo Antagonista.
Bumlai só reconhece a dívida de R$ 12 milhões. Se o Grupo Schahin lhe cobrou o quíntuplo, pode ser porque o grupo tinha uma relação mais antiga com o PT e estava ciente de que Bumlai operava para “quem estava no poder”.
“O interrogatório do indiciado também revelou possível relação antiga da SCHAHIN com o PARTIDO DOS TRABALHADORES, não adstrita ao empréstimo de JOSE CARLOS COSTA MARQUES BUMLAIe ao contrato de operação da sonda Vitoria 10.000, mas que envolveria formação de caixa dois para financiamento irregular de campanhas da agremiação política”.
O ano de 2016, como se vê, promete para Lula e PT.
A laranjeira lulista ainda vai dar muito caldo para a Lava Jato.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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