Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O Natal não será tão interessante para o comércio varejista quanto a data se apresentou nos últimos anos. O ânimo dos clientes para comprar no quarto trimestre está inferior a iguais períodos dos anos passados. E boa parte desta falta de vontade de consumir é reflexo do alto patamar de endividamento das famílias, que diminui a renda disponível para compras à 9,4% do orçamento, contra, por exemplo, 13,2% vistos nos últimos três meses de 2011.

A avaliação é do professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo/FIA). Ele expôs sua conclusão durante a apresentação da Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra Outubro - Dezembro/2012, desenvolvida pela instituição de ensino junto à Felisoni Consultores Associados. "Acho que este fim de ano não será a mesma coisa que em anos anteriores para o varejo", opinou o especialista.

O índice de intenção de compra dos consumidores para bens duráveis para este trimestre atingiu 56%. Isso significa redução de 22 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2011, maior queda na comparação anual verificada na série histórica do estudo - iniciado em 1999.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores coletaram 500 entrevistas na Capital. A partir daí, com base em análises estatísticas, verificaram que algumas informações econômicas até o momento indicam desânimo para as compras.

"Percebemos um ciclo de queda na intenção que teve ápice em 2009, atingindo ponto máximo no quarto trimestre de 2011 e caindo para 56% agora, o que evidencia a tendência negativa", pontuou o professor do Provar/FIA Nuno Fouto.

Desagregando o resultado por setores, metade do indicador - composto pelos veículos, móveis e eletrodomésticos, hipermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo - registrou decréscimo no índice de intenção na comparação dos últimos trimestres deste ano e de 2011.

"Lembrando que no grupo hipermercados está incluída a linha branca. Os principais setores que receberam estímulo do governo, como desonerações, estão em queda no indicador", destacou Felisoni.

Os professores explicaram que o resultado está compatível com as vendas do varejo antecipadas, influenciadas pelos estímulos federais, que deixaram as famílias mais endividadas, ou seja, sobra menos dinheiro para assumir novas dívidas. "Acho que será um Natal mais fraco", disse Felisoni.

Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo sobre intenção de compra para o Dia das Crianças, publicada no mês passado, mostrou ambiente de desaquecimento para o varejo da região. Os consumidores pretendem gastar na compra por presentes 11,5% a menos do que em 2011.

 

Previsão aponta para alta de 8,4% nas vendas do varejo

Mesmo com o desânimo do consumidor no último quadrimestre, o varejo do País terá incremento nas vendas entre 7,6% e 8,4% no ano todo frente a 2011, projeta pesquisa do Provar/FIA (Programa de Administração de Varejo/FIA).

Por um olhar otimista, caso a inadimplência das famílias - atrasos superiores a 90 dias - se mantenha no patamar atual, de 7,9%, as vendas do comércio terão expansão de 8,4% neste ano sobre 2011, explicou o professor da FIA e presidente do conselho do Provar/FIA, Claudio Felisoni de Angelo.

Por outro lado, a projeção apresenta margem para que a inadimplência atinja 8,2% em dezembro, o que derrubaria em quase um ponto percentual o resultado otimista, passado a 7,6%.

"As condições atuais de intenção de consumo somadas aos resultados de renda disponível para novas compras (na qual estão incluídos outros gastos que não são básicos, como o lazer) apontam para a possibilidade desse aumento na inadimplência", explicou Felisoni.

No entanto, o professor do Provar/FIA Nuno Fouto disse que, caso o cenário se comporte opostamente às projeções, uma redução na inadimplência, a expectativa de 8,44% de alta para as vendas pode ser superada.

 

Especialista prevê inflação superior no começo de 2013

O País corre o risco de passar por pressão inflacionária superior à média atual, que acumulou alta de 5,24% em 12 meses encerrados em agosto, analisou o professor e presidente do conselho do Provar/FIA (Programa de Administração de Varejo/FIA).

Ele explicou que o atual cenário de arrecadação federal menor do que os gastos, um dos reflexos das desonerações, pode gerar aumento do dinheiro circulando na economia, ou seja, mais grana na mão dos consumidores. Por outro lado, avalia Felisoni, os investimentos no País estão fracos, o que proporciona menor capacidade de produção nas fábricas. "Os estímulos do governo para os investimentos poderiam ter mais qualidade", criticou.

Com a pressão da demanda, consumidor com mais dinheiro, a falta de oferta e empresas sem capacidade de produzir o suficiente, o resultado será uma pressão inflacionária superior, calculou o especialista.

POLÍTICA - Felisoni opinou que o governo federal fez o correto ao estimular o consumo para impulsionar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). "Não tinha outra saída com o mercado externo em crise", pontuou. No entanto, ele observa que já foi o suficiente. "Eles estão concentrando desnecessariamente as políticas no crescimento do consumo. Poderiam melhorar a qualidade dos investimentos."

FONTE: DIÁRIO DO GRANDE ABC

Leia mais em: http://www.dgabc.com.br/News/5985179/consumidor-desanimado-esfria-n...

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