Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Contribuição da Integração do Sistema de Custos ABC e os Custos da Qualidade

A busca por um melhor gerenciamento de custos, dá-se com a necessidade de controle permanente, observando na integração do sistema de custeio ABC com o controle dos custos da qualidade uma grande oportunidade de um controle eficaz e preciso das informações de custos, auxiliando na tomada de decisão.

1. Introdução
Com a globalização e o significativo aumento da competitividade que vem ocorrendo nos mercados atuais, o controle dos custos tornou-se altamente relevante para a tomada de decisões. Haja vista que as empresas passaram a definir seus preços com base nos valores praticados pelo mercado, e não mais somente com base nos custos incorridos na produção ou na prestação de serviços.

Assim, a Contabilidade vem se modernizando, bem como criando novos conceitos e metodologias que permitem um melhor gerenciamento de custos. O método de custos ABC é um exemplo que surgiu com a necessidade de se dar maior controle aos custos que os métodos de custos convencionais. Nele, se enfatiza a idéia de que os produtos consomem as atividades, que por sua vez consomem os recursos; já nos métodos dos custos convencionais, o produto é o foco do processo de custeio, pois os custos são alocados até o produto, considerando-se que cada produto consuma seus recursos.

Em meio a esse contexto, outro aspecto fundamental é o conhecimento e a aplicação dos custos da qualidade como ferramentas vitais para a sobrevivência das empresas, auxiliando a produção com alta qualidade e o menor custo possível.

Antigamente acreditava-se que para ter qualidade superior implicava em altos custos, mas hoje ocorre o inverso, pois a baixa qualidade significa refugo, retrabalho, perda de mercado, desperdícios de tempo e mão de obra, ou seja, a sintonia com a qualidade proporciona o uso correto dos recursos da empresa e conseqüentemente, a redução dos custos.

Nesse sentido, observa-se que uma qualidade insatisfatória significa utilização insatisfatória dos recursos, implicando em desperdícios de material, mão de obra e tempo de equipamento. Por outro lado, qualidade satisfatória significa utilização satisfatória dos recursos e, por conseguinte, custos reduzidos (FEIGENBAUM, 1994).

Como se pode observar, a integração do método de custeio ABC com o controle dos custos da qualidade pode ser considerada uma importante ferramenta para auxiliar na tomada de decisões nas organizações, uma vez que permite o gerenciamento das causas de seus custos, com uma visão global das atividades da empresa.

Observando a relevância da integração do Custeio ABC com os custos da qualidade, surge o seguinte problema de pesquisa: qual a contribuição gerada pela integração do sistema de custeio ABC com os custos da qualidade para a tomada de decisão gerencial?

Para isso, o objetivo principal da pesquisa é verificar a contribuição da integração do sistema de custeio baseado em atividades (ABC) com os custos da qualidade no auxílio da tomada de decisões gerenciais. Com objetivos secundários: i) destacar a importância do sistema de custos ABC para o cálculo dos custos da qualidade; e, ii) analisar as necessidades das empresas na busca de uma melhor utilização das informações geradas pelos sistemas de custos da qualidade.

De natureza exploratória esta pesquisa utilizou-se da coleta de dados em livros, dissertações, artigos e a utilização do meio eletrônico (Internet), para relacionar as características do custeio ABC e dos custos da qualidade, de forma a se identificar às contribuições de sua integração.

Através da elaboração deste artigo, foi possível observar que o sistema de Custeio ABC integrado aos custos da qualidade contribuem para auxiliar na tomada de decisões gerenciais, uma vez que fornece informações precisas e confiáveis através da identificação e classificação das atividades e a alocação correta dos custos, possibilitando assim decisões firmes por parte da gestão das empresas e formulação de estratégias que aumentem sua competitividade.

2. Sistemas de custos tradicionais e o custo ABC

2.1 Definição de custos

Martins (2008, p. 25) define custos como "gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços". Podem-se confundir custos com gastos, sendo diferenciados somente no momento em que os fatores de produção (bens e serviços) são utilizados. Um exemplo seria o gasto com a aquisição de uma matéria-prima, que na sua utilização para fabricação de um produto gerou custo de matéria-prima como parte integrante do bem produzido.

Algumas classificações importantes podem ser dadas a custos, são elas: as que se caracterizam de acordo com o volume de produção, sendo os custos fixos ou variáveis e as que caracterizam-se pelo produto ou serviço adquirido, sendo os custos diretos ou indiretos.

Nesse sentido, Martins (2008, p. 51) define custos diretos, indiretos, fixos e variáveis como:

Diretos e Indiretos dizem respeito ao relacionamento entre o custo e o produto feito: os primeiros são fácil, objetiva e diretamente apropriáveis ao produto feito, e os Indiretos precisam de esquemas especiais para a alocação, tais como bases de rateio, estimativas etc. Custos Fixos e Variáveis são uma classificação que não leva em consideração o produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo num período e o volume de produção. Fixos são os que num período têm seu montante fixado não em função de oscilações na atividade, e Variáveis os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação.

Analisando as definições anteriores, pode-se destacar que os custos citados possuem as seguintes características:

a) Os custos fixos são aqueles cujos valores dos montantes são os mesmos quaisquer que seja o volume de produção realizado.

b) Os custos variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume de produção realizado.

c) Os custos diretos são aqueles que podem ser diretamente apropriados ao produto ou serviço prestado, porque há uma medida objetiva de seu consumo na fabricação.

d) Os custos indiretos, por sua vez, não podem ser alocados diretamente ao produto ou serviço adquirido, dependendo de cálculos, rateios ou estimativas para serem apropriados em diferentes produtos.

Essa classificação de custos é a mais utilizada no dia a dia tanto de empresas industriais quanto de empresas não industriais, onde todos estes elementos estão vinculados ao produto final.

Dentro desse contexto, torna-se importante destacar que os custos podem ser classificados ao mesmo tempo como diretos e indiretos, fixos e variáveis. Geralmente, os custos diretos são variáveis e os indiretos são fixos, ocorrendo algumas exceções. O custo com matéria-prima é um exemplo de custo direto e variável, sendo direto em relação ao produto final e variável em relação ao desembolso, pois, a produção pode ser maior ou menor em determinado período de tempo. Já o aluguel exemplifica o custo fixo e indireto, sendo fixo por se manter estável independente do volume de produção e indireto, pois é impossível de medir diretamente aos produtos finais.

2.2 Sistema de custos tradicionais

Segundo Martins (2008, p.23) "a contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira, quando da necessidade de se avaliar estoques na indústria, tarefa essa que era fácil na empresa típica da era do mercantilismo".

A contabilidade financeira preocupava-se apenas com o levantamento dos estoques físicos confrontado com a apuração dos valores monetários, ou seja, o valor de compra. Mas, com o advento das indústrias, não seria tão fácil à obtenção dessas informações, pois o valor de compra foi substituído pelo valor de fabricação, onde o custo do produto passou a ser composto pelos valores de produção utilizados na sua obtenção. Com isso a contabilidade gerencial ganhou importância, passando a auxiliar no controle e na tomada de decisões gerenciais sendo os sistemas tradicionais de custos adaptados às necessidades das empresas.

Destacam-se como métodos tradicionais, segundo Martins (2008, p.37 e 198):

a) Custeio por Absorção, consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos.

b) Custeio Variável ou Direto, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado.

Para Nakagawa (1994), nos sistemas de custos tradicionais o produto é o foco do processo de custeio. Os custos são alocados até o produto, porque se considera que cada produto consuma os recursos. As bases de alocação convencionais medem, portanto, apenas os atributos de cada item individual do produto, como por exemplo, os valores da mão-de-obra, horas de máquina ou as despesas com materiais consumidos, conforme se pode perceber na seguinte representação:

RECURSOS à PRODUTOS OU SERVIÇOS

Este sistema de custeio é bastante criticado no que diz respeito ao cálculo dos custos indiretos, devido à subjetividade na escolha da forma de rateio, causando muitas vezes o supercusteamento ou o subcusteamento dos produtos ou serviços analisados.

2.3 Sistema de custos ABC

"O Custeio Baseado em Atividades, conhecido como ABC (Activity-Based Costing,) é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos", define Martins (2008, p.87).

Na visão de Santos & Schmidt (2006) o custeio por atividade tem como característica básica à apropriação aos produtos e serviços de todos os custos diretos e indiretos, sejam eles fixos ou variáveis. Este sistema de custeio tenta direcionar da melhor forma, principalmente, os custos indiretos aos produtos.

Uma das vantagens do Custeio ABC é a atribuição coerente dos custos indiretos aos produtos, com o consumo de recursos para a execução das atividades necessárias (OLIVEIRA & PEREZ, 2000).

Para Nakagawa (1994) neste método de Custeio ABC, os recursos são consumidos pelas atividades necessárias ao funcionamento da empresa. Sendo necessária a identificação das atividades que geram gastos e acúmulo dos custos e despesas, para que em seguida sejam repassados aos produtos, à medida que os bens e serviços consomem cada atividade.

Em concordância, Ruschel (2010) define que no Custeio ABC, primeiro é identificado os custos unitários com as atividades operacionais por centros de custos e depois, agregados aos produtos e serviços, através destas atividades e seus direcionadores, permitindo assim uma precisão maior nos resultados finais.

Com base nas citações anteriores, pode-se concluir que o sistema de custeio ABC concorda com os sistemas tradicionais no que se refere à alocação dos custos diretos, mas discorda com relação ao rateio dos custos indiretos, devido à arbitrariedade com que são escolhidas as formas de rateio, ocasionando em registros muitas vezes irreais e dificultando na tomada de decisões.

Ao se analisar os conceitos apresentados, o custeio ABC é considerado como uma ferramenta utilizada na gestão de custos, permitindo uma visão e análise gerencial e auxiliando na tomada de decisões. Observa-se também que o custeio baseado em atividades é um método de custeio em que os custos, inicialmente, são atribuídos a atividades e depois aos produtos, com base no consumo das atividades.

O ABC é comumente chamado de modelo oposto ao sistema convencional, pois é o retrato da realidade, corrigindo as distorções do processo, serviços e custos dos produtos e medindo o custo de consumo somente num período determinado (NAKAGAWA, 1994).

Ao conceituar o Custeio ABC, torna-se importante destacar as palavras de Brimson (1996), onde ele esclarece que os custos de uma empresa podem deixar de ser competitivos, influenciando na tomada de decisões insatisfatórias por parte dos gestores. Por isso, gerenciar os custos através do modelo baseado nas atividades define uma empresa em termos de desempenho e custos de suas atividades específicas.

Comparando com os conceitos apresentados, observa-se que o conceito de ABC é muito simples, pois os produtos consomem atividades e as atividades consomem recursos.

RECURSOS --> ATIVIDADES --> PRODUTOS OU SERVIÇOS

Quanto à fórmula apresentada, pode-se destacar:

a) Os recursos são representados pelas despesas que impactam no dia a dia da empresa.

b) As atividades são as ações executadas pelas pessoas e/ou máquinas necessárias para obtenção dos produtos.

c) Os produtos surgem como conseqüência das atividades consideradas estritamente necessárias para fabricá-los e/ou comercializá-los, e como forma de atender as necessidades, expectativas e anseios dos clientes.

Dentro desse contexto, Brimson (1996, p.21) destaca: "as atividades devem ser realizadas com tanta eficácia em custos quanto possível", isto é, a empresa deve tentar produzir a um custo abaixo da média dos seus concorrentes, mas mantendo o nível de qualidade de seus produtos ou serviços igual ou superior ao deles.

O custo ABC mede os custos e o desempenho das atividades nos processos e na obtenção dos objetos de custos, fornecendo a relação dos custos através dos direcionadores para recursos, atividades e objetos de custos. Os direcionadores, por sua vez, são a medida de freqüência e intensidade de alocação de custos (OLIVEIRA & PEREZ, 2000).

O método de custeio ABC tem objetivo gerencial e estratégico para tomada de decisões e sua grande vantagem é enfocar os custos indiretos de produção e criar uma metodologia que os aloque aos produtos, processos e/ou outros objetos de custo, de acordo com os gastos provocados pelas atividades desenvolvidas pela empresa.

"O custeio baseado em atividades focaliza a atenção nas coisas que realmente são importantes – as atividades, - que custam dinheiro e que devem ser realizadas do modo mais eficiente possível, ou mesmo alteradas", afirma Maher (2001, p.280).

A grande vantagem do ABC é que se uma atividade só existe para se produzir um único produto, somente aquele produto receberá seu custo. Se por outro lado ela existe para beneficiar todos os produtos da empresa, todos receberão uma parcela do custo desta atividade de acordo com a demanda de cada uma pela mesma.

Na prática o custo ABC pode ter diversas aplicações citando-se, por exemplo, a análise estratégica de custos, a gestão de processos de Qualidade Total, a reengenharia de produtos e processos, a elaboração de orçamentos com base em atividades e a tomada de decisões estratégicas sobre terceirizações.

Em paralelo com o sistema ABC vem o gerenciamento baseado em atividades (ABM – Activity Based Management) que serve para análise das melhorias que ocorreram nos processos ou nas atividades. O aperfeiçoamento das atividades que consomem mais recursos ou que geram mais custos é exemplo de aplicação do ABM.

Os administradores que querem tornar seus produtos mais competitivos devem conhecer as atividades que são realizadas para produzi-los e os custos destas atividades, pois a redução dos custos de um produto implica na alteração das atividades que este produto consome (MAHER, 2001).

Ao se analisar os conceitos apresentados ao longo deste tópico, pode-se afirmar que o custo ABC no âmbito da abordagem gerencial facilita a determinação dos custos relevantes, proporciona uma melhor visualização dos fluxos dos processos e também permite uma melhoria nas decisões gerenciais, pois deixa de ter produtos "subcusteados" ou "supercusteados".

Com a utilização desse sistema de custeio baseado em atividades torna-se possível melhorar o desempenho das empresas permitindo a identificação dos pontos de desperdícios e a atuação nestes, a identificação das oportunidades de negócio, a análise se a fabricação de um produto é rentável ou se está sendo subsidiado por outro com menor custo de fabricação e o controle das despesas.

2.4 Custos da qualidade

2.4.1 Conceitos e classificações

Antigamente, contabilidade não distinguia os custos relacionados à produção com os gastos denominados "custos da qualidade", haja vista estes, até então, representavam um volume pequeno de gastos, bem como seus custos não se enquadravam nas antigas estruturas de contabilidade. Com a evolução das práticas voltadas para o controle da qualidade nas organizações, surgiu a necessidade, por parte da contabilidade, de também reconhecer e evidenciar adequadamente estes gastos.

Nesse sentido, de acordo com Feigenbaum (1994), a mensurabilidade dos custos da qualidade é reconhecida, como o papel central que exercem sobre o gerenciamento do moderno controle da qualidade total e o planejamento da estratégia empresarial das organizações.

O termo qualidade invadiu o meio empresarial, tornando-se comum encontrar empresas divulgando seus projetos voltados para produzirem produtos ou serviços com qualidade. Para alguns, qualidade é confiança, para outros, agilidade. A sua definição se estende dependendo do ramo e do contexto em que está inserida. Atender ou exceder as expectativas dos clientes é um bom exemplo desse termo (id).

Os custos da qualidade, por sua vez, tratam-se de uma ferramenta da gestão que - por meio da quantificação e análise de suas categorias de custos especificamente associados a investimentos e perdas no processo de obtenção da qualidade - contribuem para responder questões como: qual o valor da qualidade oferecido pela empresa, quanto custa à qualidade que está sendo obtida, quanto está custando à falta da qualidade para a empresa e como está o desempenho da empresa em qualidade (TOLEDO, 2002).

Silva Júnior (2000, p.108) define:

Custo da qualidade não é apenas o custo incorrido para se obter qualidade, nem o custo incorrido para o funcionamento do departamento de qualidade, mas os custos incorridos na criação do controle de qualidade, na prevenção, na avaliação e na correção do trabalho defeituoso. Portanto, estão incluídos nos custos da qualidade também os gerados pela não-qualidade.

Dentro desse contexto, os custos da qualidade podem ser considerados como os gastos associados ao sucesso e ao fracasso no processo de obtenção da qualidade, ou qualquer despesas de fabricação ou de serviços que excedam as despesas que teriam ocorrido caso o produto/serviço tivesse sido fabricado/oferecido com perfeição logo na primeira vez.

Os custos da qualidade referem-se a uma medida de custos especificamente associados com a realização ou não dos requisitos de produtos e serviços estabelecidos pelos contratos com os clientes, ou seja, a sua qualidade (PENIDO, 2003).

Com isso, os custos da qualidade são divididos em duas categorias, sendo elas os custos de controle e custos de falhas no controle, sendo o primeiro classificado como custos de prevenção e custos de avaliação, e o segundo como custos de falhas internas e custos de falhas externas (FEIGENBAUM, 1994). O quadro 1 a seguir resume a respectiva divisão:

Categorias

Segmentos

Custos de controle

- Custos de Prevenção

- Custos de Avaliação

Custos de falhas

- Custos de falhas internas

- Custos de falhas externas

Quadro 1 - Classificação dos Custos da Qualidade

Fonte: Silva Júnior (2000, p.109).

Quanto aos segmentos destacados no quadro 1, Motta (1997) classifica-os da seguinte forma:

a) Custos de prevenção são aqueles que visam evitar não-conformidades aos produtos/serviços, onde ações são realizadas para prevenir a ocorrência de falhas nos produtos ou nos serviços a serem produzidos/oferecidos. Alguns exemplos seriam: a capacitação de funcionários, as auditorias da qualidade e a manutenção preventiva de equipamentos.

b) Custos de avaliação são aqueles gastos com atividades desenvolvidas para verificar a conformidade das características dos produtos/serviços com os padrões de exigências dos clientes, devendo ser realizada do início ao fim do processo. Alguns exemplos seriam a inspeção da matéria prima e a realização de testes do produto.

c) Custos de falhas internas são os que ocorrem nas dependências da empresa, onde um produto não-conforme é detectado. São considerados estes tipos de custos o retrabalho, a repetição de testes, o refugo e o tempo ocioso provocado pela falta de qualidade.

d) Custos de falhas externas são os gastos com as falhas detectadas após a entrega ao cliente, sendo suas conseqüências as mais representativas, pois significa que o produto entregue estava abaixo das expectativas dos clientes. Alguns exemplos: as devoluções, a perda de vendas, os custos com garantias, as indenizações e os possíveis consertos.

Silva Júnior (2000) também considerada para classificação de custos da qualidade, os custos indiretos, aqueles difíceis de serem mensurados. Citando como exemplo: os custos para o cliente, sendo os custos que o mesmo arca por atrasos na entrega ou problemas de má qualidade; os custos por insatisfação do cliente, que existe ou não existe, pois não é possível o cliente estar "meio" satisfeito; e o custo da perda de reputação, gerado pela insatisfação do cliente pelo produto, sendo transferida para a empresa como perda de vendas.

Partindo dessas classificações, o devido registro e mensuração dos custos da qualidade, torna possível fazer análises que influenciarão nas tomadas de decisões dos administradores, seja para reduzir custos ou para implementar melhorias.

O conhecimento e análise dos custos da qualidade através de sua mensuração e registro pode ser uma importante ferramenta para tomada de decisões gerenciais. O acompanhamento destas informações evidencia a tendência do comportamento desses custos na forma de indicadores de desempenho e relatórios gerenciais, fornecendo subsídios às gerências na tomada de decisão em termos de onde investir se em prevenção, avaliação ou inspeção, e onde buscar respostas para as causas das falhas, de modo a maximizar a eficácia das ações de melhorias postas em prática.

Com isso é de extrema importância que as empresas tenham um Sistema de Qualidade que cumpra com suas atribuições, percebendo que os custos a cada fase do produto se tornam maiores. Portanto, a identificação de qualquer não-conformidade quanto mais cedo poderá evitar prejuízos maiores, uma vez que as falhas identificadas no processo de prevenção têm custos irrisórios, de mudanças com fácil adaptação. E as falhas encontradas na avaliação ainda não causam prejuízos maiores. Mas, se detectadas no processo de produção os custos podem ser relevantes. Agora, quando o cliente é quem detecta as falhas torna os prejuízos não mensuráveis, devido à insatisfação que será disseminada no meio em que ele convive.

É importante ressaltar que a relação dos custos de prevenção e de avaliação é inversamente proporcional aos custos das falhas internas e externas, pois quanto mais se gasta com atividades de prevenção e avaliação significa que serão despendidos menos custos com falhas de controle.

2.5 Integração do sistema de custeio ABC com o controle dos custos da qualidade

Um dos principais objetivos do controle dos custos da qualidade é estabelecer a melhor forma para reduzir custos; com isso, melhora-se o nível de qualidade, uma vez que eliminará as causas das falhas e perdas. Conhecer a relação entre as categorias de custos da qualidade e as relações de causa e efeito destes custos, faz com que o sistema de custos ABC se encaixe nas necessidades do sistema de custo da qualidade.

No atual ambiente competitivo, as empresas devem possuir um sistema que forneça informações eficazes de custos da qualidade, baseando-se em informações reais sobre como são consumidos os recursos da empresa pelas atividades relacionadas à qualidade e como os produtos consomem os custos destas atividades, com isso a melhor alternativa é o sistema de Custeio ABC.

De acordo com Motta (1997) os custos da qualidade não se referem apenas às atividades da área de qualidade, mas sim as atividades relativas ao custo da qualidade que também são desempenhadas por outras áreas, tais como, engenharia, manutenção, vendas, marketing. Identificar estas atividades e relacioná-las às categorias de custo da qualidade são tarefas indicadas à metodologia ABC, conforme se pôde perceber no contexto do referencial teórico.

A importância da integração do sistema ABC com o controle de custos da qualidade é evidenciada pela coincidência de objetivos de ambos, no que se refere ao processo de melhoria contínua. Essa metodologia ABC permite a análise e definição de atividades que agregam ou não valor aos produtos.

Ainda quanto à metodologia de integração, Ostrenga (apud Motta, 1997) destaca que os esforços com prevenção de falhas caracterizam-se como atividades que agregam valor ao cliente; e os custos com atividades de avaliação e perdas internas ou externas relacionam-se como atividades que não agregam valor. Com isso, o sistema de custos ABC pode diferenciar as atividades em nível de importância dentro do processo, e assim eliminar aquelas que não agregam valor e otimizar as que agregam.

Analisando as respectivas características do custeio ABC com a necessidade de controle de atividades relacionadas à qualidade, observa-se que os custos da qualidade se tornam mais precisos quando integrados ao sistema ABC, principalmente com relação aos custos de falhas internas e externas.

Neste aspecto, um exemplo seria o rejeito e o retrabalho, principais componentes destas categorias, que dependem do cálculo dos custos dos produtos por processos, pois caso ocorra uma falha, a informação é fornecida de forma acurada, mostrando quanto custa à perda de qualidade, o sucateamento ou o retrabalho deste produto.

Outro ponto importante da integração, observa-se nas atividades de prevenção e avaliação, que também são mais exatas quando integradas ao custo ABC, por se tratarem de atividades que geram custos indiretos, podendo ser apropriadas com base na mão de obra direta, conforme destaca Motta (1997).

Para a integração dos custos da qualidade com o sistema de custos ABC, enfatiza-se que devem ser realizadas algumas técnicas, também usadas na implantação de um sistema de custos ABC numa empresa (id). Tais técnicas estão sintetizadas no quadro 2 a seguir:

TÉCNICAS

POTENCIAIS RESULTADOS

1 - Mapeamento das atividades

Levantamento dos custos de atividades importantes dentro do enfoque gerencial e estratégico da qualidade, para obter informações precisas sobre os custos.

2 - Definição dos direcionadores de custos

Melhorar a visão do comportamento dos custos, estabelecer prioridades quanto às atividades e os objetos de custos, e obter alocação correta quanto ao consumo dos recursos e das atividades, classificadas como essenciais.

3 - Cálculo dos custos da qualidade via ABC

Maior praticidade para realização da tarefa.

4 - Divulgação dos relatórios do custo da qualidade

Melhora o gerenciamento dos esforços da qualidade, facilita a elaboração dos relatórios gerenciais e define prioridades para o programa de investimentos em qualidade das empresas.

5 - Auditoria do sistema de custos da qualidade

Verificação da conformidade e validade do sistema auditado, permitindo o feedback para ações corretivas no sistema.

6 - Gestão de melhorias e controle dos custos da qualidade

Eliminação de desperdícios e recursos gastos inadequadamente e incremento do valor agregado para o cliente e proporcionar uma maior lucratividade.

Quadro 2 – Técnicas realizadas na integração dos custos da qualidade com o custeio ABC

Fonte: Motta (1997, p.128).

Dentro do contexto apresentado, pode-se resumir que o sistema de Custeio ABC permite o fornecimento das informações necessárias e adequadas ao sistema da qualidade, permitindo aos gestores tomar as decisões corretas e com respostas rápidas, uma vez que visualizam melhor a oportunidade de negócios.

Entretanto, deve-se ter cuidado para que não sejam gastos recursos da empresa para obtenção de informações irrelevantes, pois deve existir um limite econômico para os custos das atividades de obtenção dos dados.

A integração do sistema de custos ABC com os custos da qualidade é viável e bem simples, principalmente quando a empresa já dispõe de um sistema ABC implantado e informatizado.

3. Conclusões

A intensa busca por melhor competitividade, fazendo com que as empresas venham a aderir novas tecnologias e métodos de administração objetivando produtos de baixo custo e alto nível de qualidade, exige das empresas um processo permanente de melhoria contínua quanto aos seus processos e controle de custos.

Nesse sentido o objetivo principal deste artigo foi verificar a contribuição da integração do sistema de custeio baseado em atividades (ABC) com os custos da qualidade para auxiliar na tomada de decisões gerenciais. Com objetivos secundários: i) destacar a importância do sistema de custos ABC para o cálculo dos custos da qualidade; e, ii) analisar as necessidades das empresas na busca de uma melhor utilização das informações geradas pelos sistemas de custos da qualidade.

Ao se comparar às disposições da literatura tanto sobre Custeio ABC quanto sobre os custos da qualidade observou-se que sua integração traz vários benefícios, por exemplo: o sistema ABC atende as necessidades das empresas no que se refere à contabilidade de custos, e representa o grande amadurecimento destes sistemas, devido a sua definição de alocar custos às atividades e alocar custos das atividades aos produtos, reduzindo assim o risco da alocação imprópria dos custos indiretos, como poderia acontecer caso fosse utilizado o sistema tradicional de custos.

Além do exemplo acima, observou-se também que o sistema de custeio ABC integrado aos custos da qualidade permite que seja calculado quanto custa controlar a qualidade, quanto custa às atividades de prevenção e de avaliação dos processos. Uma identificação e classificação coerente das atividades é tão importante quanto a própria alocação destes custos.

Dessa forma, diante do contexto apresentado, observou-se também que o controle sobre custos da qualidade tem como finalidade mensurar o custo de manter a qualidade e direcionar os esforços das equipes de aperfeiçoamento para melhoria contínua; por sua vez, o sistema de custos ABC visa calcular mais acuradamente os custos da empresa, fornecendo as informações necessárias para o melhor custeio de produtos e principalmente, proporcionar condições para uma adequada gestão e controle dos custos. Com isso, a integração do sistema de custos ABC com os custos da qualidade, permite que estes sejam utilizados como potenciais indicadores de desempenho, fornecendo informações acuradas e confiáveis, possibilitando assim decisões firmes por parte da gestão e definição de orçamentos e estratégias em bases sólidas.

Por fim, destacam-se como limitações deste artigo e recomendações de trabalhos futuros. Como limitação destaca-se o fato da presente pesquisa ter sido realizada apenas no contexto teórico, contudo, seus resultados podem servir de base para pesquisas empíricas diversas. Quanto às recomendações, dada a importância do tema, recomenda-se a realização de futuras pesquisas empíricas tendo como tema a integração do custeio ABC com o controle dos gastos com qualidade, de forma a comparar os seus resultados com os da presente pesquisa.

REFERÊNCIAS

BRIMSON, James A. Contabilidade por atividades: uma abordagem de custeio baseado em atividades. Trad Antonio T.G. Carneiro. São Paulo: Atlas, 1996.

FEIGENBAUM, Armand V. Controle da Qualidade Total: Gestão e Sistemas. Trad de Regina Cláudia Laverri. São Paulo: Makron Books, 1994. v1.

MAHER, Michael. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. Trad de José Evaristo dos Santos. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9ed, São Paulo: Atlas, 2008.

MOTTA, Sandro de A. Uma contribuição para o estudo da integração dos sistemas de custo da qualidade e de custeio baseado em atividades. Dissertação – Mestrado em Engenharia. Escola Federal de Engenharia, Itajubá: 1997.

NAKAGAWA, Masayuki. ABC Custeio Baseado em Atividades. São Paulo: Atlas, 1994.

OLIVEIRA, Luís M. PEREZ JR, José H. Contabilidade de custos para não contadores. São Paulo: Atlas, 2000.

PENIDO, Luciana da S. Custos da Qualidade. Disponível em: . Acesso em: 07 out. 2010.

RUSCHEL, Cláudio F. Custeio ABC: um sistema complexo, com custo x benefício desfavorável. Disponível em: . Acesso em: 04 out. 2010.

SANTOS, José L. SCHMIDT, Paulo. PINHEIRO, Paulo R. NUNES, Marcelo S. Fundamentos de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2006. v22.

SILVA JÚNIOR, José B. Custos: ferramentas de gestão. São Paulo: Atlas, 2000.

TOLEDO, José C. Conceitos sobre custos da qualidade. GEPEQ – Grupo de Estudos e Pesquisa em Qualidade. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos: 2002.

Fonte:|http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/contribuicao-d...

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