Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Utilizado em bens de luxo, como calçado, e vendido em todo o mundo, o couro “made in Bangladesh” é produzido num bairro pobre nos arredores da capital com uma total falta de respeito pelo meio ambiente e pelas pessoas que trabalham nesta que é uma das indústrias mais poluentes do mundo. 

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Couro intoxica Dakha

Artigos de luxo em couro vendidos em todo o mundo são produzidos num bairro pobre da capital do Bangladesh, onde trabalhadores, incluindo crianças, são expostos a químicos perigosos e muitas vezes feridos em acidentes horrorosos, segundo um estudo publicado recentemente.

Nenhuma das empresas de curtumes amontoadas no bairro de Hazaribagh, em Dhaka, trata as águas residuais, que contêm carne de animais, ácido sulfúrico, crómio e chumbo, deixando-as correr em esgotos a céu aberto e eventualmente chegar ao principal rio da cidade.

«As empresas de curtumes de Hazaribagh inundam o ambiente com químicos perigosos», afirma Richard Pearshouse, autor do relatório da Human Rights Watch. «Enquanto o governo tem uma atitude de não interferência, os residentes locais adoecem e os trabalhadores sofrem diariamente com a exposição a químicos perigosos», acrescenta.

Segundo Pearshouse, antes da publicação do estudo, pelo menos 90% do couro e artigos em couro produzidos no Bangladesh vinham de Hazaribagh, uma área da cidade com um odor nauseabundo onde cerca de 15 mil pessoas trabalham em empresas de curtumes.

A indústria de curtumes é uma fonte importante e em rápido crescimento do volume de exportações deste país pobre do Sul da Ásia, tendo registado vendas ao exterior de 663 milhões de dólares (cerca de 611 milhões de euros) no ano fiscal de 2011/2012, com a China, Coreia do Sul, Japão, Itália, Alemanha, Espanha e EUA como principais compradores.

«As empresas estrangeiras que importam couro produzido em Hazaribagh devem assegurar-se que os seus fornecedores não estão a violar as leis de saúde e segurança ou a envenenar o ambiente», indica o autor do estudo.

O Ministro da Indústria do Bangladesh, Dilip Baura, afirma que o governo está consciente da poluição e efeitos nefastos para a saúde em Hazaribagh e que os mesmos serão resolvidos com um plano para deslocalizar as empresas de curtumes para uma área fora de Dhaka em meados de 2013.

A Human Rights Watch afirma que a deslocalização para uma zona fora da capital estava inicialmente planeada para 2005, mas que o prazo foi falhado devido a atrasos burocráticos. O governo conseguiu ainda um adiamento do Supremo Tribunal para deslocalizar as empresas de curtumes para fora de Dhaka em 2009 mas depois ignorou a sentença quando o adiamento falhou, indica a organização de direitos humanos.

«Hazaribagh é um exemplo flagrante de como os governos podem ser indiferentes em relação aos cidadãos», sublinha Syeda Rizwana Hasan, diretora-executiva da Associação de Advogados Ambientais do Bangladesh. «Levantámos a questão várias vezes junto das autoridades, fizemos protestos contra as condições deploráveis mas nenhum governo deu qualquer passo positivo para as eliminar. A deslocalização das empresas de curtumes está em cima da mesa mas o governo está a atrasar isso, aparentemente para chegar a consenso com os donos das empresas e assegurar-lhe o máximo de benefícios», afirma a responsável.

Pearshouse, que realizou 134 entrevistas durante cinco meses de investigação em Dhaka, afirma que o ar e o solo estão «incrivelmente contaminados» em Hazaribagh. Viu residentes do bairro de lata a tomar banho em poças de água preta de tanta poluição.

Também concluiu que as crianças, algumas com apenas 11 anos, estão a trabalhar nas empresas de curtumes por cerca de 1.000 taka (cerca de 10 euros) por mês. São colocadas a fazer trabalhos perigosos, como mergulhar o couro em químicos, cortar o couro curtido com lâminas e operar maquinaria perigosa.

O Bangladesh exporta couro em bruto e produtos acabados em couro, a maior parte do qual calçado, incluindo sapatos de gama alta.

Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/41643/xmview/...

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