Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Da moda alfaiataria ao TNT: ternos, calças, camisas agora jalecos, máscaras e tocas

Dou meu depoimento pessoal à cerca do que foram essas quatro últimas semanas para o setor do vestuário do Sudoeste do Paraná, não diferente de qualquer outro setor no Brasil, que em menos de 48 horas num turbilhão de incertezas fizeram que os empresários se tornassem incrédulos e inertes por não saberem o que fazer.

Fomos nós, Sinvespar, novamente, nos unir e criamos no dia 17/3 o grupo de crise via whatsapp, a adesão inicial foi de 60% dos associados, hoje somos 95%, receptividade extraordinária, e não de estranhar, pois sempre foi característica do setor: a união e o protagonismo que sempre foi impar e passamos a nos ajudar mutuamente.

Paralelamente o Departamento Jurídico e Gerencia Sindical da FIEP abriu o grupo com os executivos dos sindicatos do Paraná. 

Neste curtíssimo espaço de tempo, tivemos que tomar decisões para um ano talvez. Uma maratona de incertezas a transpor. 

O primeiro problema enfrentado foi o “como fazer com as crianças, porque as escolas iam fechar e são mais de 78% de mulheres/mães e precisavam de soluções para deixar seus filhos e poder ir trabalhar”.

O segundo e já com ação tomada foi focada nos problemas internos, então, passamos a orientar de imediato, de fora para dentro, para que os empresários ligassem para os clientes para conhecimento da situação deles. Foi apavorante, mais de 90% ou cancelaram pedidos, ou pediram para postergar pagamentos ou simplesmente com a mesma dúvida dos nossos - “não soubemos o que fazer”.

Começamos assim nosso canal de crise, tínhamos como ferramenta simplesmente um celular, mas temos um grupo de empresários de tamanhos diversos de empresas e de condições, mas a situação similar no momento.

Três jovens empresários, sucessores, foram na primeira hora os que mais nos auxiliaram neste início, fizeram a diferença nos ajudando para podermos ajudar os outros. Nossa segunda geração de empreendedores fazendo a diferença neste momento difícil. 

As informações eram muitas e chegavam a toda hora, vinham diretamente dos QG’s de crise da CNI e da FIEP diretamente para nós, assim conseguíamos tomar decisões com mais segurança.

Do dia 23 ao dia 27 foram os dias mais difíceis, quando se tem mais de 7.900 pessoas empregadas e do dia para a noite tudo para, a área trabalhista era a emergência e o foco de todos, neste cenário, as equipes da FIEP foram excepcionais, e com muita rapidez já estávamos com várias opções legais que as empresas poderiam optar, e assim cada um pode analisar internamente o que seria o melhor ou mais adequado a fazer. 

E foi nessa semana “pesada”,  que veio uma oportunidade: uma empresa conseguiu um contrato com distribuidor nacional para produção de jalecos para rede hospitalar privada e em quatro dias, incluindo final de semana, o QG de crise do Sinvespar auxiliou a empresa no primeiro momento a ajudar buscar fornecedor de matéria prima e no dia 27 a buscar parcerias com indústrias na região. Inicialmente foram 12 que ao longo dos dias somam 38 empresas dos mais diferentes portes com aproximadamente mais de 2.000 pessoas  e que trabalham incansavelmente para atender a demanda. E assim começaram a vir outras oportunidades para atender o setor da saúde e nos motivou a ir de encontro, a busca. 

Sempre coloco a eles “façam os cálculos dos custos, se der prejuízo não peguem porque pode ficar pior, se empatar pensem bem, mas se der míseros centavos de lucro, peguem, porque pode ser a única coisa que teremos nos próximos 40, 50 dias”.

Ainda nesta semana tivemos que agir de forma política, intervimos com alguns municípios por terem decretado regras inflexíveis para funcionamento, porém, com diálogo conseguimos estabelecer protocolo de funcionamento para as nossas. Foi a mais turbulenta das semanas, mas passamos, e nós, nos dias mais exaustivos, passamos mensagens no nosso canal para nos despedir de mais um dia.  Armostrong nos acolheu com suas belas canções para o término de mais uma jornada.

Tudo nesta semana foi atípico, tivemos momentos de olharmos pra frente,  lançamos aquela campanha de valorização da indústria nacional, duas equipes de marketing de nossas empresas desenvolveram o material e em menos de 48horas estávamos nós todos startando para todos os grupos Brasil afora, percebemos então que mais e mais setores lançaram as suas. 

No  5º dia útil do mês de abril, era hora de pagar a folha de março, chegamos a mais um momento muito difícil onde os empresários tiveram que tomar decisões e comunicar aos colaboradores: para uns a demissão, outros a suspensão, outros a redução de jornada, nesse momento tínhamos a oportunidade de usar a MP936 como uma opção viável e capaz de evitar mais demissões em massa, mas no dia seguinte, 06/04, o STF conseguiu interpor decisões que tivemos novamente que correr. Em dois dias, os sindicatos laborais da região já assinavam conosco o acordo coletivo para validar a MP936.

Foi a semana de suspender temporariamente o contrato de trabalho para as pessoas do grupo de risco e de empresas que não estão no grupo de produtos para saúde e, infelizmente, tivemos demissões, mas conseguimos manter boa parte de todos, acredito que em torno de 6.500 pessoas estejam trabalhando ou com suspensão temporária. Ajustadas as condições trabalhistas, e hora de criar mais oportunidades.

Hoje temos empresas de maior porte que estão conseguindo contratos com clientes da área da saúde que subcontratam outras, e nesta segunda-feira, começamos bem, uma das nossas associadas conseguiu ganhar uma licitação do estado com mais de 3.5 milhões de máscaras, isso vai dar oportunidade para mais umas 400 a 500 pessoas trabalharem.

Passados um pouco mais de 20 dias desde o início deste período turbulento e, foram fabricadas e entregues milhões de máscaras de tecido, máscaras cirúrgicas, jalecos e de toucas, em vários cantos do país. Estes produtos saem  embalados para o mercado e junto com eles nossa esperança e acalento para este período turbulento se não dizer, atroz. Entraremos em nova fase, e estamos nos organizando novamente porque queremos mais. 

Faço este depoimento porque sei do quanto os empresários estão trabalhando, de como estão se ajudando e o quanto queremos mais para poder no mínimo termos o mês de maio podendo produzir e assim manter emprego, renda e quiçá sobrevivência dos negócios. 

A todos os parceiros em todos esses anos, a todas as pessoas que neste momento vieram de encontro para nos ajudar, as equipes da FIEP, das entidades locais, dos nossos diretores e de tantos outros que ainda estarão conosco.

                        

Assim, agradeço e peço para nos ajudar novamente e buscar oportunidades para nossas indústrias e assim poder nos ajudar mais pessoas e nossos negócios.

Exibições: 754

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Comentário de Júlio Cesar Silva Cardia em 5 junho 2020 às 19:55

Solange.

Preciso falar com você: cqvest@gmail.com 15 99201 0345

Comentário de Daniela Levy Casiuch em 18 abril 2020 às 18:42

Solange boa noite, tenho um grande pedido de máscaras e aventais. Por favor me envie seu contato para dcasiuch@gmail.com e assim podemos conversar. Obrigada Daniela 

Comentário de Joao Burim em 17 abril 2020 às 15:24

Capacidade temos. Mas, por comodismo ficamos muitos anos dependendo de produtos, as vezes duvidosos, da China. Essa oportunidade veio para ficar.

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço